Contas externas têm saldo negativo de US$ 10,9 bilhões em dezembro
Ano de 2022 fechou com saldo negativo de US$ 55,7 bilhões

Da Agência Brasil

As contas externas tiveram saldo negativo de US$ 10,9 bilhões em dezembro do ano passado, informou hoje (26) o Banco Central (BC). No mesmo mês de 2021, o déficit havia sido de US$ 7,7 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países.

A diferença na comparação interanual se deve ao superávit da balança comercial, que aumentou US$ 405 milhões, enquanto os déficits em serviços cresceram US$ 1,5 bilhão e em renda primária (lucros e dividendos) recuou US$ 2 bilhões.

Em 2022, o déficit em transações correntes é de US$ 55,7 bilhões, 2,92% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), ante o saldo negativo de US$ 46,4 bilhões (2,81% do PIB) no período equivalente terminado em dezembro de 2021.

Esse aumento, de US$ 9,3 bilhões, deveu-se às ampliações nos déficits de serviços (US$13 bilhões), e de renda primária (US$4,9 bilhões), compensadas parcialmente por aumento de US$8 bilhões no superávit comercial.

Balança comercial e serviços

A balança comercial de bens foi superavitária em US$ 3,2 bilhões em dezembro de 2022, ante superávit de US$ 2,7 bilhões em dezembro de 2021. As exportações de bens totalizaram US$ 27,4 bilhões e as importações de bens, US$ 24,2 bilhões, incrementos de 10,9% e 10,5% em comparação a dezembro de 2021.

As exportações de bens totalizaram US$ 27,4 bilhões em dezembro, aumento de 10,9% relação a igual mês de 2021. As importações somaram US$ 24,2 bilhões, incremento de 10,5% na comparação com dezembro do ano passado. Com esses resultados, a balança comercial fechou com superávit de US$ 3,2 bilhões no mês passado, ante saldo positivo de US$ 2,7 bilhões em dezembro de 2021.

No ano de 2022, as exportações e as importações de bens registraram os maiores valores da série histórica e a corrente de comércio atingiu US$ 636,9 bilhões. As exportações de bens somaram US$ 340,7 bilhões, aumento de 19,9% relativamente aos US$ 284 bilhões de 2021, enquanto as importações de bens totalizaram US$ 296,3 bilhões, acréscimo de 19,6% em relação aos US$ 247,6 bilhões observados em 2021.

Já as exportações e importações no âmbito do Repetro (Regime aduaneiro especial para bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra de petróleo e de gás natural) somaram respectivamente US$ 1,3 bilhão e US$ 1,9 bilhão em 2022, ante US$ 1,1 bilhão e US$ 15,4 bilhões em 2021.

O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros) totalizou US$ 4,6 bilhões em dezembro de 2022, aumento de 49,5% em relação a dezembro de 2021. No ano de 2022, o déficit em serviços somou US$ 40 bilhões, aumento de 48,4% comparativamente ao déficit de 2021, que foi de US$ 27 bilhões. Esse incremento decorreu, principalmente, das elevações nas despesas líquidas de transportes (US$ 5,8 bilhões) e de viagens (US$ 4,9 bilhões).

Rendas

Em dezembro do ano passado, o déficit em renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) chegou a US$ 9,7 bilhões, com ampliação de 25,7% ante os US$ 7,7 bilhões deficitários no mesmo mês de 2021. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais investimentos de estrangeiros no Brasil, que remetem os lucros para fora do país, do que de brasileiros no exterior.

As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 6,7 bilhões, aumento de 26,1% em relação a dezembro de 2021. As despesas líquidas com juros somaram US$ 3 bilhões, ante US$ 2,4 bilhões em dezembro de 2021.

No ano de 2022, o déficit em renda primária totalizou US$ 63,9 bilhões, 8,3% acima do déficit de US$ 59 bilhões ocorrido em 2021. As despesas líquidas de lucros e dividendos somaram US$ 44,7 bilhões, 16,4% acima do valor observado em 2021, enquanto as despesas líquidas de juros somaram US$ 19,2 bilhões, ligeiramente inferiores aos US$ 20,6 bilhões de 2021.

Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 5,6 bilhões no mês passado, ante os desinvestimentos líquidos de US$ 5,2 bilhões em dezembro de 2021.

No mês passado, houve ingressos líquidos em participação no capital de US$ 5 bilhões, como com compra de novas empresas e reinvestimentos de lucros. Enquanto isso, as operações intercompanhia (como os empréstimos da matriz no exterior para a filial no Brasil) tiveram superávit de US$ 604 milhões no mês.

No ano, o IDP totalizou US$ 90,6 bilhões, correspondendo a 4,76% do PIB, em comparação a US$ 46,4 bilhões (2,82% do PIB) no mês anterior. O resultado representa o maior ingresso líquido do IDP desde 2012, quando o ingresso registrado foi de US$ 92,6 bilhões.

