Ministra cita negacionismo ao comentar baixa adesão à vacina da dengue
Imunizante será redistribuído a 154 municípios

Da Agência Brasil

Ao ser cobrada por estratégias para evitar o desperdício de doses da vacina contra a dengue, que vencem no final de abril, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta terça-feira (16) que um plano B já está em curso, baseado na redistribuição de doses para 154 novos municípios.

“Fizemos um elenco de municípios a partir de critérios técnicos definidos pelo comitê assessor do programa de imunização, numa pactuação com os estados e municípios. Não é uma decisão isolada da ministra da Saúde. É uma decisão junto com os estados e municípios através dos seus conselhos nacionais”, ressaltou a ministra.

“Já estamos fazendo a redistribuição, mas, se não houvesse um negacionismo às vacinas, certamente as famílias estariam levando as suas crianças e seus jovens para serem vacinados. Esse é o ponto fundamental que eu queria colocar”, disse, ao participar de reunião da Comissão de Assuntos Sociais do Senado.

Rio inicia vacinação de crianças de 10 anos contra a dengue
Imunização na faixa de 11 anos começa quarta-feira (28)

Da Agência Brasil

O município do Rio de Janeiro iniciou, nesta sexta-feira (23), a vacinação de crianças de 10 anos de idade contra a dengue. A Secretaria Estadual de Saúde encaminhou à capital fluminense nesta semana um lote com 141,7 mil doses do imunizante.

A costureira Elizabeth Felinto, de 42 anos, chegou cedo ao Super Centro Carioca de Vacinação, em Botafogo, na zona sul da cidade, para vacinar a filha. “Trouxe ela logo para vacinar. É muito importante para que não precise lidar com a doença”, disse.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a ideia é imunizar, até o fim de março, 354 mil crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, de forma escalonada. As crianças com 11 anos começarão a ser vacinadas na próxima quarta-feira (28).

O calendário para as demais faixas etárias (12 a 14 anos) será anunciado nos próximos dias, uma vez que será necessário aguardar a chegada de novo lote do imunizante. “Infelizmente a fabricante [da vacina] tem capacidade limitada de produção. Então, a gente espera [a produção e chegada de novos lotes] para continuar”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

As outras 90,2 mil doses recebidas na última quinta-feira (22) pela Secretaria Estadual de Saúde foram distribuídas para dez municípios: Nilópolis (3,1 mil), Duque de Caxias (21,1 mil), Nova Iguaçu (20,3 mil), São João de Meriti (10,8 mil), Itaguaí (3,4 mil), Magé (6,2 mil), Belford Roxo (12,7 mil), Mesquita (4,2 mil), Seropédica (2,2 mil), Japeri (2,5 mil) e Queimados (3,7 mil).

O governo fluminense reconheceu nessa quinta-feira situação de epidemia de dengue no estado, que soma quase 50 mil casos prováveis da doença, ou seja, 308 por 100 mil habitantes.

Brasil ultrapassa 650 mil casos de dengue
Ministério confirmou 94 mortes desde o início do ano

Da Agência Brasil

Os casos de dengue no país já chegam a 653.656, conforme a atualização desta segunda-feira (19) do painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde. São 321,9 casos por grupo de 100 mil habitantes.

De acordo com os dados, foram 94 mortes em decorrência da doença e 438 óbitos estão em investigação.

As mulheres respondem pela maioria das infecções (55%), enquanto os homens registram 45%. A faixa etária dos 30 aos 39 segue na liderança de casos de dengue, seguida pelo grupo de 40 a 49 anos e pelo grupo de 50 a 59 anos.

O Distrito Federal registra, atualmente, o maior coeficiente de incidência (2.405,6 casos por 100 mi habitantes), seguido por Minas Gerais (936,1), Acre (622,4), Paraná (512,6) e Goiás (487,6). Em número de casos absolutos, Minas Gerais aparece em primeiro lugar  com 192.258 registros. Em seguida estão São Paulo (90.408), Distrito Federal (67.768), Paraná (58.660) e Rio de Janeiro (41.435).

Vacinação

A vacinação contra a dengue começou em pelo menos seis dos dez estados selecionados pelo Ministério da Saúde para receberem o lote inicial de 712 mil doses. A distribuição das vacinas contra a dengue para 315 municípios iniciou no dia 8 de fevereiro.

