Especialista alerta para o risco de aumento de casos de infarto e AVC no verão

Na estação mais quente do ano, o cuidado com a saúde deve ser ampliado. Durante este período, o risco de complicações para quem já teve algum tipo de disfunção cardiovascular é ainda maior. De acordo com o cardiologista do Hospital do Coração do Brasil, da Rede D’Or São Luiz, Fabrício da Silva, para aqueles que já tiveram infarto ou têm doença coronariana, as altas taxas de calor podem causar um desequilíbrio de controle de temperatura do corpo, aumentando a demanda de trabalho do coração. “É necessário um esforço cardíaco maior para que o indivíduo consiga perder calor para manter a temperatura do corpo mais controlada. Isto pode gerar um estresse cardíaco, contribuindo para a instabilização de alguns quadros”, explica o cardiologista.

Outro fator que deve ter atenção redobrada durante o verão é a constante hidratação. O calor pode causar a desidratação, fazendo com que aumente a viscosidade sanguínea, o que contribui para algumas instabilidades das placas coronarianas, aumentando assim o risco de infartos e acidente vascular cerebral – AVC.

Segundo o cardiologista Fabrício da Silva, pessoas que possuem doença coronariana também são mais suscetíveis à insolação. “Boa parte das medicações utilizadas para doenças cardiovasculares acabam dificultando o trabalho natural do nosso corpo de perder calor, como os diuréticos e os betabloqueadores. Isso faz com que estes pacientes sejam mais suscetíveis à insolação. A condição pode ser fatal, pois ocorre quando a temperatura do corpo ultrapassa 40.6°C. Nesta situação, algumas proteínas param de funcionar e começa a disfunção de órgãos, podendo levar à morte. São situações mais extremas, mas é necessário ficar atento”, afirma Fabrício da Silva.

Indivíduos que possuem insuficiência cardíaca, também devem ficar em alerta. “Normalmente, são pacientes orientados a manter restrição de líquidos, pela própria condição do coração, por ter um órgão mais fraco. Eles são mais predispostos a desidratar neste período de alto calor. O ideal é que, sempre nesta época, o paciente retorne ao cardiologista para fazer ajustes medicamentosos, inclusive nas doses de diuréticos, para evitar situações de urgência”, conclui o cardiologista.

Inverno deverá ser mais quente em três regiões do país

O inverno começa na próxima sexta-feira (21), às 13h, devendo originar, ao longo dos próximos três meses, temperaturas acima da média para o período nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste do país, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A estação se encerra na madrugada do dia 23 de setembro, quando dá lugar à primavera.

Conforme explica o Inmet, o inverno tem como característica a redução de chuvas nas três regiões e em partes do Nordeste e do Norte do Brasil. Com a diminuição da temperatura, ocasionada pelas massas de ar frio do sul do continente, amplia-se a probabilidade de ocorrerem geadas nas regiões Sul e Sudeste e no estado de Mato Grosso do Sul, além da queda de neve nas áreas serranas e planaltos do Sul do país e friagem em Rondônia, no Acre e no sul do Amazonas. As condições típicas da estação, que incluem inversões térmicas durante as manhãs, também podem produzir a formação de nevoeiros e névoa úmida nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Outro fenômeno que o inverno favorece são as queimadas e os incêndios florestais em determinados pontos do país. De acordo com o Inmet, as chances de aconteceram são maiores na Região Norte, entre a metade do inverno e o início da primavera.

Para o Centro-Oeste, a previsão é de que os incêndios florestais serão propícios devido à conjugação de três fatores: a baixa umidade relativa do ar, a menor ocorrência de chuvas e as temperaturas acima da média, que devem marcar, principalmente, os meses de agosto e setembro. Na região, informa o Inmet, a previsão é de que a umidade relativa do ar fique abaixo de 30%, tendo, em alguns momentos, picos mínimos abaixo de 20%.

Quanto à Região Sul, o Inmet prevê que a maior frequência das frentes frias contribuirá para variações nas temperaturas ao longo do trimestre e antecipa que as temperaturas médias devem permanecer acima da média climatológica. A exceção é a metade sul do Rio Grande do Sul e o leste de Santa Catarina, onde o inverno deverá ocorrer dentro da normalidade. Para essas duas áreas, estima-se que as temperaturas atinjam valores abaixo de 0º C em áreas serranas e planalto, principalmente no mês de julho.

