Foi inaugurado nessa segunda-feira (27), no Rio de Janeiro, o novo Centro de Diagnóstico do Câncer de Próstata do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), que deve realizar 3,6 mil biópsias por ano. Governo federal, estado e município investiram R$ 2,8 milhões nos equipamentos, obras e profissionais. O centro será o primeiro da rede pública no estado a realizar o procedimento de biópsia com sedação do paciente, como já ocorre na rede privada.
Coordenador do centro, o urologista Franz Campos destacou que um homem morre de câncer de próstata a cada 38 minutos no Brasil e que a doença é a segunda maior causa de morte por câncer entre os homens, atrás apenas do câncer de pulmão. A demora no diagnóstico é um dos principais problemas nos casos desse tipo de câncer: 30% das ocorrências já estão em fase de metástase quando são descobertas, o que aumenta o sofrimento, o risco de morte e os custos para o sistema de saúde.
“Procuramos onde estava a causa disso, e a causa é a carência de biópsia na rede pública. É um fato alarmante que trouxe a discussão para a nossa instituição”, disse o médico, que levou a constatação às secretarias estadual e municipal de Saúde e ao Ministério da Saúde. Os três órgãos dividiram o investimento para a criação do centro, que terá 18 profissionais e realizará os exames a um custo de R$ 700 reais cada no primeiro ano.
Segundo dados do Inca, são esperados para 2017 quase 3 mil novos casos de câncer de próstata na cidade do Rio de Janeiro. Por outro lado, apenas 256 biópsias foram realizadas nos últimos dez meses na cidade. Outros 100 procedimentos foram realizados no Hospital Universitário Pedro Ernesto, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Franz Campos acredita que o centro irá zerar a fila de biópsias de próstata.
A inauguração ocorreu no Dia Nacional de Combate ao Câncer, e em meio à campanha do Novembro Azul, que chama a atenção dos homens para a importância da prevenção dessa doença.
A diretora do Inca, Ana Cristina Pinho, anunciou ações da campanha O Câncer Não Pode Acabar Com a Sua Vontade de Viver, que busca reduzir preconceitos sobre o câncer, destacando a melhor qualidade de vida propiciada pelas formas mais modernas de tratamento.
“É um pedido à sociedade para falar abertamente sobre o câncer. Temos que mudar a ideia de que o diagnóstico significa uma sentença de morte”, disse Ana Cristina. “Já temos pacientes convivendo cronicamente com o câncer e tomando medicação, inclusive pela via oral, cuidando do câncer como quem cuida de hipertensão ou diabetes”.
A médica anestesista pediu ainda que familiares e amigos acolham pessoas com câncer e descreveu que a campanha utilizará vídeos na TV e internet, além de cartazes e banners. A campanha “pretende chamar atenção da sociedade para a necessidade de reinclusão social e humanização da pessoa com câncer”, afirmou a diretora.