Os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram ingresso líquidos de US$ 4,1 bilhões em dezembro de 2022, compostos por ingressos de US$ 2,1 bilhões em ações e fundos de investimento e entradas de US$ 2 bilhões em títulos de dívida.

No ano de 2022 os ingressos líquidos em carteira no mercado doméstico somaram US$ 6,4 bilhões (ingressos líquidos de US$10,9 bilhões em ações e fundos de investimentos e saídas líquidas de US$4,5 bilhões em títulos de dívida) ante ingressos líquidos de US$ 27,9 bilhões em 2021.

Já os investimentos diretos no exterior (IDE) apresentaram aplicações líquidas de US$ 3,7 bilhões em dezembro de 2022, ante desinvestimentos líquidos de US$ 6 bilhões em dezembro de 2021. No ano de 2022, os fluxos de IDE totalizaram aplicações líquidas de US$ 30,7 bilhões, ante US$ 16,2 bilhões em 2021. O resultado deveu-se, principalmente, às aplicações em participação no capital, que somaram US$ 29,6 bilhões em 2022, ante aplicações líquidas de US$ 16,4 bilhões em 2021.

Reservas

O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 324,7 bilhões em dezembro de 2022, redução de US$ 6,8 bilhões em comparação ao mês anterior. O resultado decorreu, primordialmente, de vendas líquidas de US$ 9 bilhões em operações de linhas com recompra, e contribuições negativas das variações de paridades, em US$ 2 bilhões. A receita de juros totalizou US$ 576 milhões.

No ano de 2022 as reservas internacionais recuaram US$ 37,5 bilhões. Contribuíram para essa redução as perdas por preço (US$ 24 bilhões); a concessão líquida de linhas com recompra (US$11,5 bilhões); as perdas por paridade (US$ 6 bilhões); e a liquidação de vendas à vista (US$ 571 milhões). A receita de juros somou US$ 6,2 bilhões.

Revisões

A política do BC estabelece revisão ordinária anual do balanço de pagamentos e da posição de investimento internacional nos meses de julho e novembro. As fontes são os dados definitivos do Censo de Capitais Estrangeiros no País e da pesquisa Capitais Brasileiros no Exterior (CBE), ambos de 2022, do módulo de pagamento no exterior do Registro Declaratório Eletrônico – Registro de Operações Financeiras (RDE-ROF), da base de dados publicada pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) contendo valores para despesas de fretes e da Declaração sobre a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de Exportações (Derex).

Segundo o BC, devido a erro operacional, extraordinariamente houve revisão da série de câmbio contratado de importação para o período de outubro de 2021 a dezembro de 2022.

Por isso, em 2021, o câmbio contratado de importação foi revisto de US$ 215,4 bilhões para US$ 217,2 bilhões, acréscimo de US$ 1,7 bilhão. Em 2022, a mesma série passou de US$ 238,1 bilhões para US$ 250,9 bilhões, aumento de US$ 12,8 bilhões. O saldo líquido total foi reduzido nas mesmas magnitudes.

Na revisão ordinária, com os dados do CBE trimestral, as receitas de lucros de investimento direto do terceiro trimestre de 2022 foram revistas de US$ 6,1 bilhões para US$ 9,2 bilhões, ampliação de US$ 3,1 bilhões.

Com os dados mais recentes da DEF, as despesas de lucros de investimento direto também foram revistas, acréscimo de US$ 2,7 bilhões, passando de US$ 13,3 bilhões para US$ 16,1 bilhões. Para o mesmo período, as transações de IDE e de IDP foram revisadas para cima, via lucros reinvestidos, nesses mesmos montantes.

Contas públicas devem fechar o ano com déficit de R$ 148,17 bilhões

Instituições financeiras consultadas pelo Ministério da Fazenda reduziram a previsão para o resultado negativo das contas públicas neste ano. A estimativa do déficit primário do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) passou de R$ 149,642 bilhões, em julho, para R$ 148,171 bilhões, em agosto.

A estimativa está abaixo da meta de déficit prevista pelo governo, de R$ 159 bilhões. O resultado primário é formado por receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros.

Os dados constam da pesquisa Prisma Fiscal, elaborada pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, com base em informações do mercado financeiro.

Para 2019, a estimativa das instituições financeiras para o déficit foi mantida em R$ 123,288 bilhões.

A estimativa para as despesas, neste ano, chegou a R$ 1,367 trilhão, ante R$ 1,366 trilhão, previstos em julho. As receitas líquidas devem chegar a R$ 1,220 trilhão, em 2018, contra R$ 1,217 trilhão, na previsão anterior.

