Estudo identifica mudanças que desafiam empresas a reter talentos em 2024
Especialista em carreira aponta que transformação do mercado de trabalho traz impacto nas estratégias corporativas

Da Redação

Em 2024, a retenção de talentos se tornou um dos maiores desafios para os líderes empresariais devido aos índices alarmantes de desengajamento. O estudo Talent Trends 2023 revelou mudanças profundas na cultura do mercado de trabalho, impactando diretamente as estratégias de retenção de talentos das empresas.

Carlos Aldan, CEO do Grupo Kronberg, ressalta que essas descobertas refletem as novas direções e prioridades dos profissionais, influenciando as estratégias corporativas. Segundo Aldan, a lealdade dos colaboradores passou por uma transformação radical. “Hoje, 98% dos entrevistados, mesmo empregados, estão receptivos a novas oportunidades profissionais. Isso sinaliza uma verdadeira revolução cultural no ambiente de trabalho, exigindo uma revisão das abordagens empresariais para atrair e reter talentos nesse novo contexto profissional”, afirma.

Segundo Aldan, nos últimos três anos, houve  uma metamorfose significativa no mercado de trabalho, pois as pessoas não buscam apenas salários competitivos, mas também flexibilidade, planos de carreira claros e um ambiente que valorize tanto suas metas profissionais quanto pessoais. O estudo aponta que sete em cada dez profissionais priorizam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, superando o sucesso estritamente profissional. Esta mudança cultural, abordada na pesquisa, transcende todas as faixas etárias, países e setores, indicando uma mudança duradoura na dinâmica do trabalho.

Para o CEO, a adaptação e a compreensão das novas nuances do mercado são vitais para as empresas. “Estratégias mais maleáveis, direcionadas ao bem-estar e aos objetivos individuais dos colaboradores, se destacam como diferenciais para a retenção de talentos e para a promoção de um ambiente de trabalho onde o engajamento está atrelado, entre outros, à realização pessoal. Estar à frente dessas mudanças é fundamental para construir equipes resilientes e impulsionar o sucesso corporativo”, diz.

Estudo mostra alta da pobreza em regiões metropolitanas
Apesar de benefícios sociais, inflação freou poder de compra

 

Da Agência Brasil

A taxa de pobreza nas regiões metropolitanas do Brasil subiu de 16%, em 2014, para 23,7%, em 2021. Em termos absolutos, isso significa que houve um aumento de 12,5 milhões de pessoas pobres para 19,8 milhões. Em relação à extrema pobreza, a taxa evoluiu de 2,7% para 6,3% no período pesquisado, o que representou aumento de 2,1 milhões para 5,2 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza – aquelas que vivem com R$ 160 mensais ou menos – nas grandes cidades brasileiras.

Os dados constam na 9ª edição do “Boletim Desigualdade nas Metrópoles”, elaborado em conjunto pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), divulgado hoje (8).

A base para a sondagem é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (PNAD Contínua) versão anual, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esta versão permite ver todas as formas de rendimento do domicílio, a partir das quais foi calculada a renda domiciliar per capita (por membro da família), informou à Agência Brasil o economista Marcelo Ribeiro, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR-UFRJ e um dos coordenadores do estudo e membro do Observatório das Metrópoles.

Poder de compra

Foram analisadas as 22 principais áreas metropolitanas do país, de acordo com as definições do IBGE. Todos os dados estão deflacionados para o ano de 2021, de acordo com o Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA). O estudo trabalhou com a linha de pobreza definida pelo Banco Mundial (Bird) para países de renda média alta, caso do Brasil.

“O Banco Mundial se baseia na paridade de poder de compra (PPC) para estabelecer uma medida comparável entre os diversos países e estabelece um valor que corresponde a essa PPC”, informou Ribeiro.

Os pesquisadores transformaram isso na moeda nacional brasileira, o real. Com base na paridade de poder de compra (PPC), a linha de pobreza correspondia a US$ 5,50 por dia, enquanto a PPC para a extrema pobreza era de US$ 1,90. Em valores de 2021, em reais, a linha de pobreza alcança cerca de R$ 465 por mês per capita; a linha de extrema pobreza é de aproximadamente R$ 160 per capita mensais.

