BNDES financia com R$ 6 bilhões exportação de 39 aeronaves da Embraer
Operações vão reforçar a balança comercial brasileira

Da Agência Brasil

A exportação de mais 39 aeronaves da Embraer, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em torno de R$ 6 bilhões, vai reforçar a balança comercial brasileira. São três contratos distintos com a Skywest Airlines, a American Airlines e a Azorra Aviation Holdings LLC, que totalizam o equivalente a mais de R$ 7 bilhões em exportação de bens de alta tecnologia e alto valor agregado. A informação foi divulgada nesta terça-feira (2) pelo banco.

Para o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, o financiamento às exportações das aeronaves da Embraer é fundamental para o Brasil. “O BNDES, como agência de crédito à exportação brasileira, tem entre os seus objetivos oferecer condições que garantam igualdade de competitividade ao exportador brasileiro no mercado internacional, gerando emprego e renda no Brasil.”

O presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, lembrou que a empresa e o BNDES têm uma relação “sólida e de longo prazo”. E completou: “O apoio que recebemos para a exportação de nossas aeronaves é fundamental para consolidarmos o nosso crescimento e ampliarmos a nossa presença global.” Segundo Gomes Neto, a atuação do BNDES não beneficia apenas a Embraer, mas “contribui também para a geração de milhares de empregos de alta qualificação no Brasil e para o aumento da exportação de produtos de alto valor agregado”.

Contratos

O contrato com a companhia aérea SkyWest Airlines, Inc. prevê a exportação de dez jatos E-175 da Embraer modelo E-175 (até 76 passageiros), enquanto a American Airlines teve financiamento aprovado pelo BNDES para aquisição de até 11 jatos E-175. Já a venda de até 18 jatos dos modelos E-195-E2 (de até 146 lugares) e E-190-E2 (de até 114 lugares), considerados as maiores e mais sofisticadas aeronaves da fabricante brasileira, foi firmada com a empresa norte-americana Azorra Aviation Holdings LLC. A Azorra é especializada em aquisição e leasing (locação financeira) de aeronaves para a operação de companhias aéreas comerciais.

Somente em 2023, o BNDES aprovou e contratou sete operações de financiamento à exportação da Embraer, totalizando 67 aviões comerciais, com até R$ 10 bilhões em financiamento. As entregas estão previstas até 2025.

O banco destaca que, além de promover o desenvolvimento da indústria nacional de bens tecnológicos, as exportações de aeronaves ampliam e mantêm empregos de elevada qualificação, além de gerarem divisas importantes para a economia do país. São consideradas operações estratégicas, alinhadas à política brasileira de apoio à exportação, com objetivo de trazer mais competitividade às exportações brasileiras e incentivar a atuação das empresas nacionais no mercado internacional.

Desde 1997, o BNDES financiou cerca de US$ 25,6 bilhões à exportação de 1,3 mil aeronaves da Embraer. No período, as operações contratadas possibilitaram à empresa disputar, no mercado internacional, em igualdade de condições com suas concorrentes. O apoio do banco complementa o financiamento dado pelo mercado privado.

Seguro de crédito

Das três operações recém-aprovadas, duas (American Airlines e Azorra) contaram com o Seguro de Crédito à Exportação (SCE) com lastro no Fundo Garantidor de Exportação (FGE), e recolherão aproximadamente R$ 300 milhões em novos prêmios de seguro para o fundo. De natureza contábil e vinculado ao Ministério da Fazenda, o FGE visa dar cobertura às garantias prestadas pela União nas operações do SCE.

De acordo com o BNDES, o seguro garante as operações de crédito à exportação contra os riscos comerciais (não pagamento por falência ou mora), políticos (moratórias, guerras, revoluções entre outros) e extraordinários (desastres naturais) que possam afetar a produção ou a comercialização de bens e serviços brasileiros no exterior.

Como a guerra na Ucrânia afeta companhias aéreas e a Embraer
Para a fabricante brasileira de aeronaves, as sanções da comunidade internacional aos russos podem afetar o acesso ao titânio

 

Por Stella Fontes, do Valor Econômico

Embora a guerra na Ucrânia não tenha afetado os voos das companhias aéreas brasileiras até o momento, Embraer, Latam, Gol e Azul monitoram de perto seus desdobramentos, que podem ter impacto relevante nos custos e operações do setor. Para a fabricante brasileira de aeronaves, as sanções da comunidade internacional aos russos podem afetar o acesso ao titânio, metal leve usado na fabricação de aeronaves e seus motores.

A VSMPO-Avisma, controlada pela estatal Rostec, tem o monopólio da produção de titânio e peças forjadas com o metal na Rússia. E é importante fornecedora da indústria aeronáutica mundial. Assim como Embraer, Boeing e Airus dependem em boa parte do titânio russo. Um embargo à Rússia, portanto, poderia atingir diretamente as maiores fabricantes de aeronaves no mundo.

Segundo a agência Reuters, a VSMPO-Avisma responde por 25% da oferta global de titânio. Especificamente no mercado aeronáutico, essa participação subiria a 50%, segundo consultorias internacionais. Procurada, a Embraer informou que avalia a cadeia de suprimentos de titânio de forma constante, como faz com outros materiais. “Neste momento, o fornecimento de titânio não preocupa a Embraer, já que a empresa mantém alto nível de estoque deste material”, disse em nota.

Em postagem no LinkedIn há dois dias, o presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, enumerou potenciais impactos da guerra para as companhias aéreas e destacou que a pressão sobre os custos é “inegável”, citando também o titânio. “Infelizmente na situação em que está o setor, estes aumentos vão impactar os preços das passagens. É uma pena, especialmente em um momento no qual o que mais queremos é voltar a voar”, escreveu.

