Mundo rico vive boom do emprego

trump discurso
Governo de Trump registra taxa de desemprego de apenas 3,6%

Todos dizem que o emprego está acabando. Que os trabalhadores perderam o controle de suas vidas, que são mal pagos e explorados, que as máquinas ameaçam extinguir seus empregos. Só há um problema nesse quadro: ele não bate com a realidade. A maior parte do mundo rico está experimentando um boom de empregos sem precedentes. Não apenas existe pleno emprego, mas, em média, os empregos ficaram melhores. O capitalismo está melhorando com mais rapidez o nível dos trabalhadores, à medida que os mercados de trabalho se tornam mais seletivos.

Nos EUA, a taxa de desemprego é de apenas 3,6%, a mais baixa em meio século. Menos comentada é a abundância de empregos em todo o mundo rico. Dois terços dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tem taxa de emprego recorde na faixa de 15 a 64 anos. No Japão, 77% dessa faixa estão empregados. Mesmo na França, Espanha e Itália, onde o desemprego é relativamente alto, a taxa de emprego para a população que atinge a idade de trabalho está próxima ou excede os níveis de 2005.

O boom de empregos no mundo rico é cíclico, resultado de uma década de incentivo econômico e recuperação verificados desde a grande recessão. Mas também reflete mudanças estruturais. As populações estão mais preparadas. Os sites são eficientes em combinar vagas e candidatos qualificados. E cada vez mais mulheres trabalham. Na verdade, as mulheres representam quase todo o crescimento nas taxas de emprego do mundo rico desde 2007. Por último, reformas em programas de previdência social, tanto para deixá-los menos generosos como para endurecer os meios de ingresso, parecem ter levado mais as pessoas a procurar emprego.

Graças ao boom de vagas, o desemprego quase desapareceu em muitos países. Foi substituído por uma série de queixas sobre a qualidade e o rumo do trabalho. Esses são pontos menos tangíveis e mais difíceis de julgar. As queixas mais sérias são de que a automação vem destruindo vagas e os empregos, embora abundantes, são de baixa qualidade.

De novo, a realidade não combina. Na indústria manufatureira, máquinas substituíram trabalhadores por décadas. Isso parece ter contribuído para um bolsão de desemprego persistente entre os americanos. Mas, segundo a OCDE, não se vê um apocalipse do emprego originado por máquinas e algoritmos. Uma grande faixa de pessoas apenas com educação secundária ou menos tem mais empregos que em 2000.

É também verdade que empregos de nível médio estão se tornando mais difíceis de encontrar à medida que a estrutura da economia muda e o setor de serviços se expande. Por volta de 2026, haverá nos EUA mais pessoas trabalhando em casa do que secretárias, segundo projeções oficiais. Mas, à medida que os mercados convencionais de trabalho decrescem, são criados mais empregos de alto nível que empregos menos qualificados. Ao mesmo tempo, empregos menos qualificados estão sendo mais bem pagos, em parte em razão do aumento do salário mínimo. No mundo rico, empregos que pagam menos de dois terços da média nacional são cada vez mais raros.

Quanto à precariedade, nos EUA, os empregos de tempo integral tiveram a mesma proporção de contratações em 2017 que em 2015. O trabalho temporário responde por apenas 1% dos empregos. Na França, mesmo com as recentes reformas para tornar o mercado de trabalho mais flexível, a faixa de novas contratações permanentes atingiu a maior alta de todos os tempos. O verdadeiro trabalho precário é encontrado em países do sul da Europa e a culpa não é nem de empregadores sanguessugas nem da tecnologia, mas de leis antiquadas que amarram os mercados de trabalho, deixando de fora os jovens para manter em empregos protegidos trabalhadores que neles se encastelaram.

Seguro-desemprego

O impacto dos benefícios de trabalho abundante está ficando claro. Com as empresas competindo por trabalhadores, mais do que estes por emprego, os salários crescem, aumentando a fatia dos trabalhadores no bolo – embora não tão rapidamente quanto o boom pode sugerir. Especialistas preocuparam-se por anos com a diminuição do número de beneficiados pelo seguro-desemprego. Agora, o mercado de trabalho está fazendo isso por eles. De fato, um dos atrativos do boom de empregos é seu potencial para resolver problemas sociais sem que governos gastem muito.

