Confiança do comércio cai em fevereiro, aponta CNC
Indicador anulou o otimismo verificado em janeiro

 

Da Agência Brasil

Depois das altas verificadas em dezembro e janeiro, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 1,2% em fevereiro, embora ainda permaneça na zona de confiança, com 119,3 pontos. Os dados foram divulgados hoje (16) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

De acordo com a CNC, a taxa quase eliminou o crescimento de janeiro, de 1,4%. No acumulado do ano o aumento é de 0,2%. No mesmo bimestre do ano passado, houve diminuição de 2,7%. O Icec dessazonalizado se manteve na zona de satisfação pelo oitavo mês seguido e se igualou ao nível de setembro do ano passado.

Os três componentes do indicador e os nove subfatores apresentaram queda em fevereiro, pessimismo verificado pela última vez em abril de 2021, quando o Icec registrou taxa negativa de 6,4%, diante do quadro de incertezas e restrições impostas pela pandemia da covid-19, com o índice caindo para 95,7 pontos. Ao longo de 2021, houve oscilações no índice, com tendência de alta acompanhando a vacinação da população contra a covid-19 e a reabertura do comércio.

O pessimismo no mês foi influenciado pelo aumento na energia elétrica e nos combustíveis; o reajuste dos aluguéis; a pressão nos preços no atacado; dificuldades de repasse dos custos; consumo morno e famílias endividadas; mercado de trabalho em recuperação; juros ascendentes e inflação.

“Nessas condições, as estimativas hoje são de baixo volume de faturamento do comércio varejista em 2022. Noutro sentido, promissoramente, tem-se as perspectivas de arrefecimento da inflação, à medida que a política monetária vem gerando efeitos desejados na economia, em particular sobre a atuação do comércio e a formação dos preços ao consumidor”, explica a CNC.

A maior queda entre os componentes do Icec ocorreu nas expectativas empresariais dos comerciantes, com redução de 1,6%, impactada pela percepção negativa da conjuntura sobre a empresa (1,9%). O indicador das condições atuais do empresário teve queda de 1,4%, ficando em 100,4 pontos. Entre os subfatores, as condições da economia tiveram a maior variação, com queda de 2,4%.

Em termos regionais, o pessimismo foi disseminado por todo o país. “Os comerciantes da Região Sul apresentaram maior queda da confiança (1,7%), enquanto no Norte o índice foi onde menos decresceu (0,5%)”, aponta a CNC.

Por porte de empresas, as de menor porte ficaram em 119,2 pontos, com um nível de confiança abaixo das de maior porte, que bateram 124,6 pontos. O subindicador das condições atuais do empresário do comércio (Icaec) ficou indiferente, por causa das empresas de menor porte (100,3 pontos), enquanto as de médio e grande portes ficaram com confiança em nível superior, nos 107,8 pontos.

Por categoria de uso, as empresas de bens duráveis tiveram queda de 2,7% na confiança, devido à alta dos juros. Os segmentos de semiduráveis e o de não duráveis caíram 0,3%. Com isso, o Icaec dos não duráveis ficou em 100,4 pontos, o dos semiduráveis chegou a 107,7 e o dos não duráveis foi de 100,4 pontos.

A intenção de investimentos teve queda de 0,9%, com a diminuição da confiança em se implementar gastos de investimentos na empresa que caiu 1,9%.

O subindicador de estoques caiu 0,1% e ficou em 88,9 pontos, devido às dificuldades em calibrar o nível de produto com a demanda. As intenções de contratação de pessoal caíram 0,4%, refletindo as expectativas para os próximos meses da economia.

CNC prevê a abertura de 8,7 mil pontos comerciais até o fim do ano

Cerca de 8,7 mil pontos comerciais devem ser abertos no país até o fim do ano, segundo levantamento divulgado hoje (20) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

De acordo com a pesquisa, a abertura de novas lojas deve ser 25% inferior ao número registrado em 2018 (11,7 mil).

Segundo o economista da CNC Fabio Bentes, o resultado é “reflexo do fraco nível de atividade da primeira metade de 2019”, quando foram abertos 3,3 mil pontos comerciais.

Em relação ao primeiro semestre, houve queda em relação ao primeiro semestre de 2018, quando foram abertas 5 mil lojas, e em relação ao último semestre do ano passado (6,7 mil lojas).

