Agosto Dourado (Aleitamento Materno)
Coluna assinada por Alessandra Sapienza Domingues, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Ribeirão Pires - Rede D'Or

(Imagem: Freepik)

Publicado no jornal Diário do Grande ABC.

Quais são os principais benefícios do aleitamento materno?

O aleitamento materno é essencial para a saúde do bebê e da mãe. Para os bebês, ele fornece nutrientes indispensáveis e anticorpos que fortalecem o sistema imunológico, ajudando a prevenir infecções respiratórios e gastrointestinais. Além disso, o leite rigterno é de fácil digestão e contribui para o desenvolvimilito cognitivo. Para as mães, a amamentação acelera a recuperação pós-parto, reduz os riscos de câncer de mama e ovário e fortalece o vinculo com o bebé.

Quando o leite materno deve ser introduzido?

O leite materno deve ser oferecido ao bebê logo após o nascimento, preferencialmente na primeira hora de vida, prática que chamamos de “Hora Dourada”. Esse primeiro contato é crucial, pois o colostro, o primeiro leite, é rico em anticorpos e nutrientes vitais. No Hospital e Maternidade Ribeirão Pires, promovemos o contato pele a pele imediatamente após o parto e incentivamos a amamentação precoce, assegurando que cada bebé tenha o melhor inicio de vida possíivel.

Quais são os principais cuidados que a mãe precisa ter no ato da amamentação?

Amamentar é um momento especial que requer alguns cuidados para garantir o sucesso e a segurança do bebê. Um dos aspectos mais importantes é a pega correta: o bebê deve abocanhar não só o mamilo, mas também grande parte da aréola, para evitar fissuras e garantir que ele receba leite suficiente. A mãe deve estar em um ambiente tranquilo e em uma posição confortável. com apoio para as costas e os braços, para que o processo seja relaxante tanto para ela quanto para o bebê. Além disso, é importante ter atenção com riscos de queda durante a amamentação, especialmente se a mãe estiver cansada ou em posições como a cama ou o sofá.

O que a mulher pode fazer para manter a produção de leite após o retorno ao trabalho?

Manter o aleitamento materno após o retorno ao trabalho é um desafio, mas com algumas estratégias, é possível continuar a amamentar com sucesso. A mãe deve amamentar sempre que estiver com o bebê, especialmente nas primeiras horas da manha e à noite, para manter a produção de leite constante. Durante o expediente, é importante que ela faça a extração do leite com regularidade, idealmente a cada três horas, utilizando uma bomba manual ou elétrica, O leite deve ser armazenado corretamente em recipientes próprios e mantido em geladeira ou congelador para garantir sua qualidade, No Hospital e Maternidade Ribeirão Pires, orientamos as mães sobre as melhores práticas para extrair e armazenar o leite durante a internação e entregamos um folder com as orientações de retirada e armazenamento.

Quais as vantagens que o aleitamento materno também traz para as mulheres?

Além dos benefícios para a bebê, o aleitamento materno traz inúmeras vantagens para as mulheres. Ele auxilia na perda de peso pós-parto, promove a liberação de hormônios que ajudam na recuperação do útero e diminui o risco de depressão pós-parto. A longo prazo, amamentar reduz as chances de desenvolver câncer de mama e ovário, além de proteger contra doenças cardiovasculares.

Quais são os diferenciais do Hospital e Maternidade Ribeirão Pires no cuidado envolvendo o aleitamento materno?

No Hospital e Maternidade Ribeirão Pires, nos destacamos pelo nosso cuidado humanizado e personalizado, com um forte compromisso em promover o aleitamento materno desde o início. Durante o pré-natal, oferecemos orientações detalhadas através do curso de pais, que aborda temas cruciais como as técnicas de amamentação e a manobra de desengasgo. Já na internação, contamos com o Grupo de Apoio ao Aleitamento Materno (GAAM), que está sempre disponível para fornecer suporte continuo, orientando e auxiliando as mães na amamentação. Nosso compromisso com a “Hora Dourada” da amamentação assegura que cada bebê tenha a oportunidade de iniciar sua vida com os benefícios do aleitamento materno logo na primeira hora após o nascimento, Todos os recém-nascidos passam por uma avaliação detalhada com nossa fonoaudióloga, que oferece orientações sobre a amamentação e a pega correta do bebê, Durante a campanha do Aposto Dourado, envolvemos toda a nossa equipe assistencial em palestras e treinamentos para reforçar a importância do aleitamento materno e garantir que todos estejam alinhados no apoio as mães. Nossas esquipes estão sempre pontas para oferecer orientação e suporte, garantindo que todas as famílias tenham a melhor experiência possível durante essa fase tão importante.

Agosto Dourado destaca benefícios do aleitamento materno
Médica ressalta importância da rede de apoio para as mães

Da Agência Brasil

Instituído no Brasil pela Lei 13.435/2017, agosto é o Mês do Aleitamento Materno, quando são intensificadas ações de conscientização e esclarecimento sobre a importância da amamentação. O mês é conhecido como Agosto Dourado, já que esta cor destaca o padrão ouro de qualidade do leite materno.

Em entrevista à Agência Brasil, a pediatra Eucilene Kassya Barros, professora do Instituto de Educação Médica (Idomed), disse que são inúmeros os benefícios da amamentação para mães e bebês. O leite que a mãe produz é o alimento que tem todos os nutrientes específicos para cada necessidade do filho, ao mesmo tempo que estimula o desenvolvimento do sistema imunológico dos pequenos.

