Luxottica, fabricante da Ray Ban e Oakley, se une a Essilor e cria gigante das óticas

Com a fusão, a Luxottica deverá sair do mercado de ações

A italiana Luxottica, maior fabricante mundial de óculos de luxo — é dona de marcas como Ray Ban e Oakley — e a francesa Essilor — líder global em lentes de contato— anunciaram nesta segunda-feira uma fusão de € 46 bilhões que cria uma potência global no setor de óticas, com receitas superiores a € 15 bilhões.

A nova empresa se chamará EssilorLuxottica e terá suas ações negociadas na Bolsa de Paris. O quadro de funcionário chegará a 140 mil pessoas, e a empresa venderá seus produtos em mais de 150 países.

Pelos termos do acordo, o fundador da Luxottica, Leonardo Del Vecchio, de 81 anos, terá participação entre 31% e 38% na empresa combinada, por meio de sua empresa familiar, Delfin, o que o tornará o maior acionista da companhia.

Del Vecchio, que há dois anos voltou a trabalhar na Luxottica após uma década fora dos negócios, será o diretor executivo da nova empresa,

A Delfin, que tem 62% da Luxxotica, entregará uma ação do grupo italiano para casa 0,461 papel da Essilor.

A francesa, por sua vez, fará uma oferta obrigatória de troca de todas as ações restantes da Luxottica, na mesma proporção, a fim de tirar a italiana do mercado de ações.

Hubert Sagnières, presidente do conselho e diretor-executivo da Essilor, será vice-presidente executivo EssilorLuxottica, mantendo os poderes dos cargos que ocupa atualmente.

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TRF mantém ou endurece penas dadas por Sergio Moro na Lava Jato

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Associação dos Juízes Federais do Brasil elogiou a atuação de Moro

Por Reynaldo Turollo JR, da Folha de S. Paulo

O TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), responsável por julgar os recursos de decisões do juiz Sergio Moro na Lava Jato, manteve ou endureceu as penas dos réus em 70% dos casos.

Até o momento, Moro condenou 83 pessoas. Destes, o TRF-4 analisou as apelações referentes a 23 condenados –apresentadas por eles ou pelo Ministério Público Federal.

Dos 23, 8 tiveram as penas mantidas, e outros 8, endurecidas (70%). Outros 4 condenados acabaram absolvidos pelo tribunal (17%), enquanto 3 (13%) tiveram suas penas diminuídas.

O levantamento foi feito pela Folha com auxílio da assessoria da Justiça Federal do Paraná e levou em conta apenas casos em que já houve condenação e análise da apelação –foram excluídos habeas corpus e decisões sobre prisões preventivas.

Para entidades de magistrados, como a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), que já divulgou notas de apoio à atuação de Moro, o índice de confirmação das decisões na segunda instância revela a “isenção e capacidade” do juiz que conduz a Lava Jato.

Já advogados de réus apontam para um Judiciário receoso de contrariar a opinião pública, que tende a clamar por mais punições, mesmo que à revelia das leis.

Em dezembro, a Quarta Seção do TRF-4 –à qual pertence a oitava turma, que julga os recursos da Lava Jato– negou por unanimidade pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para afastar o desembargador João Pedro Gebran Neto da relatoria da operação.

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Senadores dobram gasto com funcionamento de gabinetes

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Senador Cristovam Buarque defende o fim de benefícios como as despesas com alimentação

Por: Thais Bilenky, da Folha de S. Paulo

Apesar de o Brasil enfrentar uma grave recessão, os senadores dobraram os gastos de seus gabinetes em Brasília com combustível, viagens, alimentação e Correios entre 2014 e 2016.

Levantamento feito pela Casa a pedido da Folha revela um salto de R$ 2,4 milhões, em 2014 (em valores atuais), para R$ 4,8 milhões, em 2016.

Com a rubrica “gastos extras”, o Senado custeia o consumo em Brasília de combustível, material de limpeza, papelaria, alimentação, Correios e as viagens oficiais, autorizadas pela Casa.

Há limites para cada serviço, nem sempre cumpridos.

Os R$ 2,4 milhões gastos a mais seriam suficientes para construir quatro escolas com boas instalações ou remunerar por um ano 60 professores com o piso da categoria.

A rubrica dos gastos extras não está incluída na cota parlamentar a que cada senador tem direito, em geral usada em seu Estado de origem.

Essa cota se destina a arcar com todo tipo de atividade do senador em seu Estado, como viagens de ida e volta de Brasília à base eleitoral, aluguel de escritório, alimentação e segurança privada.

No caso dessa verba para os Estados, os gabinetes, juntos, gastaram R$ 24 milhões, queda de 11% sobre 2014. A verba varia de R$ 21 mil no Distrito Federal a R$ 44 mil no Amazonas.

EXTREMOS

A forma de conduzir as contas de gabinete varia enormemente no Senado.

Ciro Nogueira (PP-PI), por exemplo, é um dos mais dispendiosos. Seu gabinete custou aos cofres públicos, em 2016, R$ 560 mil, mais o salário de R$ 34 mil e auxílios como o de moradia de R$ 5.500 mensais.

Em cota parlamentar, Nogueira gastou R$ 360 mil –em um ano, um senador do Piauí tem direito a R$ 466 mil.

Foram R$ 38 mil em passagens, mais R$ 250 mil com hospedagem, alimentação e locomoção. Ele não gastou nada com divulgação da atividade parlamentar.

Em julho, por exemplo, Nogueira gastou R$ 5.000 com alimentação. No dia 29, uma sexta, ele pagou R$ 966 em uma refeição na tradicional churrascaria Rodeio, em São Paulo. No domingo seguinte, dia 31, desembolsou R$ 978 no restaurante Bendito Fogão, na cidade de Picos (PI).