Os legisladores têm lições a tirar. Os economistas subestimaram o potencial do emprego, o que levou a políticas fiscais e monetárias hesitantes. Assim como sua perspectiva otimista nos anos 2000 ajudou a alimentar a crise, o pessimismo sobre o crescimento do emprego atrasou a recuperação. A esquerda tem de aceitar que muitas de suas críticas ao capitalismo não têm respaldo nos fatos.

A vida na base do mercado de trabalho não é alegre – longe disso. Mas a situação da maioria dos trabalhadores está melhorando. A falha em entender isso pode levar a uma intervenção desnecessária do governo. Já a direita deveria admitir que os empregos aumentaram apesar das regulamentações que constituem sua política. O boom não vai durar para sempre. A recessão vai liquidá-lo. Mas, enquanto isso, é bom prestar atenção nele.

Março registra queda no número de empregos

O mercado de trabalho formal apresentou, em todo o país, saldo negativo de 43.196 empregos com carteira assinada em março. Segundo dados divulgados hoje (24), em Brasília, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, foram registradas 1.216.177 admissões e 1.304.373 demissões no período.

No mês anterior, o saldo havia ficado positivo, com 173.139 admissões (1.453.284 admissões e 1.280.145 demissões). Com isso, no acumulado do bimestre (fevereiro/março), o saldo está em 129.943.

A maior perda registrada em março foi no setor de comércio, que apresentou uma diminuição de 28.803 vagas, seguido de agropecuária (-9.545), construção civil (-7.781), indústria da transformação (-3.080) e serviços industriais de utilidade pública (-662).

Três setores tiveram resultados positivos: serviços (4.572), administração pública (1.575) e extrativa mineral (528).

Os estados que apresentaram os piores resultados foram Alagoas (-9.636 vagas), São Paulo (-8.007), Rio de Janeiro (-6.986), Pernambuco (-6.286) e Ceará (-4.638).

Os que anotaram saldo positivo foram Minas Gerais (5.163), Goiás (2.712), Bahia (2.569), Rio Grande do Sul (2.439), Mato Grosso do Sul (526), Amazonas (157), Roraima (76) e Amapá (48).

O salário médio das admissões registradas em março ficou em R$ 1.571,58, valor que, se comparado ao mesmo período do ano anterior, representa perda real de R$ 8,10 (-0,51%).

Já o salário médio que era pago no momento da demissão apresenta queda maior, de R$ 29,28 na comparação com março de 2018 – valor que representa perda real de -1,69%.

Saúde privada gerou 17% dos novos empregos formais em 2018

breno monteiro
Breno Monteiro é presidente da Confederação Nacional de Saúde 

A crise econômica prejudicou a rentabilidade do setor de assistência privada à saúde – hospitais, clínicas e laboratórios –, mas ainda assim as empresas seguiram investindo na expansão dos serviços e empregos. O fato transparece nos números de 2018 sobre o mercado de trabalho. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram que em 2018 os prestadores de saúde privados realizaram 610.015 admissões, contra 521.034 demissões. O saldo positivo de 88.981 postos de trabalho corresponde a 16,8% do total de empregos com carteira assinada criados no país no ano passado.

Ganha maior relevância a contribuição do setor em contraste com setores tradicionalmente conhecidos por gerar empregos de forma intensiva. O saldo positivo de postos de trabalho em serviços privados de saúde foi 34 vezes maior do que o de todos os segmentos que compõem a indústria de transformação (2.610); 27 vezes maior que o da agricultura (3.245); e cinco vezes maior que o da construção civil (17.957).

Entre 2010 e 2018, os prestadores privados de assistência à saúde foram responsáveis por um saldo positivo de mais de 704 mil empregos formais no país. Atualmente, o estoque de empregos no segmento é de 2.066.533 empregos formais, o que o coloca à frente de segmentos como a Construção Civil (2.010.217) e a Agricultura (1.559.184).

Os dados sobre emprego ressaltam algumas particularidades do setor. Primeiro, que, na saúde, apesar do uso intenso de tecnologia, o contingente de profissionais continua a crescer – ao contrário do que ocorre em outros setores. Segundo, que o crescimento vem acompanhado de maior exigência em relação à qualificação dos trabalhadores. Conforme os dados do CAGED, em 2018 foram extintas 3.774 vagas de  profissionais com o fundamental incompleto, ao passo que foram criadas 92.755 vagas para aqueles com nível de escolaridade entre o ensino médio incompleto e o superior completo.

