Banco do Brasil tem lucro de R$ 5,2 bi no 1º semestre

O Banco do Brasil (BB) registrou lucro líquido ajustado de R$ 5,2 bilhões no primeiro semestre deste ano, segundo o balanço divulgado hoje (10) em São Paulo. Em comparação com o mesmo período de 2016, houve um crescimento de 67,3%. No segundo trimestre (abril, maio e junho) o lucro ficou em R$ 2,62 bilhões, um crescimento de 7,2% em comparação aos primeiros três meses do ano.

A instituição fechou junho com uma carteira de crédito de R$ 696,1 milhões, crescimento de 1,1% em relação ao primeiro trimestre. Porém, em relação à primeira metade de 2016, a carteira ainda é 8,5% menor que os R$ 753 milhões registrados à época. Apesar da retração, o ligeiro crescimento no segundo trimestre foi a primeira expansão da carteira desde dezembro de 2015.

A carteira de crédito para pessoas físicas teve um ligeiro aumento (1,1%) na comparação com junho do ano passado, chegando a R$ 174 bilhões no fim do primeiro semestre. Desse montante, 36,9% foram emprestados via crédito consignado e 24,7% por financiamento imobiliário.

Com um total de R$ 43 bilhões, os financiamentos para aquisição de imóveis tiveram crescimento de 8,4% em 12 meses, enquanto os desembolsos com crédito consignado se expandiram 33,2%, atingindo R$ 18,5 bilhões.

Os empréstimos para pessoas jurídicas somam R$ 277,2 bilhões, uma retração de 15,4% em relação ao primeiro semestre de 2016. Nessa parte da carteira de crédito, 41,4% dos empréstimos são para capital de giro de empresas e 20,4% para investimentos.

A carteira de crédito para o agronegócio fechou junho em R$ 188,2 bilhões, uma expansão de 2% em relação ao mesmo período de 2016. Para o plano Safra 2017/18, o banco se preparou para desembolsar R$ 103 bilhões em financiamento, 42% mais do que para o período 2016/17.

Inadimplência

A taxa de inadimplência aumentou dos 3,89% do final de março para 4,11%, acima da média do sistema financeiro nacional, que caiu de 3,9% para 3,7% no período. O banco atribuiu parte dessa situação ao pedido de recuperação judicial de um grande cliente feito no ano passado. Desconsiderando essa situação, o percentual de não pagamento para o Banco do Brasil estaria em 3,7%.

Mesmo esse número, entretanto, significa um aumento em comparação com os 3,47% (desconsiderados os casos específicos) registrados no fim de março. O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, justificou a situação em razão da política da instituição, de manter a oferta de crédito, mesmo durante a crise, diferente do feito por outros bancos, que pararam de emprestar. Com isso, de acordo com Caffareli, o BB acabou sofrendo os impactos da conjuntura econômica.

“As crises passadas duraram menos do que cinco trimestres. Aqui, já passaram de 20. Nas crises passadas você teve menos de 400 empresas que recorreram à recuperação judicial. Nesta crise já passou de 4 mil empresas. É um ponto que tem que ser muito bem considerado. Nós não estamos lidando com uma crise como as passadas”, destacou ao falar da persistência da alta da inadimplência.

Caffarelli disse que o perfil da carteira de clientes da instituição também se reflete nos resultados. “Nós temos um volume grande de micro e pequenas empresas que foram menos resilientes a toda essa crise. É notório que um banco com o perfil do Banco Brasil, que tem uma carteira muito alta de micro e pequenas empresas, sofra mais do que os demais”, acrescentou.

Para os próximos meses, no entanto, o banco projeta um cenário mais favorável. “A gente espera para o segundo semestre de 2017 uma estabilidade. Com relação à inflação, a gente não tem nenhuma perspectiva de que vai ter um pico”, disse. A perspectiva do BB é de encerrar o ano com um lucro líquido ajustado entre R$ 9,5 bilhões e R$ 12,5 bilhões.

