Cinema brasileiro marca presença com 12 filmes no Festival de Berlim

Cena do filme Joaquim, de Marcelo Gomes

O cinema brasileiro estará presente com 12 filmes na 67ª edição do Festival de Cinema de Berlim, que começa hoje (9) na capital alemã e vai até o dia 19 deste mês. Considerado um dos eventos mais importantes do calendário cinematográfico mundial, o Berlinale, como o festival é conhecido, terá este ano mais uma vez um representante nacional na competição principal, disputando o Urso de Ouro.

O filme Joaquim, de Marcelo Gomes, é uma coprodução luso-brasileira, ambientada no século 18, que mostra a trajetória de  Joaquim José da Silva Xavier até se tornar conhecido como Tiradentes, a mais importante figura histórica da Inconfidência Mineira. O longa que disputa o Urso de Ouro foi um dos vencedores do edital de coprodução Brasil-Portugal em 2014, promovido pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), em parceria com o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), de Portugal, e também teve recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).

O cinema brasileiro venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim em duas ocasiões: em 1998, com Central do Brasil, de Walter Salles, e em 2008, com Tropa de Elite, de José Padilha.

Na mostra Panorama, a presença nacional fica por conta de Como Nossos Pais, de Laís Bodanzky, e das coproduções Brasil-Argentina-França Pendular, de Julia Murat; e Brasil-Portugal Vazante, de Daniela Thomas. Além desses, No Intenso Agora, de João Moreira Salles, está na programação da mostra Panorama Dokumente, e o curta de animação Vênus – Filó a Fadinha Lésbica, de Sávio Leite, fecha a participação brasileira na mostra, como filme de apoio.

A Mostra Generation traz os longas Não Devore meu Coração, de Felipe Bragança; Mulher do Pai, de Cristiane Oliveira; As Duas Irenes, de Fabio Meira; e o curta Em Busca da Terra sem Males, de Anna Azevedo. Do diretor Davi Pretto, Rifle aparece na mostra Forum, enquanto Estás Vendo Coisas, de Barbara Wagner e Benjamin de Burca, aparece na Berlinale Shorts, seção de curtas do evento.

Dois projetos brasileiros participam do Berlinale Co-Production Market: Obreiro, de Gabriel Mascaro, e Paloma, de Marcelo Gomes.

De acordo com a Ancine, cinco longas, entre as produções brasileiras presentes no Festival de Berlim, receberam recursos do FSA, contempladas em diferentes chamadas públicas do Programa Brasil de Todas as Telas, o principal da agência. Além de Joaquim, integram a lista Mulher do Pai, Pendular, Rifle e Como Nossos Pais.

Mais da metade dos médicos recém-formados é reprovada em exame do Cremesp

Taxa de reprovação foi maior do que em 2015

Mais da metade dos recém-formados em escolas médicas do Estado de São Paulo foi reprovada no Exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) 2016. De acordo com o conselho, dos 2.677 participantes, 56,4% (1.511) não alcançaram a nota mínima porque só acertaram menos de 60% das 120 questões da prova.

Em 2015 o índice de reprovação foi menor: 48,1%. Os organizadores do exame apontam que o resultado corrobora a tendência histórica. “Com exceção do Exame de 2015, nos últimos 10 anos o índice de reprovação ficou acima de 50%, ou seja, neste período, mais da metade dos novos médicos entra no mercado de trabalho sem ter conhecimentos básicos de situações cotidianas do atendimento médico. É preciso que as escolas médicas promovam melhorias nos métodos de ensino e imprimam mais rigor em seus sistemas de avaliação”, afirma Bráulio Luna Filho, diretor do Cremesp e coordenador do Exame.

Segundo o Cremesp, as escolas privadas tiveram maior percentual de reprovação que os cursos públicos. “No entanto, houve aumento importante de reprovação em comparação ao Exame de 2015 entre os egressos das instituições públicas, passando de 26,4% para 37,8%. Já entre os cursos de medicina privados, 66,3% dos alunos foram reprovados em 2016, também superando os resultados de 2015, com 58,8%”, aponta o levantamento.

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Luz no fim do túnel

Alexandre Andrade

Os tempos são difíceis. Nos Estados Unidos, por exemplo, o mundo acompanha com apreensão a chegada de Donald Trump que começa a  adotar medidas radicais, principalmente contra imigrantes. Vemos o terrorismo levar medo à Europa e no Brasil continuamos a presenciar a instabilidade econômica afetar boa parte dos estados e, consequentemente, dos brasileiros. Exemplo disso é o Rio de Janeiro que sofre com o desemprego em índices elevadíssimos, crises na área de óleo e gás, na indústria e na construção civil provocadas, em grande parte, pela corrupção em todas as esferas de governo. Sem falar nos 468,5 mil servidores públicos estaduais e de diversas prefeituras que estão com salários atrasados, completado assim um horizonte desanimador.

