Breno Monteiro destaca que a saúde se mantém como um polo gerador de oportunidades
Da Redação
Mesmo com a crise econômica provocada pela pandemia, o setor de saúde mostrou a sua força e a capacidade de resiliência. Prova disso é que fechou 2020 com um superavit de 110.799 postos de trabalho. O resultado superou inclusive a projeção da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) de saldo positivo de 100 mil empregos. Agora os indícios são de uma melhora do cenário econômico do país. Levantamento da CNSaúde, a partir de dados do Caged, registram que, de janeiro a abril, o setor já registrou um saldo positivo de 120.244 de empregos gerados. Resultado maior do que todo o ano passado.
Para o presidente da CNSaúde, Breno Monteiro, os números do setor indicam um cenário macroeconômico melhor do que o do ano passado. Além disso, em um momento em que o país ainda sofre com uma elevada taxa de desemprego, a saúde se apresenta como um polo gerador de oportunidades para todos os níveis de instrução. Profissionais com o ensino médio, por exemplo, respondem por 70% das contratações.
Ainda assim, saúde enfrenta enormes desafios, como a elevação de custos provocada pela inflação de insumos essenciais e a cotação do dólar. São fatores que estrangulam a capacidade de investimento de um setor que já tem 37% do total de seu custo dedicado a salários e encargos de pessoal. Ainda assim, a saúde privada responde por 57% de tudo que é investido em um segmento que hoje representa quase 10% do PIB brasileiro.
Segundo Pedro Bueno, a empresa busca integrar serviços de baixa e alta complexidade
Da Beth Koike, do Valor Econômico
Dentro de sua estratégia de participar dos vários elos da cadeia de saúde, o Grupo Dasa fechou a aquisição de 100% do Hospital da Bahia, em Salvador, por R$ 850 milhões. A transação marca ainda a entrada da companhia na capital baiana, onde sua rede medicina diagnóstica detém a liderança de mercado.
Hoje, o grupo tem hospitais em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Maranhão. “Nosso propósito é integrar desde a baixa complexidade até a alta complexidade. Com o hospital da Bahia e os laboratórios Leme e Image, que são do grupo, temos um ecossistema integrado”, disse Pedro Bueno, presidente do Grupo Dasa.
É a primeira grande aquisição após o “re-IPO” (oferta de ações para empresas já listadas) da companhia, que levantou R$ 3,3 bilhões em abril.
Com receita de cerca de R$ 300 milhões e 309 leitos operacionais, o Hospital da Bahia era uma dos ativos mais cobiçados há anos, entre outros motivos por estar localizado em Salvador.
Em 2016, o conglomerado chinês de investimentos Fosun esteve próximo de adquirir o controle do hospital. A meta era criar uma rede de hospitais no país, mas após um ano e meio de negociações os fundadores desistiram devido às incertezas dos chineses.
O valor da transação representa um múltiplo de 13 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Cada leito foi avaliado em R$ 2,4 milhões considerando nessa conta que hospital abrirá mais 111 leitos. A negociação envolveu ainda a quitação de uma dívida que o Hospital da Bahia tinha com a Petros, fundo de pensão da Petrobras, levantada para construção do empreendimento em 2006.
A Dasa também anunciou, em maio, a compra da corretora Case, que faz serviços de corretagem e consultoria de gestão de planos de saúde para empresas que oferecem o benefício a seus funcionários. Com isso, o Hospital da Bahia e a corretora Case somam um investimento de mais de R$ 1 bilhão.
A Dasa iniciou o processo de criação uma plataforma de saúde em 2017, mas essa diversificação ficou mais visível a partir de novembro de 2019, quando foi anunciada uma integração da rede de medicina diagnóstica da Dasa com os hospitais da Ímpar — ambos controlados pela família Bueno.
Após essa junção dos ativos, a companhia iniciou um forte processo de aquisições de hospitais, corretoras, laboratórios e empresa de gestão de saúde. A maior transação, até o momento, é a compra do Hospital Leforte, que tem três unidades em São Paulo, por R$ 1,7 bilhão.
No total, a companhia já investiu R$ 8 bilhões em aquisições, expansão orgânica e tecnologia para criação de um ecossistema de saúde.
De acordo com Jeane Tsutsui, as aquisições fazem parte da estratégia da companhia de expansão
Da Betk Koike, do Valor Econômico
O Fleury, segunda maior rede de medicina diagnóstica que também está diversificando seu negócio, anunciou ontem a aquisição dos laboratórios Pretti e Bioclínico, ambos do Espírito Santos, por R$ 315 milhões.
Com receita bruta de R$ 53,6 milhões e 25 unidades, o Pretti foi avaliado em R$ 193 milhões. Já o Bioclínico, que apurou um faturamento de R$ 43 milhões e tem 33 laboratórios, foi adquirido por R$ 122 milhões. “A transação marca a nossa entrada no Espírito Santo. As duas empresas atuam com análises clínicas, mas enxergamos oportunidade para oferecer exames de imagem também”, disse Jeane Tsutsui, presidente do Fleury. A companhia passa a ter presença em nove Estados e Distrito Federal.
