Mudanças no estilo de vida podem reduzir os custos de governos e empresas com saúde. É o que defende o médico norte-americano Edward M. Phillips, que desenvolveu o conceito Lifestyle Medicine – ou Medicina do Estilo de Vida. Ele avalia que são gastos milhões de dólares no mundo inteiro para tratar doenças evitáveis. A questão é que a receita de vida saudável depende, necessariamente, de o indivíduo desenvolver e manter novos hábitos. Para isso, Phillips defende uma transformação na relação entre médico e paciente.
O conceito criado por Phillips se baseia em ferramentas de coaching, como a entrevista motivacional, as perguntas abertas, a escuta reflexiva e a balança de decisão, quanto aos aspectos positivos e negativos de mudar e não mudar. Nesse sentido, o médico assumiria o papel semelhante ao de um coach, pois vai trabalhar para que o paciente compreenda a necessidade de mudanças no próprio comportamento e se torne o protagonista desse processo.
Na avaliação de Phillips, médicos e profissionais de saúde podem deter o conhecimento e compartilhá-lo com pacientes, agindo com autoridade, ou optar por transferir a responsabilidade nas decisões, diminuindo estresse, pressão e conferindo mais autonomia às pessoas atendidas.
“Ao assumir mais responsabilidade sobre sua saúde, as pessoas estabelecem o próprio senso de urgência, adquirem controle e aumentam a autoeficácia. Os pacientes percebem que não precisam depender somente do consultório médico para ‘consertar’ tudo quando estão doentes, mas, sim, trabalhar para melhorar a rotina por meio de mudanças saudáveis”, explica Phillips, que veio ao Brasil para fazer uma palestra sobre “A Medicina Preventiva Aplicada ao Estilo de Vida”.
Metodologia no Brasil
Já há casos de aplicação do Lifestyle Medicine no Brasil. É o caso da Med-Rio Check-up. A clínica assinala os fatores
de risco para a saúde dos clientes, que têm na origem o estilo de vida inadequado. No pós-check-up médico, de posse dos resultados dos exames de cada paciente, são desenvolvidos programas individuais de saúde. Tudo começa com um compromisso de mudança. A partir daí, as pessoas adquirem conhecimento e ferramentas, desenvolvem habilidades e mudam atitudes.
“Também não é possível dissociar saúde preventiva de qualidade no atendimento, uma meta contínua de nossa equipe. Por isso, estamos investindo na ampliação da unidade de Botafogo”, relata Gilberto Ururahy, diretor-médico da Med-Rio.
*Matéria produzida para a coluna da ABRH-RJ Gestão de Pessoas, publicada aos domingos no caderno Boa Chance, do jornal O Globo.