UFRJ propõe novas medidas para diminuir propagação do coronavírus
Para cientistas, é preciso reduzir aglomerações e fazer adequações dos transportes públicos frente ao aumento de casos de COVID-19

Da Redação

Nesta terça-feira (26), o Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da COVID-19 da UFRJ emitiu nota em que pontua ser preciso diminuir aglomerações e fazer adequações dos transportes públicos por conta do crescimento de casos do novo coronavírus.

“Os serviços de transporte público no Rio de Janeiro não vêm sendo desenvolvidos por meio de estratégias intersetoriais que possam responder melhor às demandas de enfrentamento da pandemia. Caso o fossem, não se observaria o comportamento de redução de oferta de transporte em um momento como este, que consequentemente provoca um aumento de lotação inesperado e indesejado para o período. Junta-se a isso a falta de normas e fiscalização dos espaços públicos (praias, parques, festas, dentre outros), os quais, juntos, contribuem fortemente para amplificar a infecção pelo SARS-CoV-2”, aponta o grupo de pesquisadores da UFRJ, coordenado pelo professor Roberto Medronho.

Para os cientistas, o poder público precisa estar atento a ações de médio e longo prazo sobre mobilidade urbana considerando um planejamento municipal racional, porque outras pandemias podem vir. Os professores salientam, ainda, que é preciso redesenhar a rede de transporte público tendo em vista a inclusão de locais em que as prefeituras pretendam promover o desenvolvimento em um futuro próximo, ofertando opções de trabalho mais próximas de onde as pessoas moram. Ampliar a rede de ciclovias com segurança aos usuários e oferecer transporte público para uso geral da população são ações prioritárias.

O grupo interdisciplinar de pesquisadores propõe seis ações imediatas para atenuar os riscos de propagação da doença, considerando a oferta de transporte público e as aglomerações. Entre as medidas está a “avaliação da decretação de restrição intensiva de mobilidade, caso o cenário epidemiológico da doença se mantenha ou se agrave”.

Confira as medidas propostas:

  1. Escalonar os horários de expediente, distribuindo melhor o fluxo de pessoas nos horários disponíveis nos diferentes modais de transporte sem ter que aumentar muito a frota de veículos. Para isso, é necessário definir com o setor produtivo a melhor organização dos horários.
  2. Garantir que ocorra a renovação de ar nos diferentes veículos utilizados para o transporte público, por exemplo, por meio da troca de janelas por persianas fixas, permitindo melhor circulação do ar.
  3. Implantar linhas de curta distância com veículos menores e apropriados, que ofereçam mobilidade e disponibilidade próxima à residência das pessoas, provocando a consequente diminuição de exposição. Isso poderá implicar na melhoria da infraestrutura do transporte, que partiria da mudança para uma nova matriz de origem x destino.
  4. Suspender a realização de eventos, sejam sociais, esportivos ou culturais, que provoquem aglomerações;
  5. Fiscalizar rigorosamente os locais e estabelecimentos que provoquem aglomerações;
  6. Avaliar a decretação de restrição intensiva de mobilidade, caso o cenário epidemiológico da doença se mantenha ou se agrave.