Para enfrentar crise, prefeitos de 14 capitais cortam 104 secretarias

crivella-posse
Crivella cortou pela metade o número de secretarias

Por: Eduardo Brsciani, do Globo

Os prefeitos das capitais, eleitos em outubro do ano passado, mantiveram a linha dos discursos de posse, nos quais enfatizaram a necessidade de austeridade diante da grave crise econômica do país, e implementaram na primeira semana de trabalho uma medida simbólica: um amplo corte de secretarias. Levantamento do GLOBO mostra que em 14 prefeituras de capitais foram cortadas 104 secretarias e órgãos com este status. Somente em Boa Vista e Salvador haverá criação de quatro novas pastas no total. Em todas as cidades há também promessas de enxugar os gastos com corte de cargos comissionados, mas poucos se comprometem com metas objetivas. Apesar da ampla redução de postos no primeiro escalão, a maior parte da economia prevista envolve outras medidas de custeio, como renegociação de contratos e redução de frota de carros.

Com as mudanças, o número de secretarias em todas as capitais caiu para 533. O GLOBO procurou as prefeituras de todas as capitais, mas seis delas — Belém, Rio Branco, São Luís, João Pessoa, Natal e Palmas — não informaram se haverá alguma mudança na estrutura.

O maior corte foi feito em Porto Alegre. Ao todo, havia 37 secretarias e órgãos que tinham este status. Restaram apenas 15 na gestão de Nelson Marchezan Jr. (PSDB). Entre as pastas extintas estão estruturas que cuidavam desde regularização fundiária, meio ambiente e cultura até uma específica de direitos dos animais. Não há informação de quanto será a economia com a medida. O prefeito afirma que não vai apontar um “número cabalístico” para o corte de cargos comissionados, mas abriu um banco de talentos para selecionar quem ocupará essas funções.

RIO REDUZIU SECRETARIADO À METADE

No Rio, o número de secretarias foi cortado pela metade. Enquanto Eduardo Paes (PMDB) administrava a cidade com 24 secretários, Marcelo Crivella (PRB) terá apenas 12. O corte abrangeu estruturas que tratavam de pessoas com deficiência, turismo, política para mulheres, entre outras. O prefeito, no entanto, criou 16 Superintendências de Supervisão Regional, uma para cada área de planejamento do município — criando 112 cargos comissionados, a um custo de R$ 5,8 milhões, como revelou O GLOBO. A estimativa da prefeitura é economizar R$ 300 milhões por ano somente com essas medidas.

Em Florianópolis, também foi reduzido em 12 o número de secretários, caindo de 25 para 13. A assessoria do prefeito Gean Loureiro (PMDB) informou que apenas esta medida vai gerar uma economia mensal de R$ 200 mil com salários. A ideia é reduzir ainda de 700 para cerca de 300 os cargos comissionados, medida que geraria uma economia de mais R$ 1 milhão por mês. Em Campo Grande (MS), Marquinhos Trad (PSD) estima economizar entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões por mês com o corte de quatro secretarias e redução de 30% no número de comissionados.

— Precisávamos tomar medidas para fazer o enxugamento da máquina que está extremamente obesa. Portanto, foi preciso cortar secretarias e também vamos diminuir em 30% o número de comissionados no nosso governo em relação à ex-gestão. Vamos cortar na carne para economizar o suficiente para colocar a cidade em ordem e cumprir com nossos compromissos — afirmou Marquinhos Trad.

Leia aqui a matéria original.