Banco do Brasil anuncia R$ 103 bilhões para Plano Safra

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Presidente Temer discursou no lançamento do Plano Safra                   José Cruz/Agência Brasil

O Banco do Brasil anunciou nesta terça-feira (11) que vai destinar R$ 103 bilhões de recursos para o Plano Safra 2017/2018. O anúncio foi feito em cerimônia no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, e é um detalhamento do Plano Safra lançado oficialmente no início do mês. O Banco do Brasil é um dos agentes financiadores.

A maior parte dos recursos, R$ 91,5 bilhões, será para o crédito rural aos produtores e cooperativas. Deste montante, R$ 72,1 bilhões serão direcionados para operações de custeio e comercialização e R$ 19,4 bilhões para créditos de investimento agropecuário. Já os R$ 11,5 bilhões restantes serão destinados às empresas da cadeia do agronegócio.

Entre os destaques está a redução das taxas em um ponto percentual para linhas de custeio, investimento e comercialização para a agricultura empresarial. O médio produtor rural terá direito à fatia de R$ 15,5 bilhões pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural.

Já a agricultura familiar terá, pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), R$ 14,6 bilhões. Serão mantidas as taxas de financiamento de 2,5% a 5,5% ao ano. A linha de crédito Pronaf Mais Alimentos terá R$ 6,5 bilhões. O Programa Agricultura de Baixo Carbono terá R$ 1,5 bilhões em financiamento.

Outro R$ 1 bilhão será voltado para o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns. Será ofertado também R$ 1 bilhão por meio do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro). A abrangência do programa foi ampliada e inclui agora equipamentos de agricultura de precisão e de sistemas de conectividade para a gestão das atividades agropecuárias, entre as atividades financiadas.

O Banco do Brasil estima aplicar R$ 700 milhões para operações de investimento pelo Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota).

A cerimônia contou com a presença do presidente Michel Temer que, em seu discurso, ressaltou a importância do setor: “Nosso agronegócio nos estimula a superar a crise que herdamos”, disse o presidente Michel Temer.

Safra

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, comemorou os resultados agrícolas e se mostrou otimista sobre a quebra de recordes. Hoje a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou a previsão de que produção de grãos para a safra 2016/17 pode chegar a 237,2 milhões de toneladas, com aumento de 27,1% ou 50,6 milhões de toneladas frente a safra passada (186,6 milhões de toneladas). Os números são da 10ª estimativa da atual safra.

“Cada vez mais os números crescem”, disse o ministro. Seguindo estimativas, ele acredita que a safra poderá chegar a 240 milhões de toneladas. “Esse é o tamanho da safra que o Brasil terá. São 113 milhões de toneladas de soja, 97 milhões de toneladas de milho e muito provavelmente a gente consiga chegar a 100 milhões de toneladas de milho. Recorde na agricultura brasileira”.

“Uma safra se faz com planejamento. Sabemos que se não houver planejamento nas compras dos insumos, financiamento na hora certa, não adianta São Pedro colaborar que não vamos ter condições de fazer”, disse o ministro que acrescentou: “A parte do governo estamos com ela totalmente pronta para uma nova e grande safra”.

Para Maggi, o país deve fortalecer as exportações: “O principal negócio de um país é fazer negócio fora do país. É aí que vamos crescer”, disse no discurso. “O mercado não se faz dando beijinhos e dando abraços. O mercado se conquista na cotovelada e na butina. É assim que tem que ser feito. Claro que dentro das regras”.

Banco do Brasil fechou 185 agências bancárias desde o anúncio de reestruturação

Reestruturação deve gerar uma economia de R$ 750 milhões

O Banco do Brasil já fechou 185 das 402 agências bancárias previstas para encerrar as atividades até março de 2017. A redução da estrutura física de atendimento faz parte do plano de reestruturação anunciado pelo banco em novembro de 2016. Um mês antes, a instituição já havia comunicado o fechamento de 51 agências.

A reestruturação também prevê a transformação de 379 agências em postos de atendimento e a extinção de 31 superintendências regionais. Apenas com a reorganização, o Banco do Brasil espera economizar cerca de R$ 750 milhões, recursos que a instituição planeja investir parcialmente na expansão e melhoria do atendimento digital. Segundo o banco, o número de correntistas que usam computadores e celulares para realizar operações bancárias básicas é cada vez maior, e a economia com o redimensionamento da estrutura física permitirá que as operações sejam readequadas conforme o novo perfil dos clientes.

