Dilemas, desafios e paradoxos da Covid19 e paradoxos da Covid-19
Josier Marques Vilar e Hans Fernando

 

Josier Marques Vilar é presidente do Forum INovaçao Saúde e Hans Fernando é médico e executivo da Saúde

 

 

Parece ser consenso que o mundo está diante de um grande dilema e um paradoxo para o enfrentamento da atual pandemia e de novas crises sanitárias que sabidamente poderão (e deverão) surgir em um futuro qualquer.

Os quase 3 milhões de mortos em todo o mundo decorrentes da Covid19 nos obriga a um repensar sobre nossos sistemas de controle sanitário em todo o planeta. Tomando como exemplo os Estados Unidos, onde o governo, com seu excesso de doses de imunizantes, tem afirmado que os braços americanos serão os primeiros a serem vacinados com “nossas” vacinas, não cremos que o mundo conseguirá sustentar essa tese de forma definitiva, se todos os países ricos passarem a exercer essa mesma regra, sob essa mesma lógica. Mas a cruel realidade é que somente dez países dos 193 existentes no mundo, adquiriram 75% da produção de vacinas de 2021.

Este paradoxo obrigará a Organização Mundial da Saúde (OMS) a rever sua atuação e exercer um novo e importante papel na governança da saúde mundial. Construir uma agenda para uma nova ordem sanitária mundial de forma colaborativa, será o papel que a OMS terá de assumir para enfrentar o atual (e futuro) dramático momento que estamos vivendo.  Será necessária que a agência passe a exercer a liderança e coordenação global no enfrentamento a futuros ataques microbiológicos que teremos inexoravelmente pela frente.

Daqui em diante, não será mais possível que o mundo, diante dos riscos permanentes de novas pandemias e do surgimento de desconhecidos agentes virais, acredite que protegeremos nossas fronteiras com detectores de metais nos aeroportos ou deixando que o país onde tenha surgido uma nova doença resolva sozinho seu problema. As questões sanitárias são globais e não existem limites geográficos para esses invasores.

A globalização adotada pelo mundo rompeu as barreiras econômicas, mas levou junto as barreiras sanitárias, e para estas não existem leis protecionistas ou de mercado. O planeta, do ponto de vista sanitário, não tem fronteiras ou barreiras. Não dá mais, portanto, para ficarmos indiferentes à desgraça sanitária alheia. Ou todos os países colaboram uns com outros, independentemente de suas ideologias e governos, ou estaremos sempre expostos a novos ataques destrutivos por micro-organismos que sequer ainda conhecemos.

A construção conjunta por todos os países, tendo como líder uma nova OMS, de uma nova ordem sanitária mundial é urgente e a melhor alternativa para o enfrentamento das futuras crises sanitárias que teremos inexoravelmente de enfrentar.