A saúde suplementar gera, a cada semana, em média, 20 pautas para o noticiário dos grandes veículos de imprensa. Planos de saúde, fusões e aquisições entre empresas, investimentos de hospitais, clínicas, laboratórios, operadoras de saúde, administradoras de benefícios, corretoras e healthtechs, além de inovações em tratamentos são temas recorrentes. No entanto, a despeito da extensa cobertura e do fato de que essa dinâmica esteja documentada em diferentes plataformas setoriais ou empresariais, quem quiser formar uma visão do conjunto terá dificuldade em encontrar determinados dados sistematizados de forma compreensiva, atualizada e periódica.
Tome-se, por exemplo, a questão dos investimentos. Há uma enorme dificuldade em apurar os montantes envolvidos, o que foi realizado e o que é projetado, o que é destinado a aquisições ou à expansão orgânica. Mais complicado ainda é encontrar análises que permitam entender a dinâmica geral e de cada uma das principais empresas, descobrir se o crescimento desta ou daquela se deu por aquisição ou por expansão orgânica, ou saber como determinado modelo de negócios ou posicionamento de produto afetou o resultado.
É visível, para quem acompanha o noticiário, que há um processo de consolidação no setor, nos três segmentos principais, que são operadoras de saúde, hospitais e laboratórios. Mas não se veem os dados mais completos que corroborem e deem a medida desse processo. Segundo a base de dados da ANS, há hoje 1.171 operadoras em atividade. Para que esse número ganhe significado, é preciso analisar a sua evolução (quantas havia há 15, 10 e 5 anos) e decompô-lo. Por exemplo, verificando qual a participação de mercado (medida por beneficiários ou por receita) das 15 maiores operadoras e o histórico dessa participação. Indo além, seria interessante discriminar, no processo de consolidação em andamento, como evoluíram, por exemplo, as participações de mercado das empresas com redes abertas versus empresas verticalizadas.
Na área de hospitais, qual o ranking consolidado das 15 principais empresas por número de leitos (nacional e por região)? Qual a participação dessas empresas no que se refere ao conjunto de leitos privados? Qual a dinâmica mais geral desse mercado (escala, especialização, filantrópicos x empresariais, pequenos x grandes, etc.)? Sistematizar periodicamente esses dados e analisar as principais tendências pode favorecer a cobertura do setor, com ganhos para todos os segmentos envolvidos. O Núcleo de Saúde da SP4 Comunicação (Tonico Galvão, Jeanne Pilli, César Nogueira e Carlos Moura) procurará dar sua contribuição para preencher essa lacuna, publicando em diferentes plataformas, a partir de abril, alguns desses indicadores, para que o trabalho setorial se fortaleça cada vez mais em prol de uma saúde acessível e de qualidade para todos.