Uma mutação ocorrida em uma proteína do vírus da zika pode ter contribuído para as recentes epidemias ocorridas na Polinésia Francesa (entre 2013 e 2014) e na América do Sul (de 2015 a 2016). É o que sugere um estudo da Nature publicado nesta quarta-feira (17).
De acordo com a pesquisa, a proteína não-estrutural 1 (NS1) facilita que mosquitos Aedes aegypti sejam contaminadas por flavivírus (família de vírus que inclui o zika) após picarem mamíferos e, subsequentemente, aumenta esta prevalência viral nestes insetos transmissores da doença.
Uma mutação nesta proteína, porém, permite uma maior aquisição do vírus pelo mosquito, bem como sua secreção viral. Ou seja, potencializa a infeccisiosidade do vírus da zika no inseto.
O experimento se deu com ratos, que foram picados por mosquitos com cargas virais de diferentes linhagens de zika. Naqueles em que o flavivírus possuía a proteína NS1 modificada, a prevalência de infecção foi substancialmente maior do que naqueles em que a proteína NS1 não foi alterada.
Segundo os pesquisadores, tal mutação aparentemente surgiu em por volta de 2013.
Epidemia de zika no Brasil
O país passou a notificar compulsoriamente os casos do vírus da zika, após a relação entre a infecção pelo vírus e o nascimento de crianças com microcefalia, em outubro de 2015, quando foi decretada uma epidemia nacional.
Em 2016, o vírus da zika atingiu 215.319 notificações -no ano anterior, não havia registro de casos prováveis da doença. Os Estados com maior número de casos foram Rio de Janeiro, com cerca de 68 mil registros, Bahia e Mato Grosso, com 52 mil e 22 mil casos, respectivamente.
Contudo, houve redução de casos em 2017, quando o país registrou 7.911 casos de zika, uma queda de 95,3% em relação ao mesmo período no ano passado.