O banco planeja abrir 255 escritórios e agências de atendimento digital ainda este ano. Atualmente, há 245 unidades digitais em funcionamento, que atendem a 1,3 milhão de clientes, com expectativa de chegar a 4 milhões até o fim de 2017. Segundo o Banco do Brasil, além de mais eficiente e rentável para a instituição, o novo modelo tem sido aprovado pelos clientes, que têm consumido até 40% mais produtos e serviços do que nas agências físicas.

Clientes sem aviso
De acordo com o banco, os clientes das agências a serem fechadas são avisados previamente por meio de correspondência e mensagens de celular, cartazes afixados nas agências, contato dos gerentes de contas e também pelos terminais de autoatendimento. No entanto, em apenas meia hora diante de uma das 17 agências já fechadas em Brasília (outras três terão o mesmo destino até o próximo dia 19), a reportagem Agência Brasil testemunhou a surpresa de várias pessoas diante do cartaz afixado na porta.

Cliente da agência da 502 Sul desde 1997, o paisagista Gilson Silva lamentou ter que passar a gastar mais gasolina e tempo para se deslocar até a agência mais próxima. “Todo começo de mês eu venho ao banco pagar contas, providenciar o pagamento dos funcionários e fazer outras coisas que não faço pela internet. E tinha escolhido essa agência justamente em função da proximidade”.

Moradora de um prédio quase em frente à agência, Marlene Moura estava viajando quando a agência encerrou as atividades, no último dia 28. Só hoje (14), ao passar em frente ao prédio desocupado e ver os avisos, soube do fechamento. “Essa agência vai fazer muita falta. Principalmente porque nessa área há muitos idosos e a alternativa mais próxima fica em uma área não muito segura.”

Administradora Anna Paula Barros disse que não recebeu nenhum aviso sobre o fechamento da agência da qual é correntista há muitos anos – apesar de frequentar o local cada vez menos desde que passou a usar os serviços digitais do banco. “Recebi sim uma mensagem para procurar minha agência, mas que não dizia nada sobre o fechamento ou para onde minha conta seria transferida. Hoje vim até aqui, mas estou sem saber sequer onde fica minha agência. Vamos ver que orientação vão me dar nesses telefones de contato.”

Já o comerciante Valdex Paulo Silva, dono de uma loja de reparos de televisores vizinha ao antigo banco disse pensar em transferir sua conta para uma instituição privada. “Mudei para o Banco do Brasil há muitos anos exatamente porque o banco onde eu tinha conta antes fechou a agência que funcionava aqui perto. Agora, estou pensando em ir para outro que fica no fim da quadra. Uso bastante o aplicativo para celular, mas tem coisa que prefiro resolver presencialmente.”

Trabalhadores
Segundo o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos de Souza, a reestruturação do Banco do Brasil feita “às pressas” causou não só transtornos desnecessários para os clientes e muitos comerciantes, como é motivo de preocupação para os empregados da instituição. Em várias partes do país, sindicatos dos bancários afirmam receber queixas de funcionários que alegam ter sido transferidos para outras agências sem aviso prévio.

“As novas tecnologias exigem uma readequação e o banco tem autonomia para tomar decisões administrativas, mas as justificativas para a reestruturação são reducionistas e imediatistas. Muita gente continua indo às agências bancárias, onde a qualidade do atendimento tende a piorar”, disse Souza. “O país ainda não dispõe de acesso à internet de qualidade que justifique fazer uma reestruturação assim às pressas, em poucos meses. Isso poderia ser feito gradualmente, minimizando os impactos e evitando prejuízos aos trabalhadores e aos clientes.”

Para Souza, a reestruturação nacional e medidas como a redução da presença no exterior a título de reforçar o capital da instituição tendem a “apequenar” o Banco do Brasil. O secretário-geral da Contraf argumenta que a presença de agências bancárias em pequenas cidades contribui para o dinamismo da economia local, facilitando o acesso da população às linhas de crédito e financiamentos.

