O IBGE lançou os dados do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) que cresceu 0,8% nesse primeiro trimestre de 2024. Esse resultado está dentro do esperado por vários economistas e pelo próprio mercado financeiro, que aguardavam uma projeção de crescimento entre 0,5% e 1%. Segundo análise da economista Patrícia Andrade, professora do curso de Administração da ESPM, com base na comparação entre o último trimestre de 2023 e o primeiro de 2024, o setor de serviços foi um dos que mais se destacou, com crescimento de 1,4% a mais em relação ao período anterior. “O setor do comércio também dá sinais de melhora, com aumento de 3%, o que indica um aumento do consumo e uma dinamização da economia”.
Mas, o grande impacto no PIB veio do agronegócio que teve uma alta de 11,3%. Para Andrade, esse dado expressivo contempla duas ressalvas: em 2023, o segmento do agronegócio cresceu 15%, no entanto, do ano passado para cá, houve uma queda no setor.
Já Luciana Florêncio, professora de comportamento do consumidor da ESPM e especialista em estratégias no agronegócio, destaca que o bom resultado do PIB está no desempenho da balança comercial do agro brasileiro nesse primeiro trimestre. “Ao avaliarmos e compararmos os resultados do trimestre com igual período do ano anterior, há uma alta considerável em torno de R$ 37 bilhões, puxada pelas principais commodities: algodão, açúcar e café”.
A especialista ressalta que no mês de abril, em especial, houve um recorde histórico com as exportações. “Foi a maior receita cambial da história, registrada no mês, com a movimentação de US$ 953 milhões em receitas, por meio dos embarques de café verde. Com isso, o mercado brasileiro conseguiu um crescimento de 53% em volume, e 52% em valor”, diz Florêncio, prosseguindo: “o mês de março também fechou com recorde, mesmo com as exportações das commodities tendo oscilações com a carne e a soja. No entanto, ao longo do tempo, elas mantêm um ritmo e engordam a balança comercial. Tudo isso, em razão de que o mundo está consumindo mais”.
Andrade pontua que a indústria de transformação se levantou no período com um crescimento positivo, o que é um bom indicador. “Percebemos que a indústria (que teve queda de 0,1%) ainda é o setor com mais dificuldades para se recuperar na economia brasileira, e essa problemática vem de décadas. Desde os anos 1980, com o processo de desenho nacional de industrialização, a área não retomou o caminho de crescimento – um dos fatores mais importantes para uma economia saudável, em seus principais setores”, conclui.