Pandemia

As regiões metropolitanas concentram quase 40% da população brasileira – mais de 80 milhões de pessoas. Tais regiões são estratégicas do ponto de vista econômico, político e social, mas também concentram desafios e problemas que afligem a sociedade brasileira, destacaram os autores do boletim. Em relação às desigualdades e à pobreza, em especial, o cenário que se vê nos últimos anos é de grave crise social, aprofundada pelos efeitos da pandemia da covid-19.

De acordo com o boletim, na região metropolitana de São Paulo – a maior e mais importante do ponto de vista econômico do país – o número de extremamente pobres cresceu de 381 mil para 1,027 milhão de pessoas entre 2014 e 2021. Na situação de pobreza, o número é bem maior, tendo evoluído de 1,986 milhão, em 2014, para 3,922 milhões, em 2021. No mesmo período, nas regiões metropolitanas de Salvador e do Rio de Janeiro, por exemplo, o número de extremamente pobres pulou de 103 mil para 483 mil, e de 336 mil para 926 mil, respectivamente.

Segundo Andre Salata, professor da PUCRS e um dos coordenadores do estudo, os efeitos da pandemia da covid-19 agravaram uma situação que já vinha piorando há alguns anos. “A pandemia age, então, sobre um patamar de vulnerabilidade que já estava muito elevado mesmo para os nossos padrões.”

Salata explicou que isso ocorreu com a renda dos mais pobres. No ano de 2014, os 40% mais pobres das regiões metropolitanas brasileiras tinham renda média de R$ 515. Cinco anos depois, em 2019, essa cifra caiu para R$ 470. Já no contexto da pandemia, em 2021, a renda média havia chegado a R$ 396.

A análise de cada região metropolitana separadamente mostra padrão semelhante. Entre 2014 e 2021, a renda dos mais pobres cai de R$ 535 para R$ 404, no Rio de Janeiro; de R$ 354 para R$ 246, no Recife; e de R$ 714 para R$ 581, em Curitiba.

Desemprego e inflação

Marcelo Ribeiro acrescentou que o país já estava com uma trajetória de aumento da pobreza desde 2015. Quando chegou o ano de 2020, em plena pandemia de covid-19, a política expansionista de renda fez com que a taxa de pobreza diminuísse, “pelo valor da transferência de renda que passou a ser feito do auxílio emergencial”. Mas, a partir de 2021, o nível de pobreza aumentou.

Como efeito da pandemia, não somente as desigualdades aumentaram, como a média de rendimentos caiu e atingiu os menores valores da série histórica. O rendimento médio no conjunto das regiões metropolitanas, em 2019, era de R$ 1.935; em 2020, ele caiu para R$ 1.830; e, em 2021, chegou a R$ 1.698. No Distrito Federal, a renda média caiu de R$ 2.784 para R$ 2.476 no período. Na região metropolitana de Recife, a queda foi de R$ 1.593 para R$ 1.079 e, em Porto Alegre, foi de R$ 2.218 para R$ 1.947.

O estudo mostra ainda que os efeitos da pandemia da covid-19 sobre os indicadores de pobreza e desigualdades se fizeram sentir a partir de 2021, quando aumentaram de forma abrupta. Entre o final de 2020 e o início de 2021, a taxa de pobreza evoluiu rapidamente de 19% para 24,7%, enquanto a extrema pobreza subiu de 4,1% para 6,7%.

Tendência

Apesar de observar, nos últimos meses, uma redução da taxa de desemprego no país, embora ainda permaneça em patamares elevados, o professor do IPPUR-UFRJ afirmou que se essa queda do desemprego se mantiver, isso teria um efeito positivo para contribuir na reversão desse processo. Observou, porém, que há uma permanência da taxa de inflação em patamares elevados, o que reduz o poder de compra da população. “Só o fato dela ter acesso à renda, com aumento do emprego, não é suficiente se a inflação continuar elevada. As pessoas vão ter acesso à renda, mas com poder de compra muito reduzido, o que faz com que elas continuem nesta situação.”

