Beber líquido ajuda a evitar casos graves de Covid
Médico intensivista alerta que desidratação provocada pelo coronavírus pode agravar doenças crônicas

 

Da Redação

Na linha de frente do combate ao covid desde o início da pandemia, o médico intensivista Fábio Miranda alerta que é fundamental, mais do que nunca, se manter bem hidratado, pois a desidratação costuma ser um quadro presente em quase todos os pacientes diagnosticados com o coronavírus. A pneumonia, febre, taquicardia, diarreia, excessiva sudorese, tosse, inapetência, dor de garganta, todos esses sintomas decorrentes da doença contribuem para o quadro de desidratação. “A perda de muita água pelo organismo pode piorar doenças crônicas renais e cardiológicas, mas também enfermidades que predispõem quadros de trombose, pois a desidratação é um fator de risco para esses casos”, explica Miranda, que é chefe da UTI do Hospital CopaStar.

A trombose é a formação de um coágulo no sangue que obstrui ou dificulta a circulação de um vaso sanguíneo qualquer. A depender do local afetado e da extensão do quadro, as consequências podem ser bem graves. Por isso, Miranda ressalta que o cuidado de pacientes com história pregressa de trombose venosa ou arterial, bem como de acidente vascular cerebral, deve ser ainda maior. A desidratação aumenta o risco dessas complicações ocorrerem novamente.

Por isso, destaca Miranda, é que uma orientação fundamental para o paciente com covid é beber muito líquido. “É muito importante evitar o quadro de desidratação para reduzir o risco da doença se agravar”, explica o médico, que também orienta a evitar esforços e a comprar um oxímetro para aferir a saturação de oxigênio de 3 a 4 vezes por dia. “Também é vital manter contato diário com o médico para que se tome as medidas necessárias caso o quadro piore”, ressalta.

Covid-19 deixa disfunções cognitivas em 80% dos pacientes, diz estudo
Pesquisa do InCor mostra falhas na atenção como sequela da doença

 

Da Agência Brasil

As histórias contadas por pacientes que se recuperaram da covid-19 são preocupantes. “Dormi em pé tomando banho”, “meu marido sofreu traumatismo craniano enquanto andava de bicicleta e dormiu”, “lembro-me de fazer o pedido da comida e de pagar por ele, mas não me lembro de ter comido”. 

Outro dado alarmante mostra ainda que essas sequelas não acontecem somente em pessoas que sofreram a doença no estágio mais grave. Pacientes que tiveram coriza ou outros sintomas mais leves e até mesmo os assintomáticos também foram diagnosticados com disfunção cognitiva em algum grau.

É o que mostra o estudo inédito no mundo O uso do jogo digital MentalPlus®️ para avaliação e reabilitação da função cognitiva após remissão dos sintomas da covid-19, feito no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), conduzido pela neuropsicóloga Lívia Stocco Sanches Valentin.

Os resultados mostram que a recuperação física nem sempre implica na recuperação cognitiva, diz a pesquisadora, que também é professora da FMUSP. “Isso deixa clara a importância de se incluir na avaliação clínica dos pacientes pós-covid-19 de qualquer gravidade sintomas de problemas cognitivos como sonolência diurna excessiva, fadiga, torpor e lapsos de memória”, explica a médica, “para que, com o diagnóstico precoce, possa haver uma rápida intervenção terapêutica”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aguarda os resultados finais do estudo para adotar a metodologia desenvolvida na pesquisa do InCor como padrão-ouro em âmbito mundial no diagnóstico e na reabilitação da disfunção cognitiva pós-covid-19.

Jogo digital avalia as disfunções

A pesquisadora usou o jogo digital MentalPlus®, criado por ela em 2010, para avaliar pessoas que tiveram covid-19 em vários estágios, idades e classes econômicas. “Este jogo nasceu para detectar possíveis disfunções neurológicas em pacientes que eram prejudicados após o uso de anestesia geral profunda. Esse mecanismo não só avalia como ajuda na reabilitação. Então decidi usar o MentalPlus® na pesquisa com pessoas que tiveram sintomas ou que testaram positivo para a covid-19. O resultado foi impactante: independentemente do grau da doença, da faixa etária ou do nível de escolaridade, os pacientes que tiveram sintomas podem sofrer de disfunção cognitiva”.