A executiva destaca que a transação faz parte da estratégia da companhia de se expandir via aquisições tanto de laboratórios, sua principal fonte de receita, como de outros negócios de saúde. Em abril, o Fleury comprou o controle da clínica de fisioterapia e ortopedia Vitta, de São Paulo, por R$ 136 milhões.
Jeane lembrou ainda que, nos últimos cinco anos, o Fleury fez 12 aquisições que juntas somaram R$ 1 bilhão e acrescentaram uma receita de R$ 500 milhões à companhia. No ano passado, o grupo apurou um faturamento de R$ 3,2 bilhões.
A companhia não revela o múltiplo exato da mais recente aquisição. “Mas ficou um pouco acima das transações anteriores, que foram entre 7 e 8,5 vezes Ebitda”, disse Fernando Leão, diretor de relações com investidores do Fleury. Ele explicou ainda que os negócios de análises clínicas têm margem maior e por isso as aquisições do Pretti e do Bioclinico ficaram acima das transações anteriores, cujos ativos tinham também exames de imagem. As compras dos laboratórios do Espírito Santo foram realizadas com recursos do caixa, que hoje é de R$ 600 milhões.
A companhia tem no radar cerca de cinco ativos para aquisição, com negociações em estágios distintos, e possibilidade de levantar recursos caso seja necessário. Hoje, o endividamento do Fleury é de apenas uma vez o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). “No ano passado, no começo da pandemia, fizemos duas captações para atravessar possíveis crises. Temos um colchão de liquidez”, disse Leão.
No ano passado, a companhia captou um total de R$ 550 milhões via emissão de notas promissórias e Cédulas de Crédito Bancário (CCB).
Em sua estratégia de diversificação, o Fleury já investiu de forma orgânica ou por aquisições em clínicas de ortopedia, oftalmologia, infusão de medicamentos imonubiológicos, medicina reprodutiva, telemedicina, clínica médica de atenção primária, gestão de planos de saúde corporativos e em um “marketplace” (shopping virtual) de serviços de saúde para atingir também o público que não possui convênio médico. Atualmente, menos de 25% da população brasileira têm plano de saúde.
Segundo Jeane, as especialidades médicas que passaram a ser oferecidas pelo Fleury podem ter sinergias com a área de medicina diagnóstica, uma vez que os tratamentos demandam exames. O objetivo é que os procedimentos médicos sejam realizados todos numa mesma plataforma.
Gabrielle Ferreira, 29, é mais uma pessoa a fazer parte da estatística que aumenta as esperanças no meio dessa pandemia. Depois de mais de dois meses internada no Glória D’Or, sob os cuidados da equipe do pneumologista David Nigri, devido à covid, ela recebeu alta na última desta sexta-feira (28). A ida para casa mereceu uma verdadeira festa da equipe do hospital e dos familiares. Gabrielle correu risco de morte por quase três semanas e ficou mais de trinta dias em tratamento por ECMO, equipamento que funciona como se fosse um pulmão artificial.
Irmão da paciente, o também pneumologista Gabriel Santiago acompanhou o quadro desde o início e a viu rapidamente evoluir para um caso grave. Após dez dias de sintomas leves de Covid, Gabrielle começou a registrar, no dia 22 de março, uma brusca queda da saturação de oxigênio, bem como um forte cansaço. Ela então foi encaminhada para o hospital, onde ficou internada por 68 dias. Gabriel relata que já no dia 23 a irmã apresentou uma piora muito grande e, no dia seguinte, precisou ser intubada. “Em menos de uma semana ela desenvolveu pneumotórax (presença de ar entre as duas camadas da pleura, que pode provocar o colapso do pulmão) e precisou ser submetida a ECMO”, conta.
Mesmo intubada, o pulmão não conseguia mais cumprir a sua função e a saturação permanecia muito baixa, por isso a única opção foi utilizar o “pulmão artificial”. Ainda assim, as quatro semanas seguintes foram de enorme preocupação, com grande risco de morte para paciente devido às inúmeras complicações por causa da covid. Felizmente, há três semanas, ela começou a dar sinais de melhora e de resposta ao tratamento e a evolução surpreendeu toda equipe médica. “Quem viu a minha irmã um mês atrás na UTI não acreditaria que hoje ela está recebendo alta”, comemora Gabriel, que conta que a partir de agora ela vai passar por um longo período de reabilitação, com sessões diárias de fisioterapia.
O diretor do hospital, Bruno Queiróz, destaca que o caso dela motiva ainda mais toda a equipe a continuar se dedicando no combate a essa doença. “Foi um caso muito grave, mas que teve um desfecho feliz. Toda a equipe que acompanhou o caso da Gabrielle está comemorando a sua alta”, afirma.