ONU lança site para ajudar refugiados a encontrar emprego no Brasil

Pacto Global e a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) lançaram hoje (3)  site com o objetivo de facilitar a contratação de refugiados que vivem no Brasil. O lançamento ocorreu nesta manhã (3) na capital paulista.

A plataforma é voltada para as empresas, que podem buscar, no site, orientação sobre o processo de contratação de refugiados. Caio Pereira, secretário executivo do Pacto Global, esclarece que o documento de pedido de refúgio é suficiente para o registro de contratação pelas empresas.

“Na plataforma, tem o passo a passo, os documentos. O que a gente vê, muitas vezes, é que o principal desafio é a falta de conhecimento para contratar. Muitas vezes, o  setor de Recursos Humanos tem suas travas. Legalmente, a gente sabe que é muito fácil contratar”.

Ele defendeu que as empresas têm a responsabilidade de atuar ativamente na sociedade para a evolução das causas sociais. “As empresas precisam refletir a diversidade da população”.

Mulheres

Segundo Adriana Carvalho, gerente de Princípios de Empoderamento da Oraganização das Nações Unidas (ONU)  mulheres, estudos apontam que as empresas com mais diversidade são mais lucrativas e vivem por mais tempo. “Tem muitas razões sócio-econômicas para a gente querer uma sociedade mais inclusiva”.

Os casos de mulheres refugiadas, na opinião de Adriana, costumam ser mais complexos que dos homens, muitas delas chegam com seus filhos.

O programa voltado a esse público feminino, Empoderando Refugiadas, beneficiou 130 mulheres da Colômbia, Síria, de Moçambique, da República Democrática do Congo e Venezuela. Na última edição, que começou em julho incluiu 50 participantes venezuelanas, sírias, angolanas e congolesas.

Dados

Paulo Sérgio Almeida, oficial da Acnur, avalia que o mundo registra, atualmente, o maior número de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. “Por ter tido uma opinião política, por causa de sua fé, por causa de sua raça. Deixam uma vida para trás e chegam em outro lugar novo para recomeçar.”

No Brasil, a acolhida de venezuelanos foi o maior desafio enfrentado, pela necessidade de interiorização. “Num país continental como o Brasil, eles chegam na pontinha, no Norte. Há uma retenção, as pessoas ficam lá sem oportunidades. Elas querem contribuir, mas não conseguem se deslocar pelo alto custo”.

De acordo com o Comitê Nacional para Refugiados do Ministério da Justiça, até o final de 2018 o Brasil reconheceu 10.522 refugiados vindos de 105 países, como Síria, República Democrática do Congo, Colômbia, Palestina e  o Paquistão. Desse total, pouco mais de 5 mil tem registro ativo no país, sendo que 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. A população síria representa 35% dos refugiados com registro ativo no Brasil.

Fechamento de fronteira com a Venezuela paralisa comércio em Pacaraima

O fechamento da fronteira com o Brasil determinada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no dia 21 de fevereiro, está impactando a economia de Pacaraima (RR), cujo o comércio atende a população do sudeste do país vizinho, em especial de Santa Elena de Uairén, a 17 quilômetros de distância.

O empresário Fabiano Coelho de Moraes, dono de um laboratório clínico e de uma farmácia em Pacaraima relatou à Agência Brasil que já demitiu duas pessoas por causa da baixa procura no comércio. “A situação é a mais crítica. Do nada, cortaram tudo. Há muito estoque de mercadoria e o pagamento dos boletos dos fornecedores estão em atraso. Não temos como pagar”, contou, ao assinalar que a situação de supermercados e vendas com produtos perecíveis é ainda mais crítica.

Os comerciantes e a população de Pacaraima também perderam acesso aos postos de combustíveis na Venezuela. Não há postos na cidade fronteiriça brasileira e para conseguir abastecer diretamente o carro precisam ir até a capital Boa Vista, a 215 quilômetros. O preço do combustível vendido em toneis em Pacaraima chega a R$ 8 o litro, cinco vezes mais caro do que o valor pago na Venezuela (R$ 1,5).

Apesar do fechamento da fronteira, alguns venezuelanos conseguem atravessar a fronteira dos dois países por dois caminhos menos fiscalizados pela polícia venezuelana para se abastecer e retornar ao país. Mas há um contingente que não tem meios de voltar e acaba sendo atendido pela Operação Acolhida, do Exército brasileiro e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Na cidade, cerca de 700 venezuelanos dormem em dois abrigos da Acnur e há mais de mil pessoas nas ruas. A presidente da Associação Cultural Canarinhos da Amazônia, que atende a 238 famílias (80 crianças) reconhece o trabalho do Exército e da Acnur, mas assinala que a distância da cidade, no extremo norte do Brasil, e a proximidade com a Venezuela em conflito político e em situação social precária é muito preocupante. “Estamos ilhados aqui. O Brasil precisa nos ver com outro olhar”.