Para 2019, a projeção de receita líquida do Governo Central é de R$ 1,304 trilhão, ante R$ 1,302 trilhão previstos no mês passado. No caso da despesa total, a projeção ficou em R$ 1.424 trilhão, ante R$ 1,422 trilhão, previsto em julho.

A pesquisa apresenta também a projeção para a dívida bruta do Governo Central, que, na avaliação das instituições financeiras, deve ficar em 76% do Produto Interno Bruto (PIB – soma de todas as riquezas produzidas pelo país), neste ano. Essa é a mesma previsão divulgada em julho. Para 2019, a estimativa ficou em 78,08% do PIB, ante 78,10% previstos no mês passado.

Déficit comercial dos EUA subiu para US$ 48,7 bilhões em outubro

O déficit no comércio de bens e serviços dos Estados Unidos subiu para US$ 48,7 bilhões em outubro, US$ 3,8 bilhões a mais que no mês anterior, informou nesta terça-feira (5) o Escritório do Censo do Departamento de Comércio dos EUA. Esse aumento de 8,6% marca o ponto mais alto do déficit comercial nos últimos nove meses, e supera o prognóstico dos analistas, que tinham antecipado que o indicador chegaria até cerca de US$ 47,5 bilhões. A informação é da EFE.

Os números de outubro são reflexo, em parte, do encarecimento das importações de petróleo e de um aumento notável da importação de bens procedentes de China, México e União Europeia (UE), combinado com uma queda nas exportações de alimentos, soja e aviões de passageiros, entre outros. O déficit em setembro também foi revisado para cima e ficou em US$ 44,9 bilhões.

Em outubro, as exportações americanas alcançaram os US$ 195,9 bilhões, apenas US$ 100 milhões a menos que em setembro, enquanto as importações chegaram a US$ 244,6 bilhões, US$ 3,8 bilhões acima do mês anterior.

Os resultados de outubro também refletem um aumento de US$ 3,8 bilhões do déficit no comércio de bens com o exterior, ao atingir os US$ 69,1 bilhões, assim como uma redução do superávit tradicional da troca de serviços, que caiu para US$ 20,3 bilhões (US$ 1,5 bilhão a menos).

Neste ano, o déficit no comércio de bens e serviços dos EUA aumentou US$ 49,1 bilhões em relação ao mesmo período de 2016, o equivalente a 11,9%. Isso se deve a aumentos tanto das importações, que cresceram em US$ 97,5 bilhões, equivalente a 5,3%, como das exportações, que subiram US$ 146,6 bilhões, ou 6,5% em relação ao ano passado.

Contas públicas têm déficit recorde de R$ 16,138 bilhões em julho

O setor público consolidado, formado por União, estados e municípios, registrou déficit nas contas públicas em julho, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados hoje (30) em Brasília.

O déficit primário, receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros, ficou em R$ 16,138 bilhões. Esse foi o pior resultado para o mês na série histórica iniciada em dezembro de 2001.

O resultado de janeiro a julho também foi o maior para o período, chegando ao déficit primário de R$ 51,321 bilhões. Em 12 meses encerrados em julho, o déficit primário ficou em R$ 170,520 bilhões, o que corresponde a 2,66% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

O governo enviou ao Congresso Nacional proposta de mudança da meta fiscal. Originalmente, a meta de déficit estava fixada em R$ 139 bilhões para este ano e em R$ 129 bilhões para 2018. O governo propõe a meta com déficit de R$ 159 bilhões neste ano e em 2018, para o governo central.

“Com a revisão das metas, o governo vai tomar as medidas necessárias de refazer sua programação para que alcance o cumprimento das metas”, disse o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha.

Governos estaduais têm déficit primário de R$ 1,924 bilhão

Em julho deste ano, o Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) acusou déficit primário de R$ 13,977 bilhões. Os governos estaduais apresentaram déficit primário de R$ 1,924 bilhão, e os municipais, de R$ 728 milhões. As empresas estatais federais, estaduais e municipais, excluídas empresas dos grupos Petrobras e Eletrobras, tiveram superávit primário de R$ 491 milhões no mês passado.

Em julho, os gastos com juros nominais ficaram em R$ 28,482 bilhões, contra R$ 40,597 bilhões em igual mês de 2016. Rocha explicou que a redução nos gastos com juros ocorreu porque a autarquia obteve ganhos com operações no mercado de câmbio (swaps cambiais), neste ano. Também houve redução na taxa básica de juros, a Selic, e na inflação, que são os principais indexadores das despesas com juros da dívida pública.

O déficit nominal, formado pelo resultado primário e os resultados de juros, atingiu R$ 44,620 bilhões no mês passado ante R$ 53,403 bilhões de julho de 2016. Em 12 meses encerrados em julho, o déficit nominal ficou em R$ 598,711 bilhões, o que corresponde a 9,35% do PIB.