Na avaliação do executivo, a guerra na Ucrânia pode afetar o mercado de capitais e a disponibilidade de crédito e preço e oferta de commodities relevantes para a indústria, incluindo o metal. “Além disto, precisamos utilizar a #flexibilidade para replanejar o que adquirimos durante a crise. Comentei isto com vocês: aquele horizonte de longo prazo não existe mais. Temos de reagir rápido no curto prazo e ajustar a oferta em função destes custos. Muito trabalho pela frente! Que o bom senso, #respeito à vida e às fronteiras impere neste momento!”, acrescentou.

Em nota, a Latam informou que não voa para a Ucrânia e, até o momento, seus voos não foram afetados pelo fechamento do espaço aéreo em diferentes países.

A Gol, por sua vez, informou que não opera voos para a Ucrânia e reforçou posicionamento recente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que já alertava para potenciais impactos do câmbio e do petróleo nos custos do setor aéreo.

“Sobre este triste momento, informamos que nossas associadas não operam voos que tenham como destino final da região do conflito e acompanhamos com atenção os impactos nas cotações do dólar e do petróleo, que podem aumentar ainda mais os custos”, informou a associação.

Procurada, a Azul informou em nota que “suas operações seguem dentro da normalidade e sem nenhum impacto”. “Um eventual efeito no valor das passagens vai depender do impacto da guerra sobre custos como dólar ou petróleo, que são monitorados constantemente pela companhia”, acrescentou.

Na sexta-feira, as ações PN da Azul recuaram 2,95% na B3, para R$ 25,29. Os papéis da Gol encerraram o dia a R$ 17,28 cada, baixa de 0,97%. As ações ON da Embraer subiram 0,9%, para R$ 17,60. Já as ações da Latam recuaram 4% na bolsa chilena, para 269,88 pesos chilenos.

Embraer reverte prejuízo e lucra R$ 192,7 milhões no 2º trimestre

A fabricante de aeronaves Embraer reverteu o prejuízo de R$ 337,3 milhões registrado no segundo trimestre de 2016 para um lucro líquido de R$ 192,7 milhões no mesmo intervalo neste ano. O montante é atribuível aos controladores da companhia, base para distribuição de dividendos.

Segundo as demonstrações financeiras, a receita líquida da empresa de abril a junho subiu 19,4% na comparação com o mesmo período anterior, para R$ 5,7 bilhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Embraer no trimestre foi de R$ 822,9 milhões. Há um ano, o indicador havia ficado negativo em R$ 182,7 milhões. Assim, a margem Ebitda subiu para 14,4% no segundo trimestre, ante -3,8% do mesmo intervalo de 2016.

A fabricante também reverteu uma receita líquida financeira de R$ 33,7 milhões apresentadas no ano passado para uma despesa financeira líquida de R$ 59,7 milhões de abril a junho deste ano.

Segmentos

O segmento de aviação comercial da Embraer apresentou no segundo trimestre deste ano uma receita líquida de R$ 3,5 bilhões, crescimento de 16,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. O desempenho foi o principal responsável pelo crescimento da receita líquida total da fabricante de jatos no intervalo, já que o segmento comercial ainda é o que detém maior participação no faturamento, de 61,4% — ante fatia de 62,8% no segundo trimestre de 2016.

Nas atividades de defesa e segurança, a Embraer entregou uma receita de R$ 1,07 bilhão de abril a junho, alta de 46,6% sobre igual intervalo em 2016. A fatia do segmento na receita total da empresa subiu de 15,4% há um ano para 18,9%.

O segmento de aviação executiva da Embraer registrou expansão de receita de 8,2% no trimestre, também em base anual, para R$ 1,1 bilhão. A participação sobre o faturamento total caiu de 21,3% para 19,3% no período.

Além do aumento no número de entregas da aviação comercial, as receitas totais da fabricante de jatos foram impulsionadas por uma diversificação mais favorável de entregas no segmento executivo, pelo lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) e pelo crescimento da receita de serviços no período.

Dívida

No período, a fabricante reduziu a sua dívida líquida em 14,3% na comparação com o primeiro trimestre, para R$ 2,2 bilhões. O indicador trimestral é o mais comum para analisar a evolução do caixa da empresa ao longo do ano.

A redução do endividamento se deu principalmente em função da geração livre de caixa da companhia no segundo trimestre, de acordo com comunicado que acompanha o balanço divulgado nesta sexta-feira. O indicador apresentou melhora tanto no comparativo trimestral, quanto no anual.

Os resultados da empresa de abril a junho foram, de maneira geral, ajudados por um desempenho operacional muito mais forte, que contribuiu para compensar a piora na linha financeira, em especial diante dos efeitos do dólar sobre o balanço.

O caixa líquido gerado pelas atividades operacionais da Embraer no segundo trimestre foi de R$ 1,2 bilhão, ante um consumo de caixa de R$ 663,9 milhões há um ano. Assim, a geração livre de caixa ajustado saiu de um patamar negativo de R$ 1,5 bilhão no segundo trimestre de 2016 para um saldo positivo de R$ 739,9 milhões agora.

Na linha das dívidas, a Embraer afirma que a estratégia de alocação de caixa continua sendo uma das principais ferramentas para mitigação do risco cambial ao qual a empresa está submetida. Assim, a fabricante aderiu a alguns instrumentos de proteção (hedge) financeira para reduzir a exposição do fluxo de caixa deste ano aos impactos do dólar.

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