É interessante notar ainda que a expansão do emprego na saúde privada se espraiou por todos os estados do país, com exceção do Acre, que apresentou saldo negativo de 119 vagas. São Paulo liderou a geração de empregos com 25.608 novos postos de trabalho. No total, em comparação com o ano anterior, o setor gerou 80% mais empregos formais.

Os números mostram o peso que a saúde privada adquiriu na economia brasileira, o que se explica pela demanda crescente por serviços de saúde. O fenômeno é mundial e decorre principalmente  da mudança no perfil demográfico e epidemiológico – a maior longevidade das pessoas, o aumento na proporção de idosos e a preponderância das doenças crônicas, próprias do envelhecimento, que exigem cuidados continuados.

O desempenho surpreendente da saúde privada na geração de empregos se deu, repetimos, apesar das condições de mercado desfavoráveis dos últimos anos. Percebe-se aí o papel estratégico que o setor desempenha para a sociedade brasileira, tanto do ponto de vista social como econômico. E percebe-se também o comprometimento das empresas do setor com a expansão e a modernização dos serviços, para atender mais e melhor a sociedade brasileira.

ONU lança site para ajudar refugiados a encontrar emprego no Brasil

Pacto Global e a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) lançaram hoje (3)  site com o objetivo de facilitar a contratação de refugiados que vivem no Brasil. O lançamento ocorreu nesta manhã (3) na capital paulista.

A plataforma é voltada para as empresas, que podem buscar, no site, orientação sobre o processo de contratação de refugiados. Caio Pereira, secretário executivo do Pacto Global, esclarece que o documento de pedido de refúgio é suficiente para o registro de contratação pelas empresas.

“Na plataforma, tem o passo a passo, os documentos. O que a gente vê, muitas vezes, é que o principal desafio é a falta de conhecimento para contratar. Muitas vezes, o  setor de Recursos Humanos tem suas travas. Legalmente, a gente sabe que é muito fácil contratar”.

Ele defendeu que as empresas têm a responsabilidade de atuar ativamente na sociedade para a evolução das causas sociais. “As empresas precisam refletir a diversidade da população”.

Mulheres

Segundo Adriana Carvalho, gerente de Princípios de Empoderamento da Oraganização das Nações Unidas (ONU)  mulheres, estudos apontam que as empresas com mais diversidade são mais lucrativas e vivem por mais tempo. “Tem muitas razões sócio-econômicas para a gente querer uma sociedade mais inclusiva”.

Os casos de mulheres refugiadas, na opinião de Adriana, costumam ser mais complexos que dos homens, muitas delas chegam com seus filhos.

O programa voltado a esse público feminino, Empoderando Refugiadas, beneficiou 130 mulheres da Colômbia, Síria, de Moçambique, da República Democrática do Congo e Venezuela. Na última edição, que começou em julho incluiu 50 participantes venezuelanas, sírias, angolanas e congolesas.

Dados

Paulo Sérgio Almeida, oficial da Acnur, avalia que o mundo registra, atualmente, o maior número de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. “Por ter tido uma opinião política, por causa de sua fé, por causa de sua raça. Deixam uma vida para trás e chegam em outro lugar novo para recomeçar.”

No Brasil, a acolhida de venezuelanos foi o maior desafio enfrentado, pela necessidade de interiorização. “Num país continental como o Brasil, eles chegam na pontinha, no Norte. Há uma retenção, as pessoas ficam lá sem oportunidades. Elas querem contribuir, mas não conseguem se deslocar pelo alto custo”.

De acordo com o Comitê Nacional para Refugiados do Ministério da Justiça, até o final de 2018 o Brasil reconheceu 10.522 refugiados vindos de 105 países, como Síria, República Democrática do Congo, Colômbia, Palestina e  o Paquistão. Desse total, pouco mais de 5 mil tem registro ativo no país, sendo que 52% moram em São Paulo, 17% no Rio de Janeiro e 8% no Paraná. A população síria representa 35% dos refugiados com registro ativo no Brasil.