A abertura de lojas ocorreu em seis dos dez segmentos do varejo, dentre os pontos de venda inaugurados no primeiro semestre de 2019, destacam-se os segmentos de hiper e supermercados (2,7 mil novas lojas), utilidades domésticas e eletroeletrônicos (450) e farmácias, drogarias e perfumarias (397). Por outro lado, as lojas de materiais de construção foram os que mais fecharam as portas (menos 456 lojas).

CNC projeta alta de 1,5% para as vendas da Páscoa

A Páscoa terá, este ano, a terceira alta consecutiva nas vendas do varejo, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O aumento previsto é de 1,5% em relação ao ano passado, quando o faturamento cresceu 2%. As vendas devem atingir R$ 2,4 bilhões em todo o país.

O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, disse que a expectativa para a data está condizente com o nível de atividade atual da economia, “com o nível de consumo e com desemprego ainda alto”.

Observou que essa data, que costuma impulsionar o crescimento das vendas do comércio, este ano vai dar um “empurrãozinho muito pequeno, porque o nível de desemprego ainda está muito alto”.

Outro fator que atrapalha as vendas da Semana Santa deste ano é a alta do dólar nos últimos meses. Com isso, produtos como ovos de Páscoa e chocolates em geral, azeite e pescado, ao contrário do ano passado, este ano mostram preços mais salgados, devido ao dólar. “Isso tende a atrapalhar um pouco as vendas da Páscoa”, disse Bentes.

O fator principal para o economista-chefe da CNC, entretanto, é a dificuldade de retomar a capacidade de consumo no ambiente de desemprego alto.

“Acho que isso está por trás desse número decepcionante das vendas de Páscoa”. O aumento de 1,5% projetado para o faturamento do varejo na Semana Santa está bem distante da alta de 9,5% registrada em 2010. O economista lembrou que esse foi um outro momento da economia, quando o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) evoluiu 7,5%.

Temporários

Bentes destacou que a expectativa de crescimento do PIB este ano está em torno de 2% e tende a dar o ritmo da economia. “Com o mercado de trabalho fraco do jeito que está, o comércio paga a conta nas datas comemorativas, através de altas bem modestas no faturamento real. E isso acaba atrapalhando até a expectativa de contratação de temporários”, afirmou.

A pesquisa da CNC projeta contratação de 10,7 mil trabalhadores temporários na Páscoa em todo o país, abaixo do número do ano passado (10,8 mil), devido ao ambiente incerto na economia, que acaba fazendo com que o varejista invista pouco em contratações este ano.
O salário médio de admissão no varejo deverá ser de  R$ 1.267, alta de 5,9% em comparação à Páscoa de 2018.

O economista explicou que, historicamente, cerca de 12% dos trabalhadores temporários acabam efetivados depois da Páscoa em hipermercados e lojas especializadas.

Em termos de vendas, a Páscoa é a quinta data comemorativa do varejo nacional e uma das mais afetadas pela variação do câmbio. As outras são o Natal, Dia das Mães, Dia dos Namorados e Dia das Crianças.

Número de inadimplentes cresce no país em abril

O percentual de famílias inadimplentes – com dívidas ou contas em atraso – no país ficou em 24,1% em abril deste ano. A taxa é superior às observadas em março passado (23,7%) e em abril de 2016 (23,2%). Esse é o maior percentual registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), desde setembro do ano passado (24,6%).

O percentual de famílias que não terão condições de pagar suas contas ou dívidas chegou a 9,7% em abril. A taxa é inferior aos 9,9% de março, mas superior aos 8,2% de abril de 2016, segundo a pesquisa.

O percentual de endividados (em atraso ou não) ficou em 58,9% em abril deste ano, taxa acima dos 57,9% de março deste ano, mas abaixo dos 59,6% de abril do ano passado.

De acordo com a CNC, 76,6% das dívidas são com cartão de crédito. Também são importantes fontes de endividamento os carnês (15,3%), financiamentos de carro (10,6%), crédito pessoal (9,9%) e financiamento de casa (8,1%).

O tempo médio de comprometimento de dívidas é de 7,1 meses. A parcela média de comprometimento dos salários é de 30,2%.