“Na verdade, são 781 agências bancárias que estão sendo fechadas. Na maioria dos casos, transformar agências em postos de atendimento é a mesma coisa que fechá-las, pois esses postos não têm autonomia: não operam linhas de crédito e financiamento, têm apenas caixas eletrônicos e, quando muito, um único funcionário”, comparou.

Banco do Brasil quer, aos 208 anos, agir como startup

Inovação é a palavra chave para o Banco do Brasil

O ano de 2017 começou com expectativas altas no Banco do Brasil. A instituição financeira tenta colher os primeiros resultados de um plano ambicioso, iniciado em 2016, para ser uma empresa mais inovadora.

Em junho do ano passado, o banco criou um laboratório no Vale do Silício, região dos Estados Unidos conhecida pela grande concentração de gigantes da tecnologia, como Apple e Google. Dois grupos de funcionários da empresa, com cinco pessoas cada, já foram enviados para o Vale desde então.

No fim de fevereiro, a terceira turma embarca para a Califórnia. A missão deles é atuar como startups “de verdade”, com projetos próprios, além de entrarem em contato com a cultura inovadora da região.

“Queremos que o banco tenha essa leveza de startup num corpinho de 208 anos”, diz Joaquim Venâncio, líder de produtos digitais do Banco do Brasil. “Pai” do projeto, Venâncio fez parte da primeira turma enviada pelo banco à Califórnia.

Lá, ele e mais quatro colegas desenvolveram o protótipo de um sistema de emissão de ingressos ao longo de três meses.

“Testamos algo bem diferente do sistema do banco”, explica o executivo.

A ideia do Banco do Brasil é que os funcionários tenham a experiência de criar uma startup. Cada membro das equipes enviadas ao Vale, por exemplo, é considerado “sócio-fundador” de um projeto, que deve ser desenvolvido nos três meses de viagem.

Ao chegar ao Brasil, o grupo precisa apresentar seu protótipo aos “investidores” – no caso, diretores do banco que podem apoiar a ideia do grupo e garantir que ele seja desenvolvido na instituição.

A turma de Venâncio, por exemplo, continua desenvolvendo o sistema de ingressos. No meio de fevereiro, eles terão um “pitch” – jargão do ramo para “apresentação” – com outros diretores e vice-presidentes do Banco do Brasil.

Se aprovados, serão “acelerados” – isto é, receberão verba para seguir com a ideia. “Se quero ser como uma startup, não posso ser hipócrita de achar que não preciso passar pelo mesmo processo”, defende Alexandre Lima, gerente de projetos corporativos do BB e colega de turma de Venâncio.

Segundo a dupla, que contou sua experiência durante a Campus Party – evento de tecnologia realizado em São Paulo -, o sistema de emissão de ingressos poderá ser usado no futuro em várias sedes do Centro Cultural Banco do Brasil.

A plataforma, porém, não tem data prevista para entrar no ar. Seu maior diferencial é a segurança, que evita a falsificação de ingressos.

“Levamos a segurança bancária para outro universo”, diz Lima.

Inspiração

A segunda turma, enviada pelo banco entre setembro e novembro de 2016, criou uma solução para “facilitar a divisão de contas”, ainda sem previsão de lançamento.As duas experiências bem-sucedidas levaram o Banco do Brasil a abrir, em dezembro de 2016, outro laboratório de inovação, mas em Brasília.

Por lá, já passaram oito equipes.Alguns produtos mais simples criados no centro de Brasília já estão em uso pelos clientes. É o caso do gerenciador financeiro Minhas Finanças, o aplicativo de abertura de conta corrente Conta Fácil e o Pagar e Receber, que facilita transferências entre correntistas.

“Outras não deram certo. Faz parte do processo”, diz Lima. “Nos EUA, quem falhou é visto como alguém que aprendeu algo. Aqui, quem falha é um perdedor. Precisamos mudar isso.”

Os funcionários trouxeram um pouco da cultura do Vale do Silício para o dia a dia no banco. As reuniões de projetos da startup, por exemplo, duram no máximo uma hora.

“Se precisar continuar, marcamos outra. É preciso ter respeito pelos horários das pessoas.”Qualquer funcionário pode se inscrever para criar uma startup do programa. “Já tivemos de escrivão a gerentes em seleções”, diz Lima.

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