A saúde precisa trabalhar com dados assistenciais, defende Claudio Lottenberg

Lottenberg apontou que o descaso com a avaliação de performance gera desperdícios

O presidente do UnitedHealth Group Brasil, Claudio Lottenberg, afirmou que o setor de saúde precisa aprender a trabalhar mais com dados assistenciais e menos com dados de produção e econômicos. A crítica foi feita durante o fórum promovido pelo jornal O Globo, na manhã desta terça-feira (15), para debater novos modelos de saúde. Na visão de Lottenberg, o setor não trabalha adequadamente com índices de performance. “Há a preocupação com quantos partos se faz, mas não há a preocupação com o tipo de parto ou com a taxa de infecção de determinados hospitais”, avalia.

Para ele, as organizações deveriam ser remuneradas conforme o cumprimento de metas de qualidade e a falta de percepção do setor a respeito das performances é um dos fatores que provoca o desperdício.Ele lembrou que, quando foi secretário municipal de saúde de São Paulo, verificou que havia hospitais da rede em que o tempo de permanência do paciente era de 12 dias, taxa muito superior da que se observava na rede privada. “Dados assim indicam que há algo de errado”, observa.

Ele defende que a interpretação dos dados de práticas assistencias pode oferecer uma enorme contribuição para o sistema de saúde. “É muito ruim discutir saúde falando somente sobre dinheiro. Não adianta ter recursos financeiros e não trabalhar de uma maneira que ofereça serviços seguros”, pontua.

O encontro foi o primeiro de uma série de três seminários que vão debater os “Novos Modelos para a Saúde”. O evento inaugural teve foco nos desafios da Saúde Pública e da Saúde Suplementar e também contou com a participação do ministro da Saúde, Ricardo Barros, da professora da UFRJ Lígia Bahia e do superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Luiz Augusto Carneiro.