Academias nacionais de medicina de Brasil e França debatem o desafio de envelhecer bem

Evento sobre envelhecimento
Richard Villet e Bernard Charpentier, respectivamente, secretário e vice-presidente da Fundação da Academia Nacional de Medicina da França e Gilberto Ururahy, diretor médico da Med-Rio Check-up

O aumento da expectativa de vida do homem é um fato que precisa ser celebrado. Estamos vivendo mais. Entretanto, a longevidade também traz para a sociedade desafios que foram discutidos ao longo da manhã desta quinta-feira no Intercâmbio Franco-Brasileiro sobre o Melhor Envelhecimento, promovido pelas Academias Nacionais de Medicina do Brasil e da França.

Os dados apresentados pelo vice-presidente da Fundação da Academia de Medicina da França, Bernard Charpentier, sobre o crescimento do número de idosos entre os europeus, nortearam um rico debate, que contou com a presença do presidente da ANM, Jorge Alberto Costa e Silva, do professor Alain Franco, do professor de geriatria da Universidade Sorbonne Joël Belmin, da geriatra e coordenadora do Núcleo de Atenção ao Idoso da UERJ, Luciana Motta, e do diretor médico da Med-Rio Check-up, Gilberto Ururahy. Bernard fez paralelos, a partir de um relatório da Science Advice for Policy by European Academie sobre envelhecimento no Velho Continente, entre o cenário da longevidade francesa e europeia.

Hoje, a média de expectativa de vida francesa supera a europeia. Enquanto que os franceses estão vivendo até os 83 anos, a longevidade do europeu fica em torno dos 78 anos. Até 2050, a previsão é de que o país do Louvre registre uma média de vida de 87 anos, enquanto que no continente será de 83 anos.

Para além da constatação inevitável de que as pessoas estão vivendo mais, Gilberto Ururahy relatou que o que vem chamando atenção em suas clínicas é o perfil dos idosos atuais. São pessoas que alcançam a terceira idade mantendo disposição e se preocupando com a saúde. “Eles se alimentam equilibradamente, viajam e praticam exercícios físicos com regularidade. São pessoas que não veem a velhice como um impedimento para aproveitar a vida”, comentou.

Nesse sentido, é fundamental investir em prevenção para garantir que as pessoas alcancem a terceira idade com autonomia. Não é apenas uma questão de viver mais, mas de viver bem, que passa pelo estilo de vida do indivíduo. “O caminho da longevidade com autonomia passa pela prevenção. Conhecer os fatores de risco para a saúde e combatê-los é a forma mais eficaz de se viver mais e melhor”, afirma Gilberto.

Entretanto, outra questão relevante nesse debate é a inserção do idoso na sociedade. Bernard observou que ainda há muita discriminação no mundo por causa da idade. Ele criticou a falta de políticas que estimulem a inclusão dessa parcela da população. Segundo ele, o envelhecimento traz diversas oportunidades que devem ser aproveitadas tanto por governos e empresas quanto pelo próprio indivíduo. São pessoas que acumularam sabedoria e conhecimento ao longo de décadas, que alcançaram uma satisfação pessoal e que podem buscar novas carreiras e experiências de vida.

Mercado em ascensão

O diretor médico da Med-Rio ainda observou que o aumento da longevidade provoca, inclusive, novas demandas no setor médico e citou como exemplo a busca por consultórios de geriatras. Ele relembrou que o cenário hoje é bem distinto do de 30, 40 anos atrás, quando  a procura era muito pequena. “Hoje, é normal ouvir um familiar falar que está indo se consultar com um geriatra. E como a expectativa de vida vai continuar aumentando nas próximas décadas, então a procura por essa especialidade vai ser ainda maior”, destacou.