Resultados

A primeira fase do estudo foi feita com 185 pessoas, entre março e setembro de 2020. Atualmente são 430 pacientes em acompanhamento na pesquisa. Os resultados indicam que em 80% dos participantes da pesquisa o novo coronavírus ocasiona dificuldade de concentração ou atenção, perda de memória ou dificuldade para lembrar-se das coisas, problemas com a compreensão ou entendimento, dificuldades com o julgamento e raciocínio, habilidades prejudicadas, problemas na execução de várias tarefas, mudanças comportamentais e emocionais, além de confusão.

Outra consequência detectada no estudo é a diminuição da capacidade visuoperceptiva. “Muitas pessoas perderam a coordenação motora e caem muito”, diz a especialista. Ela explica que, segundo exames de ressonância magnética funcional, isso acontece porque a função executiva é afetada em pessoas que já contraíram o Sars-Cov-2.

“Em uma pessoa saudável, essa função faz com que ela planeje o dia e busque estratégias para atenuar problemas, por exemplo. Se a pessoa perde essa função ou se ela ficar comprometida, isso pode interferir no trabalho e nas relações sociais, e, com isso, levar à depressão, ansiedade, angústia e agressividade”.

A médica do InCor detalha que as sequelas cognitivas acontecem porque o vírus entra pelas vias aéreas, compromete o pulmão e, com isso, baixa o nível de oxigênio. “A dessaturação de oxigênio vai para o cérebro, acomete o sistema nervoso central e afeta as funções cognitivas”.

Segundo o estudo, a memória de curto prazo de 62,7% dos participantes foi afetada. Já a de longo prazo, teve alterações em 26,8% dos voluntários. Em relação à percepção visual, o impacto foi notado em 92,4%.

“Por causa dos problemas que a covid-19 acarreta nos lobos parietais e occipitais; estes lobos são responsáveis pelo planejamento; organização visuoperceptiva e visuoconstrutiva; pelas sensações corporais; pelos movimentos primários entre outras funções importantes do ser humano”, explicou Lívia.

Segundo a neuropsicóloga, o quadro é passível de reversão, por meio de exercícios cognitivos específicos como os do aplicativo MentalPlus® utilizado no estudo. Essa atividade funciona como uma “musculação mental”, explica a pesquisadora.

Ao forçar a atividade do cérebro, o órgão é estimulado a um maior consumo de oxigênio, melhorando paulatinamente seu desempenho. “Quanto mais cedo tiver início a terapia cognitiva, mais rápida será a recuperação e, consequentemente, menores os prejuízos mental, emocional, físico e social para essas pessoas”.

Quem deseja mais informações sobre o jogo digital deve entrar no site do InCor e acessar a página de voluntariado para pesquisa, no menu à direita. Nesta página é possível acesso o formulário de inscrições.

Covid-19: mundo deve chegar hoje a 150 milhões de doses aplicadas
Dados são do painel Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford

 

Israel já vacinou 25,69% de sua população com as duas doses

 

Da Agência Brasil

Com quase 147,2 milhões de doses aplicadas até ontem (9), o mundo avança na imunização contra a covid-19, ainda com uma oferta limitada de vacinas disponíveis, porém aplicando mais de 4 milhões de doses de imunizantes por dia desde o fim de janeiro. Os dados são do painel Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford, no Reino Unido. 

Se o ritmo de vacinação for mantido, a marca de 150 milhões de doses deve ser superada hoje (10). Nesse cálculo, é preciso considerar que o número de doses aplicadas é diferente do número de pessoas que receberam ao menos uma dose, já que considera também a segunda dose das vacinas que exigem tal esquema de vacinação.

O total de aplicações desde dezembro do ano passado até ontem (9) representa apenas 1,89 dose para cada 100 pessoas no planeta e indica que 0,9% da população mundial recebeu ao menos uma dose.

No ranking do site, o Brasil ocupa a quinta posição entre os que mais aplicam vacinas diariamente e a 34ª, quando considerado o percentual da população que recebeu ao menos uma dose. Segundo dados do Our World in Data, 1,78% dos brasileiros receberam ao menos uma dose de vacina contra a covid-19 até ontem (9), e o país aplicou, ao todo, 3,82 milhões de doses.

Os dados sobre o Brasil no site são menos atualizados que os mostrados no painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz. Segundo a plataforma da Fiocruz, o Brasil superou ontem a marca de 4 milhões de pessoas vacinadas e já aplicou ao menos uma dose em 1,93% da população.

China e EUA lideram aplicação

O total de 147,2 milhões de vacinas alcançado até então tem uma participação expressiva de Estados Unidos (43,2 milhões até 9 de fevereiro) e China (40,5 milhões até 9 de fevereiro). O último dado disponível no portal informa que os americanos aplicaram 1,49 milhão de doses em 9 de janeiro, o maior número desde o início da vacinação nos Estados Unidos. Já a China aplicou 1,67 milhão de doses em 9 de fevereiro, uma queda em relação aos 1,92 milhão que foram aplicadas em 7 de fevereiro.

