Vinhos e espumantes brasileiros batem recorde de exportações
Espumantes são carro-chefe do Brasil e vinhos finos conquistam cada vez mais premiações internacionais

Maior produtor de espumantes da América Latina, o Brasil vem sendo reconhecido também pelos vinhos finos.  Com qualidade testada pela crítica e em diversos concursos internacionais, os produtos brasileiros estão conquistando cada vez mais consumidores ao redor do mundo. Nos últimos dois anos, o país teve recorde nas vendas externas desses produtos. Em 2021, foram exportados US$ 12,3 milhões, 53% a mais que 2020. De janeiro a novembro deste ano, o setor de vitivinicultura já alcançou US$ 12,7 milhões. Muito desse avanço é fruto do apoio que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) oferece ao setor por meio do Projeto Setorial Wines Of Brazil, realizado em parceria com a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). Cerca de 48,5% do total exportado pelo Brasil nesse ano recebeu apoio do Projeto, que visa promover internacionalmente os vinhos e espumantes produzidos no País. 

Wines Of Brazil atende hoje 24 vinícolas brasileiras, das quais 16 já atuam no mercado internacional. Neste ano, as exportações apoiadas pelo Projeto alcançaram mais de 30 destinos diferentes. Os Estados Unidos são o principal destino dos espumantes. Já os vinhos finos têm a Inglaterra como o principal comprador externo e os vinhos de mesa tem sua demanda concentrada em países da América Latina. A China também vem se consolidando como um grande consumidor dos vinhos e espumantes do Brasil.  

O gerente do Projeto na Uvibra, Rafael Romagna, cita que a pandemia está entre alguns dos fatores que influenciaram na ascensão do mercado nacional. Ele explica que, apesar de todos os desafios que a COVID-19 trouxe, o consumo de vinho neste período cresceu muito e a demanda tanto nacional quanto internacional pelos vinhos e espumantes brasileiros também aumentou. Além disso, as ativações promocionais desenvolvidas pelo Projeto, aliadas ao desenvolvimento de tecnologias que permitiram a ampliação das áreas e regiões produtivas no País, proporcionaram resultados positivos. 

O Brasil conta hoje com mais de 1,1 mil vinícolas. A principal região produtora é a região Sul, responsável por 90% da produção nacional. Recentemente, Altos de Pinto Bandeira – RS foi reconhecida como Denominação de Origem (DO), a única exclusiva para espumantes do Hemisfério Sul. Mas vinícolas do Sudeste, do Centro-Oeste e do Nordeste também vem apresentando produtos de alta qualidade. Em novembro deste ano, a região do Vale do São Francisco recebeu o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP) para vinhos finos, nobres, espumantes naturais e moscatel.  

Qualidade e reconhecimento  

Em 2022, vinícolas participantes do Wines of Brazil receberam mais de 390 prêmios internacionais. Somente em dois concursos londrinos – o International Wine Challenge e o The Wine Spirits Show – foram mais de 100 premiações. Nos últimos 10 anos, o setor somou mais 3 mil medalhas conquistadas no exterior. Segundo a gestora do Projeto na ApexBrasil, Rafaela Albuquerque, o período é o mesmo em que a inovação no sistema produtivo chegou, com apoio da Embrapa, promovendo aumento da produção e da qualidade dos produtos.  

“Estamos orgulhosos de ver nossos produtos com qualidade pelo mundo. Com o Projeto, promovemos a imagem do setor, os atributos de qualidade da produção, levamos informações sobre as regiões produtoras brasileiras e facilitamos a participação das empresas produtoras e exportadoras de vinhos nos grandes eventos internacionais, como a ProWine e outros. Em todas as feiras que essas empresas participam o Wines of Brazil está presente com o branding, com a identidade visual, e isso traz uma coesão estratégica para o nosso posicionamento internacional”, explica Albuquerque. 

Cases de sucesso 

A vinícola brasileira Salton líder na comercialização de espumantes nacionais e  participante do Projeto Wines Of Brazil, tem mais de 100 anos de história e é uma das pioneiras da região de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Em 2021, a empresa teve recorde de exportações: foram mais de 1,5 milhão de garrafas vendidas. Para o gerente de comércio exterior da empresa, César Baldasso, o Projeto tem sido fundamental na construção da imagem do setor no exterior. “A participação em feiras em grupo é a melhor forma de mostrar a força das nossas vinícolas, mostrar qualidade e que não estamos sozinhos, que existe essa cultura produtiva aqui no Brasil”, afirma.  Nos últimos três anos, a empresa ganhou mais de 300 prêmios. Neste ano, o produto da empresa ficou entre os top 10 melhores do mundo em um dos concursos mais concorridos da França, o Effervescents Du Monde.  

Também na lista francesa entre os 10 melhores do mundo está o espumante da Cooperativa Garibaldi, que representa mais de 350 famílias de agricultores e tem o selo de sustentabilidade do Governo Federal. A Garibaldi participa ativamente de eventos internacionais e, neste ano, bateu recorde nas exportações, com aumento de 150%. Segundo a agente internacional da Cooperativa, Mari Balsan, 99% das vendas internacionais da empresa se deram com o apoio da ApexBrasil. Da lista de 70 premiações que a Garibaldi recebeu nesse ano, Balsan cita o Best Sparkling Wine in the South Cone, no Chile, para o espumante Moscatel, e a medalha de ouro do VG brut rosé, no Prêmio Especial Brasil do Citadelles du Vin, na França. 

