Em fase de economia ainda conturbada, incertezas políticas e o universo de cerca de 14 milhões de brasileiros desempregados seria possível falar sobre qual empresa tem perfil mais adequado para se trabalhar? Para o autor do livro A arte de engajar pessoas, professor e diretor da Escola de Alto Desempenho e consultor, Ricardo Seperuelo, sim. “Nesse momento de crise e de superar dificuldades, é hora das lideranças das organizações separarem o joio do trigo, ou seja, as pessoas do quadro que estão conectadas ao propósito organizacional das que não estão”, avalia.
E na visão daqueles que estão na fila, em busca da recolocação no mercado? Como essa turma sem emprego deve atuar? Na opinião do consultor Seperuelo, a fase de baixa pode ser a chance de se conectar aos dons e talentos e encontrar mais que uma vaga. “É determinante à pessoa observar a importância da função que desempenha na maior parte da vida profissional. Não dá somente para realizar uma atividade que seu cargo exige, é necessário entender a relevância da sua essência no quadro organizacional. Por exemplo, digamos que a pessoa trabalhe na secretaria acadêmica de uma universidade, ela não é apenas a secretária, mas sim responsável pela comprovação de títulos em um concurso que o formando irá prestar, esse colaborador ajuda as pessoas a crescerem e realizarem seus propósitos. Ser engajado é muito mais do que ser um cargo. É a essência do profissional”, afirma Seperuelo.
Seperuelo frisa que a empresa que visa o lucro pelo lucro não engaja colaboradores. Segundo ele, as organizações que focam simplesmente no rendimento financeiro, e que não têm um propósito, que não conseguem expressar dentro de suas operações o motivo de sua existência, tendem a fracassar na gestão de pessoas, perdendo talentos. “O engajamento está totalmente ligado ao sucesso; pessoas que não estão engajadas têm muita dificuldade de ter sucesso. Elas não conseguem transmitir seu verdadeiro potencial dentro daquilo que fazem”, afirma.
O fato é que o mundo corporativo precisa melhorar a gestão de pessoas para a formação de equipes com propósito, engajadas, focadas e, assim, ganhar mais fôlego na busca pela expansão dos seus negócios. “É fundamental que as corporações unam os propósitos organizacionais com os propósitos de vida dos colaboradores. Não dá para falar somente em lucro ou resultados. As pessoas não se engajam por isso. Elas se engajam por propósitos, por causas, por pessoas”, diz Seperuelo.
Na trajetória da busca de uma gestão mais humana, Seperuelo considera ser imperioso prestar atenção às pessoas. “Os líderes precisam observar e vivenciar mais os processos que suas equipes executam”, observa. Segundo o consultor, os gestores que praticam esse exercício, saem dos planejamentos de pranchetas e vão para o dia a dia de operação da empresa, são surpreendidos. “As ideias para melhorar o funcionamento da organização estão nas pessoas e nos processos e não ao contrário do que muitos acreditam, focando no financeiro ou no marketing. Metas e objetivos voltados para resultados e conquistas de mercado sem pessoas e processos são somente projeções. A porta do escritório do líder deve ser aberta para conhecer realmente a realidade da corporação”, destaca Seperuelo.