Por Luiz Henrique Mendes, do Valor Econômico
A deterioração das ações brasileiras fez mais uma vítima. O Burger King acaba de anunciar que chegou a um acordo com a Vinci Partners para cancelar a aquisição da operação brasileira da rede de pizzarias Domino’s. Na negociação, a Vinci receberia 16,4% das ações do BK.
O negócio entre BK Brasil e Domino’s foi anunciado em julho, quando a rede de fast food de hambúrguer valia R$ 3 bilhões em bolsa. De lá para cá, os papéis perderam valor. Na sexta-feira, as ações do BK fecharam a R$ 6,87, com a companhia avaliada em menos de R$ 1,9 bilhão. No ano, os papéis do BK recuaram 37%.
A transação entre BK Brasil e Domino’s criaria a maior companhia de foood service do país, ultrapassando a Arcos Dorados — operadora do McDonald’s na América Latina — em número de lojas.
Um negócio entre as duas partes, no entanto, não está descartado. Na verdade, as portas estão escancaradas para que a união aconteça, o que depende da melhora das condições de mercado. BK Brasil e Vinci acertaram um direito exclusivo de preferência por um ano.
Ao amarrar um acordo de preferência mútuo, a gestora de private equity e o BK Brasil sinalizam que continuam vendo méritos estratégicos na união. Os executivos da companhia já deixaram claro que a Domino’s tem potencial para mesmo triplicar de tamanho. No ano passado, a rede de pizzarias faturou cerca de R$ 455 milhões.
“A Domino’s pode ter o tamanho que o BK tem hoje”, disse o CEO do BK Brasil, Iuri Miranda, numa entrevista ao Pipeline em julho, logo que anunciou o acordo — agora desfeito — ao mercado.
Apesar dos méritos, a matemática é implacável (e nem todos se entusiasmaram com os termos da transação anunciada em julho). Quando o BK anunciou a aquisição da Domino’s, uma operação que faria da Vinci Partner’s — controladora da rede de pizzarias — a maior acionista da rede de fast food, um grupo de minoritários se mostrou insatisfeito com o negócio.
“Não faz sentido ter essa diluição agora, embora seja um negócio promissor”, disse em julho um gestor que se opunha ao acordo. A principal queixa dos minoritários, um grupo que incluía casas como a Atmos, dizia respeito à diluição. O preço das ações do BK na época do acordo já era considerado baixo pelos minoritários.