BC deverá reduzir a taxa Selic em 0,50 p.p, até agosto, projeta Paraná Banco Investimentos
Se os juros dos países desenvolvidos, principalmente os EUA, continuarem no patamar atual por muito tempo, é improvável que o nosso Banco Central possa reduzir a Selic abaixo de 9%

Banco Central do Brasil (Foto: Reuters/Amanda Perobelli)

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne, na próxima terça-feira, 19 de março, para decidir sobre a taxa Selic. De acordo com o Paraná Banco Investimentos, a taxa terá mais uma redução de 0,50 p.p., passando para 10,75%.

Segundo Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, o BC deve adotar um tom mais cauteloso nesta reunião, retirando o comprometimento de novas quedas de mesma magnitude nas próximas reuniões, trazendo mais tranquilidade para o colegiado diminuir os ritmos de corte, caso necessário. Isso porque a inflação vem surpreendendo negativamente as expectativas do próprio Banco Central, que nos últimos três meses (dezembro, janeiro e fevereiro) foi acima do projetado pela instituição.

O cenário internacional ainda é incerto, com os Bancos Centrais das principais economias sem saber ao certo quando irão começar os cortes de juros. Se os juros dos países desenvolvidos, principalmente os EUA, continuarem no patamar atual por muito tempo, é improvável que o nosso Banco Central possa reduzir a Selic abaixo de 9%.

“Infelizmente, o efeito da queda dos juros só irá refletir no bolso dos brasileiros alguns meses à frente, isto porque os empréstimos são precificados pela expectativa de quanto vai estar os juros daqui 1 ou 2 anos. Com os desafios fiscais do Governo, que projeta novamente um déficit fiscal em 2024, a expectativa de juros no longo prazo está acima de 10%, fazendo com que os empréstimos aos brasileiros se mantenham com a mesma taxa, mesmo com a queda da Selic.”

Sobre o IPCA, que apresentou alta acima do esperado em fevereiro, Oliveira explica que é normal o mês de fevereiro ser de alta inflacionária, principalmente pelo setor de educação, que reajusta suas mensalidades no início do ano. Porém, a inflação de serviços segue acima dos 5%, o que preocupa e pode ser o principal desafio para o Banco Central continuar o ritmo de queda na Selic, sendo assim o IPCA de 2024 deve fechar em torno de 3,9%, acima do centro da meta do BC.

Em relação ao câmbio, o dólar deve terminar o ano de 2024 em torno de R$ 4,90, a depender muito da competitividade de investimentos no exterior. Se os juros americanos continuarem altos e as bolsas americanas continuarem subindo, teremos uma saída de investimentos do Brasil, que pressiona a nossa moeda.

Para os investidores, Oliveira diz que a renda fixa ainda é a melhor opção, porém recomenda-se os papéis pós-fixados neste cenário de incerteza quando a Selic no longo prazo.