“Os bebês que mamam costumam passar menos tempo no hospital quando adoecem. São bebês que têm menos resfriados no primeiro ano de vida, menos quadros diarreicos nos primeiros dois anos de vida, menos risco de obesidade e de diabetes médias”. Para as mães, os benefícios da amamentação vão da redução de peso mais rápida no pós-parto á diminuição dos riscos de diabetes tipo 2 e  de câncer de mama e de ovário. “Temos aí benefícios para ambas as partes”, afirmou Eucilene.

O leite materno evita doenças, porque contém imunoglobulina A, proteína que age na proteção das mucosas do sistema respiratório do bebê, evitando a progressão de infecções, além de reduzir a exposição e a absorção intestinal de alergênicos responsáveis pelas doenças respiratórias. Segundo a pediatra, a amamentação prolongada acima de seis meses, pode trazer ainda mais benefícios.

Internações

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida reduz em até 63% as internações hospitalares por doenças respiratórias, como pneumonia, bronquiolite e gripes. “Nos primeiros dias do pós-parto, a mãe produz o leite in natura, que nós chamamos colostro, que é rico em imunoglobulina e protege o bebê contra inúmeras doenças, ao longo de toda a vida. Nos quadros respiratórios, isso tem papel fundamental”, acrescentou Eucilene.

O aleitamento materno protege do risco de morte principalmente nos primeiros 5 anos de vida, período em que o risco costuma ser maior, independentemente de a criança ter comorbidades, ou não. “O leite materno reduz esse risco, exatamente por ser um alimento padrão ouro.”

A pediatra advertiu que, nos primeiros dias, a mãe pode ficar com o mamilo um pouco mais sensível, em função da mudança hormonal que a mulher passa. Por isso, é importante uma orientação adequada para se avalie a “pega” do bebê, se ele não tem um frênulo curto na língua que precise ser abordado para que não machuque nem faça fissura na auréola e a mãe consiga amamentar sem dor nos primeiros dias.

Uso de silicone

A pediatra afirmou que, não há impedimentos para a amamentação em uma mulher que tem prótese de silicone ou que precisou fazer uma cirurgia de redução mamária. “Ela pode amamentar. Hoje em dia, as cirurgias são feitas já pensando nisso, são minimamente invasivas. No caso do silicone, não tem maiores problemas. No caso da redução de mama, os médicos se preocupam em proteger a maior parte do tecido mamário para, realmente, fazer com que isso não prejudique a amamentação de forma alguma”.

Eucilene ressaltou, no entanto, que essa mulher precisará ser acompanhada porque não é tão raro, nos dois casos, ter que complementar a alimentação da criança, por conta de alguma dificuldade na produção de leite. “Pode haver essa necessidade.”

O cirurgião plástico Fernando Amato, especialista em reconstrução mamária e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), também não vê problema para a mulher com silicone amamentar. “Normalmente não interfere”, disse Amato, explicando que o implante fica abaixo da glândula ou até embaixo da musculatura peitoral e, durante a colocação, quase não ocorre trauma na glândula mamária.

Aleitamento prolongado

Eucilene Barros defendeu a importância do aleitamento materno prolongado, mesmo após a introdução de outros alimentos na dieta da criança. Segundo a pediatra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera ideal um período de dois anos, ou mais, de amamentação. “Esta é a recomendação para todas as mães.”

Conhecer os benefícios do aleitamento materno para as mães e as crianças é importante para a mãe e a criança. Este ano, o tema da campanha da Semana Mundial do Aleitamento Materno, que vai de 1º a 7 de agosto, é “Possibilitando a amamentação: fazendo a diferença para mães e pais que trabalham”.

Os primeiros meses de vida são muito importantes, mas a médica e professora do Idomed destacou que é preciso apoiar as mulheres que trabalham fora para que consigam persistir no aleitamento nos dois primeiros anos, como recomenda a OMS. É importante que a mulher que amamenta, tanto nesse começo quanto depois dos 6 meses, tenha uma rede de apoio que possa, de fato, garantir que mantenha o propósito de continuar amamentando, acrescentou.

Saúde óssea

O médico reumatologista Felipe Grizzo, membro da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), destacou que, apesar de a amamentação exclusiva causar uma perda óssea temporária na mulher, estudos sinalizam que ocorre uma recuperação completa após o desmame. Pesquisas não encontraram também aumento no risco de osteoporose pós-menopausa relacionado à gestação ou lactação.

Grizzo enfatizou que o aleitamento materno não traz malefícios para a saúde óssea da mãe. Embora cada caso deva ser analisado individualmente, o reumatologista explicou que não há, em geral, contraindicações para a amamentação, por causa de problemas osteometabólicos. “Fraturas durante a amamentação são extremamente raras e geralmente estão associadas a condições de saúde pré existentes”. A recomendação é que, durante o pré-natal, as gestantes sejam avaliadas individualmente para identificação de condições de risco para fraturas durante a amamentação e implementação das medidas protetivas necessárias.

O reumatologista lembra que durante a gestação, ocorre uma mobilização significativa de cálcio pela mulher para a formação do esqueleto do feto, o que eleva a absorção intestinal desse mineral nesse período, comparado à fase anterior à gravidez. Para prevenir a perda óssea, indicou ser essencial garantir a ingestão adequada de cálcio ou a suplementação durante o segundo e o terceiro trimestre de gestação. O especialista esclareceu ainda que durante a lactação, a absorção intestinal do cálcio da mãe retorna aos níveis pré-gestacionais.

No caso de gravidez na adolescência, a gestação ocorre durante o período de pico de massa óssea, o que levanta questionamentos sobre o impacto tardio no esqueleto materno. Contudo, estudos realizados não demonstraram aumento da osteoporose na pós-menopausa nessas mulheres, informou o reumatologista.