Sabin cresce 15% e atinge faturamento de R$ 1 bilhão
Com coronavírus, laboratório de medicina diagnóstica prevê maior demanda por vacinas para gripe

Lídia Abdalla, do Sabin, que comprou 27 laboratórios em oito anos

Beth Koike, do Valor Econômico

Quinta maior rede de medicina diagnóstica do país, o Sabin atingiu faturamento de R$ 1 bilhão em 2019, com aumento de 15% sobre o ano anterior. Em 2020, a companhia – que possui quase 300 laboratórios no Brasil – pretende repetir esse percentual de crescimento. Parte da expansão pode vir do aumento na demanda de vacinas para gripe, um dos serviços ofertados pelo Sabin. O Ministério da Saúde antecipou em um mês a campanha de imunização e as empresas que concedem a vacina aos seus funcionários estão seguindo a recomendação.

“Em surtos anteriores, houve um aumento entre 30% e 40% na procura por vacinas. A medida do governo é positiva porque também ajuda a prevenir outros tipos de gripe”, disse Lídia Abdalla, presidente do Sabin, fundado em Brasília.

A companhia pretende investir neste ano R$ 145 milhões em expansão orgânica e aquisições, e outros R$ 30 milhões em inovação. Em 2019, o investimento foi um pouco menor, de R$ 170 milhões. Esse valor incluiu a aquisição de 30% da Amparo, rede de clínicas de atenção primária.
Segundo Lídia, a companhia prossegue, neste ano, com o trabalho de integração das empresas adquiridas. Nos últimos oito anos, o Sabin adquiriu 27 laboratórios, desembolsando R$ 36 milhões. Em 2019, foram duas transações. “Em 2020, vamos reorganizar a casa, mas continuamos avaliando oportunidades para aquisições”, disse a executiva.

De acordo com Lídia, por enquanto não é possível mensurar os impactos do novo coronavírus. “Ainda não há uma epidemia no Brasil, mas o número de casos deve crescer como vem ocorrendo em outros países. Estamos preparados para atender a demanda”, disse. Na semana anterior ao Carnaval, o Sabin fez apenas dois exames de diagnóstico para a doença, mas, com o anúncio do primeiro caso positivo, a demanda cresceu para cerca de três testes por dia.

Os laboratórios de medicina diagnóstica, fabricantes de vacinas e insumos de proteção para doença podem se beneficiar desse cenário. Não à toa, nas bolsas do mundo todo, essas empresas têm sido uma das poucas a registrar alta em suas ações. Na B3, nos cinco pregões desde a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil, os papéis do Fleury acumularam alta de 8,5%. a Hermes Pardini teve valorização de 3,4% e a Alliar ganhou 2,77%.

Os laboratórios começaram, na semana passada, a ofertar exames para detectar o novo coronavírus. O serviço é oferecido em hospitais e em domicílio e já há uma disputa de preço entre as empresas. As redes de medicina diagnóstica não estão realizando o exame em suas próprias unidades para evitar a criação de focos de contaminação.

O exame para detecção do novo coronavírus ainda não tem cobertura dos planos de saúde. Segundo fontes, a Agência Nacional de Saúde Suplementar, o Ministério da Saúde e operadoras de convênio médico estudam essa possibilidade. Em 2016, com o surto do vírus Zika, a agência fez uma inclusão extraordinária no rol de procedimentos obrigatórios para que o teste fosse coberto.