O sabor da brasilidade  

Enjoy the fresh side of life” é a campanha do Projeto Wines Of Brasil porque o frescor é uma das principais características dos produtos brasileiros. “Damos ênfase na palavra fresh que tem duplo sentido: a novidade do Brasil estar tendo reconhecimento mundial e o frescor presente em nossos vinhos”, explica Romagna. O especialista e diretor de Ensino da Associação Brasileira de Sommelier do Rio Grande do Sul (ABS-RS), Maurício Roloff, também cita a leveza e a flexibilidade como tradutora do espírito alegre do Brasil nos sabores que diferenciam os produtos nacionais no mundo. Roloff explica que nos últimos 20 anos a curva de qualidade dos vinhos brasileiros deu um salto, e que o setor de vitivinicultura brasileiro hoje vive o seu melhor momento. “Quem ainda tem preconceitos com os produtos nacionais precisa se atualizar”, conclui. 

Para as festas de fim de ano, o especialista sugere alguns destaques. Na lista dos espumantes, indica o Cave Geisse blanc de blanc, o Amitié Cuvée Brut e o Moscatel da cooperativa Aurora. De vinhos finos, a dica é o branco Alvarinho, da vinícola Tenuta Foppa e Ambrosi, e o tinto Miolo lote 43. Já para o brinde especial da virada do ano, o especialista sugere o Casa Valduga 130. 

Sobre a ApexBrasil 

A ApexBrasil atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos, apoiando atualmente cerca de 15 mil empresas em 80 setores da economia brasileira. Também já atendeu mais de 1, 3 mil investidores e mais de 118 projetos no valor de US$ 23 bilhões em investimentos anunciados no Brasil. 

Varejo aposta em recuperação e crescimento nas vendas de espumantes no fim de ano
A Cooperativa Vinícola Garibaldi estima aumento de 30% nos negócios com a bebida borbulhante

 

Mercado de espumantes está otimista quanto ao aumento no consumo até o fim do ano

 

Da Redação

O ano de 2020 não foi fácil para os espumantes brasileiros. Com a ocorrência da pandemia, e consequente mudanças por ela acarretadas – festas como casamentos, formaturas e outras celebrações, além de eventos corporativos, grandes fomentadores do consumo, deixaram de existir – as vendas despencaram.

No período entre março e agosto, a Cooperativa Vinícola Garibaldi viu a comercialização de espumantes cair notórios 25%, no comparativo com o mesmo período do ano passado. “O espumante é festivo, ligado a celebrações, tendo suas vendas centralizadas em canais como o varejo tradicional, casas especializadas e pelo setor de eventos. Com o cancelamento dessa programação e a “falta” de motivos para brindar, a bebida sofreu muito durante a primeira fase da pandemia”, explica Maiquel Vignatti, Gerente de Marketing da Garibaldi, que se tornou a marca mais lembrada e a preferida pelos Gaúchos em 2020.

Mas o cenário começou a mudar – para melhor, e de forma surpreendente – no último mês. Em setembro, a Cooperativa Vinícola Garibaldi teve vendas 55% maiores de espumantes no comparativo com setembro de 2019. Esse desempenho, somado ao retrospecto do setor nas vendas de vinhos no primeiro semestre, que cresceram na casa dos 32%, puxam a onda de otimismo que impera na vinícola para a comercialização da bebida no último quadrimestre do ano – período que concentra 60% dos negócios envolvendo essa variedade. No caso da Garibaldi, a projeção de crescimento é de 30% no volume de vendas de espumantes para o último quadrimestre do ano, em comparação ao mesmo período de 2019.

Mudança de comportamento deve impactar hábitos de consumo

Existe, de fato, grande expectativa quanto à recuperação do mercado de espumantes não só por parte da indústria vinícola – mas também do varejo. Ela vem embasada por uma evidente mudança de comportamento da sociedade com impacto direto sobre os hábitos de consumo.  “Neste fim de ano, não teremos a realização de grandes eventos coletivos. As festividades ocorrerão de outra forma, provavelmente em grupos menores, e associadas à gastronomia, uma tendência que vem cada vez mais se concretizando e popularizando. Nesse contexto, a previsão é que os espumantes deverão estar mais presentes na mesa dos brasileiros, compondo as ceias de Natal e Ano Novo. Os supermercados gaúchos estarão preparados para esse movimento”, antecipa o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo.

Essa é a janela de oportunidade que o setor vinícola estava aguardando para virar o jogo em 2020: 80% das vendas de vinhos e espumantes no Brasil ocorrem no varejo, um mercado de cifras gigantescas. A venda de bebidas vinícolas (entre rótulos nacionais e importados) movimentou R$ 16 bilhões em 2019. Os espumantes, especificamente, respondem por 10% desse total. Nesse segmento está a grande oportunidade de expansão para os produtos locais: os espumantes brasileiros são responsáveis por 75% do consumo nacional.

“O melhor de tudo é que temos um mercado em franca expansão. A média mundial de consumo obedece à seguinte proporção: 96% para os vinhos tranquilos e 4% para os espumantes. No Brasil, o índice dos espumantes é de 7%, o que comprova maior afinidade do brasileiro com as borbulhas”. No entanto, o consumo per capto de espumantes no Brasil foi de apenas 150 ml por ano, em 2019. Em 2010, esse número era bem menor: cerca de 80 ml. “Em uma década, o consumo cresceu cerca de 85% – e, mesmo assim, ainda é muito baixo. Nossos esforços, enquanto setor, estão voltados para popularizar o consumo de espumantes, desmistificando a ideia de que a bebida é apenas indicada para situações de celebração, e mostrando como ela pode ser facilmente inserida na rotina. Com isso, fortaleceremos uma cadeia produtiva responsável por grande geração de renda e empregos no país”, reforça Oscar Ló, presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi.