Da Redação
Na linha de frente do combate ao coronavírus, a cardiologista intensivista da Rede D’Or São Luiz, Ludhmila Abrahão Hajjar, também demonstra preocupação com o pós-pandemia. Ela alerta que existe o risco de aumento de doenças crônicas, como cardiovasculares, no período imediatamente após a pandemia. O recente levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), que registrou uma queda de 27 milhões de procedimentos de saúde que não são de emergência em 2020, como exames e consultas, reforçam esse temor.
Ludhmila explica que cada um desses milhões de procedimentos não realizados poderia ser uma doença prevenida e ou controlada. O alerta dela é de quem tem conhecimento de causa. Ela tem visto de perto pacientes que deixaram de fazer seus exames e agravaram seus quadros. O desafio é mudar esse cenário e incentivar que as pessoas retomem os cuidados com a própria saúde. “As doenças cardiovasculares podem acontecer em qualquer idade e, em muitos casos, os sintomas são silenciosos. Por isso é fundamental ter hábitos de vida saudáveis e ir ao médico periodicamente, para prevenir enfermidades como a hipertensão, que pode provocar um AVC”, ressalta a cardiologista”, que também é diretora de Ciência Tecnologia e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Um estudo com a participação da própria SBC mostra como o alerta é necessário. O país registrou, ainda no ano passado, um aumento de mortes por doenças do coração. Manaus, por exemplo, viu os óbitos por essas causas crescerem 132% a mais do que no ano anterior. Em Belém, o aumento foi de 126%; Fortaleza, 87%; Recife, 71%; Rio de Janeiro, 38% e São Paulo, 31%.
A cardiologista defende a realização de campanhas que orientem a população a retomar os cuidados básicos com a saúde. Ela relata que há pacientes que admitem que deixaram de praticar atividade física, o que é preocupante, pois o sedentarismo está entre os principais fatores de risco de doenças cardíacas. “Também é preciso considerar o impacto que terá na rede pública, se houver essa explosão de doenças crônicas”, avalia Ludhmila.