De olho no verão

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Recordes de temperatura, ultrapassando facilmente os 40ºC. E justamente nesse período a exposição dos olhos aos raios solares se dá por mais horas e com mais frequência. “É preciso conscientizar as pessoas que assim como a pele, os olhos também precisam de proteção, pois os raios ultravioletas (UV) atingem com mais intensidade os tecidos oculares, principalmente a córnea”, alerta o membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) e Consultor do Instituto Varilux da Visão, Dr. Marcus Sáfady.

A falta de proteção aos raios UV contribui ainda para o desenvolvimento de outros problemas visuais, como a Ceratite Actínica. “A Ceratite é uma inflamação na córnea que costuma ocorrer em pacientes que ficaram de 6 a 12 horas expostos ao sol. Os sintomas são vermelhidão nos olhos, dor na região, sensação de areia e fotofobia. No tratamento, deve ser feito com a aplicação de compressas de água gelada filtrada nos olhos”, explica Sáfady, alertando que se os sintomas não diminuírem, deve-se procurar um oftalmologista o quanto antes.

Outro caso comum é o Pterígio, conhecido popularmente como ‘carne no olho’, uma alteração na membrana que recobre o olho com uma massa vermelha em direção à córnea. O desconforto pode ser amenizado com o uso do colírio, porém em casos mais graves é necessário procedimento cirúrgico. “É importante ressaltar também que qualquer tipo de tratamento ocular deve ser indicado pelo oftalmologista. Usar medicamentos sem orientação médica pode trazer mais problemas que benefícios”, alerta Sáfady.

Além disso, nos dias quentes há maior evaporação da camada aquosa da lágrima, contribuindo para o agravamento do olho seco e da fotofobia. “O olho seco é caracterizado por olhos vermelhos, sensação de corpo estranho, ardência, coceira e visão borrada. Já a fotofobia é a sensibilidade acentuada a luz que pode estar relacionada às doenças inflamatórias como, por exemplo, a conjuntivite”, afirma o oftalmologista.

Sáfady alerta ainda que é importante ficar atento ao contato dos olhos com o excesso de cloro na piscina e com a água contaminada do mar que podem ocasionar alergias na região. “O cloro utilizado para higienizar as piscinas pode provocar lesões, irritações ou inflamações nos olhos das crianças, por exemplo, que costumam desaparecer depois de algumas horas, mas merecem atenção porque podem estar associadas às infecções ou ferimentos”, diz.

Óculos escuros e prevenção

Em pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica) e Instituto Meirelles de Proteção à Propriedade Intelectual (Imeppi), nos últimos dez anos foram apreendidos mais de 90 milhões de óculos ilegais no Brasil. Apenas em 2015, cerca de 8,7 milhões foram retirados de circulação. Além disso, as falsificações respondem por 50% do número de óculos de sol comercializados atualmente no Brasil. Para garantir o cuidado dos olhos dos tipos UVA, UVB e UVC, os usuários precisam usar o acessório com proteção adequada. “As lentes escuras de qualidade duvidosa podem ser perigosas, pois ao utilizá-las o usuário terá sua pupila dilatada, permitindo que uma quantidade maior de radiação atinja as estruturas internas dos olhos”, alerta Sáfady.

A solução é utilizar óculos com lentes polarizadas, que além de facilmente encontradas na maioria das ópticas, diminuem a fotofobia e oferecem 100% de proteção UV. “Esse tipo de lente elimina ainda o ofuscamento da luz branca e intensa do sol quando refletida em superfícies horizontais como carro, água, vidro ou estrada que chega a ‘cegar’ momentaneamente”, conclui o médico.

Rio 40°C e Europa -20°C: como o corpo reage ao calor e frio extremos

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Por: Nathalia Tavolieri, da DeustcheWelle

Os desconfortos físico e psicológico causados pelas variações de temperatura não são “frescura”. E têm explicações científicas. O incômodo causado pelo calor ou frio é um mecanismo de defesa. Ao transpirar muito ou ranger os dentes, o corpo alerta que não está mais trabalhando em equilíbrio.

O corpo humano é programado para funcionar a uma temperatura média de 36,5 °C. Se a temperatura corporal passar dos 42°C ou for inferior a 30°C, os órgãos vitais começam a parar de funcionar, e a pessoa corre sério risco de vida.

As sensações de frio e calor são causadas por sensores espalhados por todo o corpo. A concentração e localização destes sensores variam de pessoa para pessoa – o que ajuda a explicar por que uns podem sentir mais frio no pescoço e outros na orelha sob uma mesma temperatura. Além disso, algumas pessoas possuem maior quantidade de sensores de temperatura corporal.