Os americanos estão aplicando doses das vacinas Pfizer/Biontech e Moderna, enquanto os chineses vem utilizando a CoronaVac, da Sinovac, e os dois imunizantes desenvolvidos pela Sinopharm com laboratórios de Wuhan e Pequim.

Reino Unido (431 mil doses em 8 de fevereiro), Índia (353 mil doses em 9 de fevereiro) e Brasil (218 mil doses em 9 de fevereiro) completam a lista dos países que mais aplicavam vacinas por dia, segundo os últimos dados disponíveis no Our World in Data. Já segundo o Monitora Covid-19, da Fiocruz, o Brasil aplicou 267,5 mil doses em 9 de fevereiro.

Os três países estão aplicando dois tipos de vacina, sendo um deles a Oxford/AstraZeneca. No caso do Brasil, também está em uso a CoronaVac, enquanto os britânicos adotam a Pfizer/Biontech, e os indianos, a Covaxin.

Israel tem maior cobertura

Quanto à cobertura vacinal, no entanto, nenhum país chegou tão longe quanto Israel, que já completou o esquema de doses em 25,69% de sua população, de cerca de 8,7 milhões de pessoas. A campanha de vacinação israelense conta com duas vacinas de RNA mensageiro, Moderna e Pfizer/BioNTech, e já aplicou 5,8 milhões de doses desde dezembro. Com isso, 41,6% da população já recebeu ao menos uma dose.

Com mais de 60 milhões de habitantes, o Reino Unido já administrou ao menos uma dose em 18,6% da população, percentual quase duas vezes maior que o dos Estados Unidos (9,83%), cuja população é mais que cinco vezes superior à britânica.

As doses aplicadas no mundo, até o momento, fora da fase de testes são de dez desenvolvedores diferentes: Oxford/AstraZeneca (Reino Unido e Suécia), Sinovac (China), Pfizer/Biontech (Estados Unidos e Alemanha), Moderna (Estados Unidos), Instituto Gamaleya (Rússia), Bharat Biotech (Índia), CanSino/Instituto de Biotecnologia de Pequim (China), Instituto Vector (Rússia), Sinopharm/Instituto de Produtos Biológicos de Pequim (China),  Sinopharm/Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan (China).

Brasil negocia compra de 10 milhões de vacinas Sputnik V
Compra está condicionada ao custo do imunizante

 

Da Agência Brasil

O Brasil negocia a compra de 10 milhões de doses de vacina contra a covid-19 Sputnik V, desenvolvida na Rússia pelo Instituto Gamaleya, informou hoje (5) o Ministério da Saúde (MS). A manifestação do interesse do país no imunizante foi feita durante reunião com representantes do laboratório União Química, farmacêutica responsável no Brasil pela vacina russa. 

De acordo com o ministério, a decisão de avançar as negociações ocorreu após a Anvisa autorizar o novo protocolo com a simplificação do processo de concessão de uso emergencial e temporário de vacinas, dispensando a realização, no Brasil, de estudos clínicos da fase 3.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, disse que a compra da vacina também está condicionada ao custo do imunizante, que, segundo ele, “deve ser competitivo”.

“Iremos contratar e comprar as 10 milhões de doses se o preço for plausível, e efetuaremos o pagamento após a Anvisa dar a autorização para uso emergencial da Sputnik V, fazendo a disponibilização imediatamente aos brasileiros”, disse Franco.

A quantidade de doses se baseou em documento apresentado à pasta pelo Fundo Soberano Russo/Instituto Gamaleya, da Rússia, onde o imunizante é fabricado. No Brasil, a vacina será produzida no Distrito Federal sob responsabilidade da farmacêutica União Química.

Segundo o ministério, pelo cronograma, o país receberia 400 mil doses uma semana após a assinatura do contrato de compra. Outros dois milhões estariam no Brasil um mês depois e mais 7,6 milhões ao longo do segundo e terceiro meses.

O secretário-executivo disse ainda que o ministério estuda a aquisição da vacina produzida pela União Química no Brasil. A expectativa é que o laboratório consiga produzir, a partir de abril, 8 milhões de doses.

“Futuramente, a depender dos entendimentos que tivermos com a União Química, interessa-nos também adquirir a produção que a empresa vier a fazer no Brasil dessa vacina”, disse Franco.