Saúde privada gerou 17% dos novos empregos formais em 2018

breno monteiro
Breno Monteiro é presidente da Confederação Nacional de Saúde 

A crise econômica prejudicou a rentabilidade do setor de assistência privada à saúde – hospitais, clínicas e laboratórios –, mas ainda assim as empresas seguiram investindo na expansão dos serviços e empregos. O fato transparece nos números de 2018 sobre o mercado de trabalho. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram que em 2018 os prestadores de saúde privados realizaram 610.015 admissões, contra 521.034 demissões. O saldo positivo de 88.981 postos de trabalho corresponde a 16,8% do total de empregos com carteira assinada criados no país no ano passado.

Ganha maior relevância a contribuição do setor em contraste com setores tradicionalmente conhecidos por gerar empregos de forma intensiva. O saldo positivo de postos de trabalho em serviços privados de saúde foi 34 vezes maior do que o de todos os segmentos que compõem a indústria de transformação (2.610); 27 vezes maior que o da agricultura (3.245); e cinco vezes maior que o da construção civil (17.957).

Entre 2010 e 2018, os prestadores privados de assistência à saúde foram responsáveis por um saldo positivo de mais de 704 mil empregos formais no país. Atualmente, o estoque de empregos no segmento é de 2.066.533 empregos formais, o que o coloca à frente de segmentos como a Construção Civil (2.010.217) e a Agricultura (1.559.184).

Os dados sobre emprego ressaltam algumas particularidades do setor. Primeiro, que, na saúde, apesar do uso intenso de tecnologia, o contingente de profissionais continua a crescer – ao contrário do que ocorre em outros setores. Segundo, que o crescimento vem acompanhado de maior exigência em relação à qualificação dos trabalhadores. Conforme os dados do CAGED, em 2018 foram extintas 3.774 vagas de  profissionais com o fundamental incompleto, ao passo que foram criadas 92.755 vagas para aqueles com nível de escolaridade entre o ensino médio incompleto e o superior completo.

É interessante notar ainda que a expansão do emprego na saúde privada se espraiou por todos os estados do país, com exceção do Acre, que apresentou saldo negativo de 119 vagas. São Paulo liderou a geração de empregos com 25.608 novos postos de trabalho. No total, em comparação com o ano anterior, o setor gerou 80% mais empregos formais.

Os números mostram o peso que a saúde privada adquiriu na economia brasileira, o que se explica pela demanda crescente por serviços de saúde. O fenômeno é mundial e decorre principalmente  da mudança no perfil demográfico e epidemiológico – a maior longevidade das pessoas, o aumento na proporção de idosos e a preponderância das doenças crônicas, próprias do envelhecimento, que exigem cuidados continuados.

O desempenho surpreendente da saúde privada na geração de empregos se deu, repetimos, apesar das condições de mercado desfavoráveis dos últimos anos. Percebe-se aí o papel estratégico que o setor desempenha para a sociedade brasileira, tanto do ponto de vista social como econômico. E percebe-se também o comprometimento das empresas do setor com a expansão e a modernização dos serviços, para atender mais e melhor a sociedade brasileira.