De acordo com o especialista em medicina do esporte da Universidade de Colônia Joachim Latsch, sentir frio e calor são experiências muito particulares. “Assim como as pessoas têm números diferentes de pés, algumas têm mais sensores. Outras, menos”, explica Latsch.

Impactos do calor extremo
O verão no Hemisfério Sul vai até 20 de março de 2017. Seja em uma praia paradisíaca do Brasil ou no interior de um escritório, a intensa exposição ao calor pode provocar dores de cabeça, tonturas, desmaios, além de sensação de exaustão.

Para combater estes sintomas, é importante procurar lugares frescos, sob a sombra, e se hidratar bem para repor os eletrólitos – sais mineiras que vão embora junto com o suor. Beber mais água que o normal é essencial, pois as altas temperaturas forçam o corpo a transpirar mais. Em um dia normal, eliminamos cerca de 2,5 litros de água por meio da transpiração, respiração e urina. Quanto maior o calor, maior a quantidade de líquido eliminado.

As recomendações podem parecer óbvias, mas nem todo o senso comum é verdadeiro. Se o calor for extremamente forte, o uso de ventiladores só piora o desconforto. Segundo a revista Scientific American, diante de temperaturas elevadíssimas, o ventilador mais atrapalha do que ajuda, pois acaba lançando o ar quente, de forma concentrada, sobre a pessoa.

Impactos do frio extremo

Conforme a temperatura cai, o corpo vai apresentando cansaço, lentidão para responder a estímulos, desaceleração dos batimentos cardíacos e dificuldades de respiração.

Como, em geral, as mulheres têm menos músculos que os homens, elas tendem a sentir mais frio – em média, a composição muscular feminina é de 25% e a masculina, de 40%.

No frio, é mais fácil adoecer. Como o corpo precisa gastar mais energia para se manter aquecido, a defesa do organismo enfraquece.

Ficar muito tempo em ambientes fechados, com grande quantidade de pessoas, também facilita a transmissão de doenças. Passando para um cenário de frio extremo, temperaturas excessivamente geladas podem provocar sensação de queimadura (em vez de congelamento), amnésia e até mesmo perda de consciência. Estudos estimam que quando a temperatura interna corpo atinge 23°C, os órgãos param de funcionar.

Mudanças no humor

Em lugares onde o inverno e outono são marcados por temperaturas geladas e dias curtos, o indivíduo pode desenvolver um tipo específico de depressão do frio, chamada de transtorno afetivo sazonal.

Segundo artigo científico publicado no site da Universidade de Harvard, quantidades de calor e de luz solar reduzidas podem alterar substâncias responsáveis pela regulação do humor e do sono, além do funcionamento do ciclo biológico do corpo – normalmente, ajustado em 24 horas.

No frio, o transtorno afetivo sazonal pode provocar maior sensibilidade dos olhos diante da luz, aumento do apetite (especialmente por carboidratos), alterações no nível de neurotransmissores, como a serotonina, sonolência e perda do apetite sexual. De acordo com pesquisa publicada na American Family Physician, cerca de 10% da população do Hemisfério Norte sofre deste tipo de transtorno.

Como os sintomas se manifestam tanto no inverno como no outono, o indivíduo pode ficar deprimido por quase metade do ano. O transtorno afetivo sazonal afeta mais as mulheres. A cada quatro doentes, apenas um é homem.

Para ser diagnosticado com o transtorno, é preciso ter apresentado os sintomas durante as estações frias de pelo menos dois anos consecutivos. O problema é sério e, em alguns países do Hemisfério Norte, não é raro recorrer a terapias de luz, que consistem na exposição a lâmpadas artificiais por determinado período de tempo para tentar repor a falta de sol.

Artificial ou natural, a luz estimula o funcionamento do hipotálamo, que é um dos principais responsáveis pela regulação do relógio biológico. Quem mora em países com invernos rigorosos pode se prevenir. Praticar mais esportes, meditar, instalar mais lâmpadas dentro de casa e até escapar para algum destino quente no final de semana, podem ajudar a evitar o transtorno afetivo sazonal.

É raro, mas o organismo de algumas pessoas funciona sob a lógica inversa, e a depressão surge com a subida dos termômetros e os longos dias marcados pelo horário de verão. De acordo com artigo do site Psychology Today, apenas um em cada dez casos de transtorno sazonal são relacionados ao clima quente. Os sintomas diferem dos da depressão do frio. No calor, quem sofre do transtorno pode apresentar dificuldades de dormir, ansiedade, irritabilidade e até comportamento violento.

Leia a matéria original: https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2017/01/11/rio-40c-e-europa–20c-como-o-corpo-reage-ao-calor-e-frio-extremos.htm