Os desafios do empreendedorismo social

Edison levou para o Instituto a qualidade da clínica São Vicente

Alcançar a sustentabilidade costuma ser um dos principais desafios para a maioria dos empreendimentos sociais. É o caso do Instituto de Urologia, que, desde 2007, atende a preços populares no Hospital da Gamboa. A solução do Instituto passa por manter uma estrutura enxuta, com burocracia mínima – são sete médicos e mais quatro funcionários.

“A atividade só é viável se as pessoas estiverem dispostas a olhar a medicina por um lado também social”, afirma o urologista e fundador do Instituto, Edison de Almeida e Silva. Ele revela que nem sempre a receita alcançada consegue cobrir os custos e os médicos precisam retirar do próprio bolso para arcar com as despesas mensais do espaço.

Apesar das dificuldades, Edison avalia que o Instituto ainda pode fazer mais. Atualmente, o espaço realiza por mês cerca de 300 consultas e 20 cirurgias, mas a capacidade de atendimento é bem maior. A infraestrutura permite, por exemplo, que se duplique o número de cirurgias e que amplie em mais de 400% as consultas realizadas. Como um bom empreendedor, ele tem um olhar voltado para o futuro e apresenta planos ambiciosos para o Instituto. A expectativa é atingir uma meta que torne o empreendimento viável e estável financeiramente e, assim, transformá-lo em uma fundação sem fins lucrativos“Com isso, vamos poder baratear mais os custos dos procedimentos que realizamos e aumentar a oferta dos serviços”, revela Edison que também atende na tradicional clínica São Vicente, Gávea.

Entretanto, o coordenador do MBA Executivo em ADM: Empreendedorismo e Desenvolvimento de Novos Negócios da FGV, Marcus Quintella, observa que a gestão de um negócio social tem de ser tão ou mais competente quanto a de qualquer outro empreendimento. “A necessidade de recursos financeiros deve fazer parte do plano de negócios, para que o fluxo de caixa esperado possa cobrir essas necessidades e gerar os resultados do negócio. Nada diferente de qualquer outro negócio”, alerta Quintella, que destaca, por exemplo, que a necessidade de engajamento é idêntica ao de  outra empresa. “O negócio precisa crescer e perpetuar, e sem o engajamento de seus gestores e colaboradores o fracasso virá inevitavelmente”.

Edison explica que apesar dos limites busca alternativas para manter todos engajados. Uma das formas é acenar com reconhecimento ao trabalho, remunerando, dentro das possibilidades, direta ou indiretamente, como forma de premiá-los. “Aos médicos, como atrativo às atividades ambulatorial, exames e cirurgias, oferecemos um ambulatório altamente confortável, demanda espontânea de pacientes, tecnologia, auxílio e orientação técnica, sempre que necessário, e uma remuneração justa”.