De acordo com o IBGE, 95% da renda de Pacaraima depende das transferências federais e do estado de Roraima. A população, estimada em 15 mil habitantes, tem renda per capita de R$ 13,5 mil ao ano – e salário médio mensal de 1,8 salário mínimo.

O Ministério das Relações Exteriores informou à Agência Brasil que mesmo com a fronteira fechada com a Venezuela, o consulado em Santa Elena tem conseguido trazer brasileiros que procuram o serviço diplomático. Nos últimos dois dias, mais de 90 brasileiros conseguiram deixar a Venezuela e regressar pela divisa de Pacaraima graças ao Itamaraty.

Mourão: sem medidas extremas, Venezuela pode ser pacificada

Em discurso de dez minutos na reunião do Grupo de Lima, em Bogotá (Colômbia), o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afastou hoje (25) a possibilidade de intervenção na Venezuela. Segundo ele, o país deve buscar uma solução pacífica para alcançar o “convívio democrático nas Américas” e “sem qualquer medida extrema”. Porém, defendeu a imposição de sanções econômicas e financeiras ao governo de Nicolás Maduro.

“O Brasil acredita firmemente que é possível devolver à Venezuela ao convívio democrático das Américas, sem qualquer medida extrema que nos confunda, nações democráticas, com aquelas que serão julgadas pela história como invasoras e violadoras das soberanias nacionais”, ressaltou.

Para Mourão, o que se vive na Venezuela vive sob o regime de Maduro contraria os princípios democráticos e de liberdade.

“Em Caracas [capital venezuelana] instalou-se um regime de privilégios, discriminação e violência que não respeita as condições mais elementares do Estado de Direito democrático: a liberdade de expressão, eleições livres, alternância de partidos no poder, independência dos Poderes constituídos e legítima representação nacional”, destacou.

Sanções

Antes de Mourão discursar, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, defendeu a imposição de mais sanções ao governo da Venezuela enquanto Maduro se mantiver no poder. Ele não detalhou, mas pediu apoio aos presentes.

O vice-presidente brasileiro afirmou que é necessário “buscar sanções nos foros internacionais” para que “prevaleça o direito internacional”. Mourão não detalhou que medidas poderão ser adotadas.

Ameaças

Mourão mencionou os riscos do regime Maduro à região. “[Há uma] ameaça à democracia, à defesa e à segurança dos países da região”, disse o vice-presidente, citando a ausência de respeito aos poderes instituídos e a alternância de governo.

O vice-presidente reiterou a urgência de convocar eleições organizadas pela “Assembleia Nacional soberana e fiscalizada pela Organização dos Estados Americanos”.

Solidariedade

O vice-presidente apelou para a “solidariedade interamericana” no esforço de restaurar a democracia na Venezuela e encerrar o regime chavista em alusão ao ex-presidente Hugo Chávez, que antecedeu Maduro.

Mourão reafirmou o “compromisso com a paz, legalidade e legitimidade”, e avaliando que “a luz dos acontecimentos de uma década” a Venezuela não vai conseguir livra-se sozinha da opressão do regime chavista, Mourão negou possibilidade de intervenção militar no país vizinho.

Atores estranhos

Mourão demonstrou preocupação com a militarização da Venezuela. “A Venezuela, sem ter recebido nenhuma ameaça direta de sua soberania e de sua representação territorial, militarizou parte de sua população através de milícias ideologizadas”, alertou.

Segundo o vice-presidente, desde 2009, a Venezuela compra “equipamentos militares sofisticados com considerável capacidade de força: carro de combate, helicópteros, caças”. “Mais graves que essas aquisições é a disposição do regime de Caracas de atrair atores estranhos à região, que podem aproveitar eventual conflito interno no país para mover peças do tabuleiro de sua confrontação mundial com o ocidente”.

Mourão não citou nominalmente quais são esses “atores estranhos”, mas ressaltou que têm um comportamento comum. “Os grandes patrocinadores e apoiadores do regime venezuelano são países totalitários, ou autoritários, também violadores do direito internacional”, destacou.

