Da Redação
Cardiologista intensivista da Rede D’Or São Luiz, Ludhmila Abrahão Hajjar avalia que 2020 foi um ano muito difícil para o coração dos pacientes. O novo coronavírus demonstrou ser bem perigoso para quem sofre de problemas cardíacos, por desequilibrar doenças cardiovasculares que antes estavam compensadas. “Houve momento em que 50% dos óbitos de vítimas do Covid19 ocorriam por problemas cardiovasculares”, destaca.
Ela alerta, no entanto, que o vírus não foi a única razão para o aumento de óbitos durante a pandemia. Outra letalidade cresceu de forma silenciosa. O país registrou, ao longo do ano, o aumento de mortes por doenças do coração. Ludmila cita estudos que apontam que Manaus, por exemplo, viu os óbitos por essas causas crescerem 132% a mais do que no ano anterior. Em Belém, o aumento foi de 126%; Fortaleza, 87%; Recife, 71%; Rio de Janeiro, 38% e São Paulo, 31%.
Entretanto, ainda há o temor de que esse cenário possa piorar caso aumente o número de casos de doenças crônicas, como a hipertensão e a diabetes, que são silenciosas e fatores de risco para problemas cardíacos. O relato de Ludhmila é de quem lida diariamente com o problema. Ela tem visto de perto pacientes que deixaram de fazer seus exames e agravaram seus quadros. O desafio é mudar esse cenário e incentivar que as pessoas retomem os cuidados com a própria saúde.
“As doenças cardiovasculares podem acontecer em qualquer idade. Nesse sentido, é fundamental ter hábitos de vida saudáveis e ir ao médico periodicamente, para prevenir enfermidades como a hipertensão, que pode provocar um AVC”, ressalta a cardiologista”, que também é coordenadora da UTI Cardio COVID do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.