Em todos os lugares a palavra mais pronunciada é “CRISE”. Seja no trabalho, com os amigos, em família ou no elevador, o rumo da conversa sempre gira em torno desse tema. Enfim, um sentimento coletivo de desânimo parece tomar conta da maioria dos ambientes, o que é compreensível, porém certamente contribui para agravar a situação. Mas, seria possível, então, transformar a dificuldade em oportunidade?

Quando eu iniciava a minha carreira profissional, no início dos anos 90, vivíamos uma crise. Os jovens há mais tempo como eu certamente se lembram do período conturbado Pré-Plano Real. Naquele momento, ouvi de um saudoso e experiente cliente, a seguinte frase: Meu filho, na crise há quem chore, mas há quem venda lenços. De que lado você quer estar?”. Desde então, nunca esqueci este ensinamento.

A crise, para aqueles que optam por estar do lado “de quem quer vender lenços”, nos tira da zona de conforto e desperta a criatividade, capacidade de inovar, de fazer mais com menos, de rever conceitos, processos. Enfim, de aprender a fazer diferente e de pensar fora da caixa. Assim, resolvi arregaçar as mangas e investir em algo novo para o meu negócio: uma plataforma que oferece consultoria em gestão financeira aos clientes e também melhoria dos processos internos dos escritórios contábeis. Uma forma não só de organizar o dia a dia das empresas como também de tornar mais ágil o trabalho do contador e com possibilidade dele aumentar sua receita.

Foi quando eu me dei conta de que é possível se reinventar e não ficar paralisado com a crise para que as mudanças e os resultados comecem a aparecer. Iniciamos um novo ano e apesar da falta de perspectivas é preciso ousar, criar oportunidades e atravessar esse momento sem medo das dificuldades e do trabalho duro. Afinal, sempre há uma luz no fim do túnel. Só depende da forma como você olha o caminho.

*Contador, Diretor do Painel Financeiro e Conselheiro do CRC-RJ

Os desafios do empreendedorismo social

Edison levou para o Instituto a qualidade da clínica São Vicente

Alcançar a sustentabilidade costuma ser um dos principais desafios para a maioria dos empreendimentos sociais. É o caso do Instituto de Urologia, que, desde 2007, atende a preços populares no Hospital da Gamboa. A solução do Instituto passa por manter uma estrutura enxuta, com burocracia mínima – são sete médicos e mais quatro funcionários.

“A atividade só é viável se as pessoas estiverem dispostas a olhar a medicina por um lado também social”, afirma o urologista e fundador do Instituto, Edison de Almeida e Silva. Ele revela que nem sempre a receita alcançada consegue cobrir os custos e os médicos precisam retirar do próprio bolso para arcar com as despesas mensais do espaço.

Apesar das dificuldades, Edison avalia que o Instituto ainda pode fazer mais. Atualmente, o espaço realiza por mês cerca de 300 consultas e 20 cirurgias, mas a capacidade de atendimento é bem maior. A infraestrutura permite, por exemplo, que se duplique o número de cirurgias e que amplie em mais de 400% as consultas realizadas. Como um bom empreendedor, ele tem um olhar voltado para o futuro e apresenta planos ambiciosos para o Instituto. A expectativa é atingir uma meta que torne o empreendimento viável e estável financeiramente e, assim, transformá-lo em uma fundação sem fins lucrativos“Com isso, vamos poder baratear mais os custos dos procedimentos que realizamos e aumentar a oferta dos serviços”, revela Edison que também atende na tradicional clínica São Vicente, Gávea.

Entretanto, o coordenador do MBA Executivo em ADM: Empreendedorismo e Desenvolvimento de Novos Negócios da FGV, Marcus Quintella, observa que a gestão de um negócio social tem de ser tão ou mais competente quanto a de qualquer outro empreendimento. “A necessidade de recursos financeiros deve fazer parte do plano de negócios, para que o fluxo de caixa esperado possa cobrir essas necessidades e gerar os resultados do negócio. Nada diferente de qualquer outro negócio”, alerta Quintella, que destaca, por exemplo, que a necessidade de engajamento é idêntica ao de  outra empresa. “O negócio precisa crescer e perpetuar, e sem o engajamento de seus gestores e colaboradores o fracasso virá inevitavelmente”.

Edison explica que apesar dos limites busca alternativas para manter todos engajados. Uma das formas é acenar com reconhecimento ao trabalho, remunerando, dentro das possibilidades, direta ou indiretamente, como forma de premiá-los. “Aos médicos, como atrativo às atividades ambulatorial, exames e cirurgias, oferecemos um ambulatório altamente confortável, demanda espontânea de pacientes, tecnologia, auxílio e orientação técnica, sempre que necessário, e uma remuneração justa”.