Rio ganha filial da Associação dos Membros da Ordem Nacional do Mérito da França

Da esquerda para a direita: Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, Raphael Lange, embaixador Michel Miraillet e Gilberto Ururahy
Da esquerda para a direita: Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, Raphael Lange, embaixador Michel Miraillet e Gilberto Ururahy

Foi inaugurada no Brasil, no Rio de Janeiro, a filial da Associação dos Membros da Ordem Nacional do Mérito da França, que facilitará o estreitamento de laços entre os dois países. O espaço, que fica no oitavo andar da Casa da Europa, junto ao Consulado Francês, é destinado a brasileiros e estrangeiros que receberam a medalha da Ordem Nacional do Mérito. A honraria é considerada a segunda maior condecoração concedida pelo governo francês. A primeira é a da Legião de Honra, que possui cerca de 100 homenageados no Brasil. Ao longo de sua história, a insígnia da Ordem Nacional do Mérito foi entregue a 120 brasileiros que se destacaram pela contribuição na união entre os dois países.

A unidade brasileira da associação é presidida pelo especialista em medicina preventiva e diretor médico da Med-Rio Check-up, Gilberto Ururahy, que recebeu a condecoração no ano passado. Gilberto acredita que a sede possa se tornar um importante local para o desenvolvimento de iniciativas. O objetivo é articular ações em vários segmentos da sociedade para enriquecer as relações bilaterais, seja no campo do civismo, da cultura ou da benevolência. “Que a associação possa reunir indivíduos que são destaques das mais diversas áreas da sociedade para contribuir para o fortalecimento das relações entre os dois países”, avalia Gilberto, que também é diretor da Câmara de Comércio França-Brasil.

Segundo o embaixador da França no Brasil, Michel Miraillet, a inauguração da filial da associação vai selar uma parceria entre os dois países. “O Rio de Janeiro agora tem um coração, que é para a Embaixada Francesa um apoio importante, algo vivo, um elo com a França. Através dessas associações existem valores tradicionais da república francesa a serem respeitados, como ações cívicas, por exemplo. Para os portadores dessas insígnias não é uma recompensa e sim um engajamento com valores e causas franco-brasileiros. O papel das associações é de, periodicamente, reunir seus membros a fim de criar pautas para valorizar ainda mais os elos entre os dois países”, explica Miraillet.

Para o embaixador da França no Brasil, Michel Miraillet, a inauguração da filial da associação vai selar uma parceria entre os dois países.
Para o embaixador da França no Brasil, Michel Miraillet, a inauguração da filial da associação vai selar uma parceria entre os dois países.

Esta é a primeira sede da associação da Ordem Nacional do Mérito da França implantada em solo brasileiro. “Vamos trabalhar para estruturar bem a nossa filial, incentivando a aglutinação e a participação dos membros, e, a partir disso, ganhar representatividade para que haja o crescimento da associação”, afirma Gilberto.

No dia 23 de novembro, durante um jantar em homenagem à jornalista Ruth de Aquino, que ganhou o Prêmio Personalidade França-Brasil 2018, ocorreu o encontro do presidente da Associação dos Membros da Legião de Honra para o Brasil, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira; do presidente da Associação dos Membros da Ordem Nacional do Mérito da França-Brasil, Gilberto Ururahy; do embaixador da França, Michel Miraillet; e do presidente de Honra das Duas Insígnias do Governo Francês para o Brasil, Raphael Lange.

Sobre a Ordem Nacional do Mérito

Criada em 1963, pelo então presidente Charles de Gaulle, essa é segunda maior condecoração honorífica francesa, inferior apenas à da Legião de Honra, concebida por Napoleão Bonaparte, em 1802. A Legião de Honra e a Ordem Nacional do Mérito são as duas maiores insígnias do governo francês, outorgadas pelo presidente Emmanuel Macron.

Sobre Gilberto Ururahy

Gilberto Ururahy é médico pioneiro em Medicina Preventiva no Brasil. Dentre suas principais ocupações, ele é diretor-médico da Med-Rio Check-up, líder brasileira em medicina preventiva, com mais de 120 mil check-ups médicos realizados em executivos, homens e mulheres, das maiores empresas do país. Detentor da Medalha da Academia de Medicina da Franca e também das Medalhas Pedro Ernesto e Tiradentes, é autor dos livros “O Cérebro Emocional, as emoções e o estresse do cotidiano”, “Como se tornar um bom estressado”, “Emoções e Saúde” e de mais de uma centena de artigos médicos, publicados pela mídia brasileira. Ele também é chairman do Comitê de Saúde da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio) e presidente do Conselho de Medicina e Saúde da Associação Comercial do Rio de Janeiro.