Segundo levantamento da Agência Brasil, a vacinação foi iniciada no Distrito Federal e em Goiás, duas das regiões com maiores índices de contaminação, e também nas capitais Campo Grande (MS), Salvador (BA), São Luís (MA) e Rio Branco (AC). Em Natal (RN) e João Pessoa (PB), a previsão de início da vacinação é nesta segunda-feira (19).

No estado de São Paulo, o município de Itaquaquecetuba, pertencente à região metropolitana de São Paulo e à do Alto Tietê, iniciou nesta segunda-feira (19) a vacinação.

O estado do Amazonas ainda não informou quando irá começar a imunização.

Mudanças climáticas podem ampliar infestação de mosquito Aedes no Rio
Calor excessivo pode aumentar exposição à doença

Da Agência Brasil

As mudanças climáticas vão aumentar a frequência de dias mais quentes no Rio de Janeiro, nos próximos anos, e isso tem o potencial de ampliação da da população de mosquito Aedes aegypti e a transmissão da dengue no estado. A conclusão é de estudo realizado pelos pesquisadores Antonio Carlos Oscar Júnior, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Francisco de Assis Mendonça, da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

A pesquisa, publicada em 2021 utiliza modelos de previsão climática para as próximas décadas e uma avaliação sobre o potencial impacto à eclosão de ovos do mosquito Aedes, transmissor da dengue, e ao ciclo de vida do inseto, para estimar a ocorrência da doença até 2070.

Segundo a pesquisa, um dos principais fatores para o aumento da proliferação do mosquito é a temperatura. No Rio de Janeiro, a previsão é de aumentos das temperaturas média e mínima nos próximos anos, o que favoreceria o ciclo de reprodução do Aedes.

Com isso, o período de inverno, quando historicamente há menos infecção pelo vírus da dengue, deverá passar a ter dias mais quentes, o que ampliará a janela de temperatura ótima para a infestação pelo mosquito Aedes e, consequentemente, o potencial para novos casos da doença nessa estação.

O aumento da temperatura no estado também poderá expandir a ocorrência do mosquito em locais do território fluminense onde hoje é limitada por causa do frio, como a região serrana, o sul fluminense e o noroeste do estado.

“Provavelmente, até 2070, vai ser ampliada a população do estado exposta à dengue. Eu não posso falar que vai ter um aumento no número de infecções ou um aumento no número de mortes. O que posso dizer é que são desenvolvidas condições ambientais adequadas para um aumento da população do mosquito. Como aumenta o vetor, tem uma maior difusão do vírus e uma maior exposição da população ao vírus”, afirmou.

A publicação do estudo, em 2021, não encerrou a pesquisa, que continua coletando dados climáticos e sua relação com a ocorrência do Aedes aegypti. O professor Oscar Júnior coordena uma rede de estações que fazem monitoramento meteorológico e possuem ovitrampas (armadilhas para mosquitos).

A rede de monitoramento hoje funciona em cerca de dez estações no Grande Rio e nas regiões sul, serrana e dos Lagos. A meta é expandi-la para outras regiões do estado. Além de contribuir para o entendimento entre a relação do mosquito com o clima, o sistema poderá ser usado para alertar autoridades sanitárias sobre riscos de infestação de Aedes aegypti, através de relatórios periódicos.

“Através dessa rede de monitoramento, a gente quer criar um sistema de alerta para que a gente possa diuturnamente, semanalmente avaliar o risco de desenvolvimento do Aedes aegypti e, portanto, de infecção”, explica Oscar Júnior. “A gente acredita que esse sistema de alerta vai ser um produto útil e prático pra fornecer informações semanalmente para que sejam tomadas decisões e possam atuar em relação ao risco de um aumento do número de casos de dengue”.

A ideia é começar a emitir relatórios semanais, a partir dos dados coletados na rede de monitoramento, já no próximo semestre.

Segundo Oscar Júnior, independentemente da imunização da população contra a dengue, que deve começar neste mês em algumas cidades brasileiras, o monitoramento do mosquito continua sendo importante, não só por causa da dengue, mas também devido a outras arboviroses transmitidas pelo Aedes, como a zika, a chikungunya e a febre amarela.