Em setembro, o senador usou R$ 54 mil da cota. Despesas com combustível de aviação somaram R$ 38 mil. A verba de transporte aérea prevista para senadores do Piauí é de quase R$ 24 mil por mês.

Além da cota parlamentar, Nogueira desembolsou R$ 200 mil dos gastos extras em 2016, dos quais R$ 133 mil em viagens oficiais.

Em outro extremo, o senador Reguffe (sem partido-DF) custou R$ 514 ao Senado em 2016. Ele não fez uso da cota e não cobrou da Casa custos com combustível nem viagens oficiais. Os desembolsos feitos se resumem a água, material de limpeza e de escritório.

SENSO DE AUSTERIDADE

Segundo Cristovam Buarque (PPS-DF), os colegas de plenário não têm demonstrado senso de austeridade, a despeito da crise. “Não sinto um clima de redução de gastos em nada no Brasil. Não é só coisa de parlamentar. Existe a ideia de que o que é do Estado não é público”, disse.

Buarque defendeu o fim de prerrogativas como as despesas com alimentação. E lamentou que o corte de gasto não esteja no debate sobre a sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência da Casa. “Não tem bandeira nem de corte de gastos nem de nada”, disse em referência à provável candidatura de Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Morador de Brasília, Buarque gastou em 2016 quase R$ 110 mil com a cota em serviços de apoio parlamentar e R$ 18 mil em outros gastos, a maioria Correios.

Eunício não usou a cota. Em gastos extras, foram R$ 24 mil –R$ 17 mil com Correios.

OUTRO LADO

A assessoria de imprensa do Senado afirmou que vem tomando medidas para diminuir seus gastos em momento de recessão econômica.

Entre outras medidas, a Casa mencionou a redução em 20% das cotas postais de cada gabinete em novembro de 2016 e a extinção do trâmite de documentos por meio físico, que passou a ser apenas digital.

“Ao longo dos últimos quatro anos, o Senado Federal tem empreendido uma ampla reforma, com impacto orçamentário importante nos próximos anos, para economizar recursos e racionalizar a estrutura da Casa”, disse a assessoria, em nota.

O Senado citou como objetivo de sua administração a melhoria dos processos administrativos, eliminação de redundâncias, descentralização e transparência.

Procurada pela Folha, a assessoria do senador Ciro Nogueira (PP-PI) não havia se manifestado até o fechamento desta edição.

Embora se diga comprometido com acesso público dos dados, o Senado cumpre parcialmente as previsões da Lei de Acesso à Informação.

A reportagem se deparou com dificuldades de acesso a dados relativos à rubrica “gastos extras”, que não estão compilados em planilhas para manuseio público no site do Senado.

Além disso, verbas empregadas para Correios estão sem padronização.

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Em ‘Corujão’ próprio, paciente dribla SUS em clínica particular mais barata

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Por: Angela Pinho, da Folha de S. Paulo

Para driblar as filas para exames e consultas médicas, pacientes do SUS têm promovido um “Corujão da Saúde” por conta própria em clínicas particulares de São Paulo.

Iniciado na semana passada, o programa do prefeito João Doria (PSDB) promove parcerias com hospitais privados para o atendimento de pessoas que esperam por exames na rede municipal.

Alheios à iniciativa, pacientes adotam cada vez mais a medida com recursos próprios, em clínicas privadas voltadas ao público de baixa renda, tanto para diagnósticos como para consultas.

Sem plano de saúde, o estudante Wesley Mantovani, 21, conta que decidiu pagar do seu bolso um exame na retina após levar mais de três meses para descobrir seu grau de miopia na rede pública.

Ao seu lado na sala de uma unidade da rede Dr. Consulta, e também sem plano, o funcionário público Tiago Araújo, 34, nem tentou marcar o exame pelo SUS. “Meu pai está esperando há cinco anos por uma horário com o pneumologista, achamos melhor não arriscar”, disse sua mulher, Mônica.

A rede procurada por eles é apenas uma das que cresceu durante a crise econômica. Nos últimos dois anos, 2 milhões de brasileiros perderam o plano de saúde.

Sem dinheiro, Estados e municípios não se prepararam para absorver a nova demanda, e parte desse novo público do SUS passou a buscar os chamados consultórios populares.

Criada em 1988, a Clínica Fares tinha duas unidades até 2014. Atualmente tem três e, até o final deste ano, deve chegar a seis. No total, cerca de 40% da clientela é do SUS, de acordo com o presidente Adiel Fares.

Já na Dr. Consulta, essa proporção é de 20%. Inaugurada em 2011, a rede abriu duas novas unidades por mês no ano passado, chegando a 27, e pretende seguir o ritmo neste ano, segundo Marcos Fumio, vice-presidente médico da rede.

Com uma clínica aberta no ano passado, a Meu Doutor afirma que chegará a cinco até dezembro.

A Dr. Agora, de consulta sem agendamento, tem planos ainda mais ambiciosos. Pretende pular de quatro para ao menos 15 filiais até o fim deste ano. “Na nossa concepção original, esperávamos atender principalmente as classes C e D, mas passamos a receber muito da B que perdeu o plano de saúde”, afirma o diretor-executivo da Dr. Agora Guilherme Berardo.

SOLUÇÃO TEMPORÁRIA

Mas, ainda que consigam obter atendimento mais ágil nas clínicas desse segmento, é ao SUS que os pacientes delas têm que recorrer quando necessitam de procedimentos mais complexos.

A aposentada Apolonia Neves, 65, é um exemplo. Usa as duas redes. Fez cirurgia na coluna pelo sistema público, mas paga exames e consultas à parte. Neste mês, gastou R$ 600 com mamografia, ultrassom, cardiologista, gastro e outros.

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