Conter o desperdício de alimentos em todo o mundo é um grande desafio. Com o aumento populacional e a alta demanda por alimentos, o desperdício também vem aumentando de maneira exponencial. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a América Latina ocupa o segundo lugar mundial na produção de carne, leite e ovos, perdendo apenas para Ásia. A despeito da produção, a região é responsável pelo descarte de 78 milhões de toneladas de alimentos, ou o equivalente a 15% do total disponível na região. Quando ampliamos a análise para um contexto mundial, 1.3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidas ou desperdiçadas ao longo da cadeia de produção e fornecimento.
Toda a sociedade deve encarar o combate ao desperdício como prioridade, desde os produtores, processadores, varejistas até os consumidores finais. Negligenciar esse tema gera prejuízos para toda a cadeia e impacta os negócios, o meio ambiente e a qualidade de vida da população.
O investimento em tecnologias de embalagem é uma das soluções capazes de gerar ganhos nesta área, pois promove maior segurança ao alimento, garantia de origem, manutenção do frescor, maximização da vida útil e redução das perdas, desde a indústria, no varejo até a casa do consumidor. A conscientização em torno desse assunto está crescendo, mas ainda não chegamos ao patamar onde precisamos estar.
Segundo dados da pesquisa “Soluções para reduzir o desperdício de alimentos nos varejos na América Latina”, realizada pelo instituto Nielsen em parceria com a Sealed Air, nove em cada dez consumidores latino-americanos acreditam que o material da embalagem é mais danoso para o meio ambiente do que o alimento desperdiçado. Porém, quando se analisa a energia utilizada na cadeia de produção de carne vermelha, por exemplo, o processamento da carne em si responde por 63% do total, enquanto as embalagens representam apenas 4%, sendo que elas são responsáveis por proteger todos os investimentos das fases de processamento, transporte, estoque e comercialização.
Infelizmente, muitos consumidores ainda não têm consciência sobre como o desperdício de alimentos contribui para o esgotamento dos recursos naturais, impacta na formação de gases de efeito estufa e sobrecarrega os aterros sanitários. Essa falta de informação dificulta a implementação de novas tecnologias de embalagens, que são soluções reais, práticas, sustentáveis e eficientes no combate ao desperdício. Para mudar essa realidade, a indústria e o varejo devem se unir na propagação de uma maior conscientização.
Quando bem informados, os consumidores tendem a tomar decisões mais conscientes. Durante a pesquisa, os latino-americanos tiveram acesso a dados e informações para solucionar este problema. Após entender os impactos causados pelo desperdício de alimentos, 90% passam a reconhecer o benefício da embalagem em garantir o frescor por mais tempo, a integridade do alimento e proteção contra microorganismos. Ainda, 84% dos consumidores apontaram que valorizam lojas que vendam produtos que contribuam com a redução do desperdício.
Diante disso, constata-se que o conhecimento é a principal ferramenta capaz de promover uma mudança real para que a sociedade passe a priorizar o combate ao desperdício, entenda a importância e aprove a adoção de tecnologias de embalagem capazes de gerar benefícios para toda a cadeia processadora de alimentos.
*Tobias Grasso é Vice-Presidente para a América Latina da Sealed Air Food Care