Bioma amazônico tem 30 a 40 mil espécies só de plantas, mostra estudo
Trabalho divulgado hoje mapeia pesquisas científicas na região

 

Da Agência Brasil

Açaí, tucumã e buriti são os insumos da Amazônia que mais apareceram em estudos científicos publicados de 2017 a 2021 por instituições de pesquisa brasileiras sobre matérias-primas da região. Os estudos foram mapeados na publicação Bioeconomia amazônica: uma navegação pelas fronteiras científicas e potenciais de inovação, divulgada hoje (8).

O levantamento foi coordenado pela World-Transforming Technologies (WTT), com a participação da Agência Bori, e mapeou 1.070 artigos científicos publicados nos últimos cinco anos na base internacional de periódicos Web of Science. As áreas mais pesquisadas são ciência das plantas, ciências ambientais, ciência e tecnologia de alimentos, ecologia, bioquímica e biologia molecular.

“A gente precisa dar visibilidade à ciência feita na Amazônia e sobre a Amazônia. Há muita pesquisa sobre os ativos da biodiversidade que têm o potencial de resolver problemas importantes da sociedade, como tratamento de câncer, tratamento para prevenção de infecção com mercúrio, biomateriais, bioplástico. Há muita coisa interessante sendo pesquisada que pode, de fato, virar tecnologia, solução para problemas da sociedade”, diz o idealizador do estudo e gerente de operações da WTT, Andre Wongtschowski.

O bioma amazônico é continental, ocupa quase metade do território do país, é compartilhado por países vizinhos como Colômbia e Peru e se destaca como território de megabiodiversidade. Conforme ressalta a publicação, o número total de espécies de animais e plantas ainda não é conhecido, mas estima-se que existam pelo menos de 30 a 40 mil espécies apenas de plantas.

Insumos mais citados

A partir do mapeamento dos 1.070 artigos científicos, foram analisados 621 estudos, que seguem critérios de geração de novos conhecimentos e possíveis inovações a partir da sociobiodiversidade amazônica. Entre eles, 11 insumos aparecem em praticamente uma a cada três pesquisas: açaí, tucumã, buriti, piper, aniba, castanha do Brasil, andiroba, cupuaçu, lippia, guaraná e bacaba.

As pesquisas são variadas. Nelas, os insumos são usados, por exemplo, para supressão tumoral de células de câncer de ovário, agente sensibilizador para terapia fotodinâmica de câncer e como agente em combate a doenças infecciosas. As pesquisas trabalham também com a validação científica da utilização de insumos tradicionalmente empregados na medicina popular no tratamento de anemia, diarreia, malária, dores, inflamações, hepatite e doenças renais, dadas as atividades anti-inflamatória e antidiarreica, entre outras.

A aplicação pode ser feita também em diversas atividades industriais, como produtos artesanais, fabricação de tecidos, fios e redes de pesca, materiais cimentícios para construções sustentáveis, filmes biodegradáveis.

“Temos que dar visibilidade a essas pesquisas promissoras, para que elas saiam das prateleiras, saiam do papel e, de fato, se transformem em soluções para problemas importantes”, defende Wongtschowski.

Política nacional de inovação

Segundo o pesquisador, é necessária uma política nacional de inovação que estabeleça grandes objetivos a partir dos desafios do Brasil, que precisam ser resolvidos com a ciência. Nas soluções, é preciso engajar a comunidade científica, empresas, governos, organizações não governamentais e a sociedade em geral.

“É importante que esses desafios conversem com os desafios da sociedade, essas soluções precisam justamente olhar para os desafios que a gente tem como sociedade, sejam eles sociais ou ambientais”, diz Wongtschowski. “É preciso ter realmente a colaboração entre esses vários setores para que as soluções desenvolvidas fiquem de pé, para que configurem uma cadeia de valor de ponta a ponta, que entregue benefícios à população, que fomente a manutenção da floresta em pé, ou seja, que dê valor para os produtos da biodiversidade”, complementa.

A publicação traz ainda, em destaque, o resumo de sete estudos, selecionados a partir de critérios como potencial inovativo e relevância científica, social e econômica, além de cinco artigos analíticos inéditos escritos por pesquisadores, gestores e empreendedores de renome na área.

Ciência na Amazônia

A publicação destaca também que as especificidades e a complexidade da Amazônia devem ser levadas em consideração quando se trata de inovação. Uma vez que bases da bioeconomia no Amazonas encontram-se diretamente ligadas aos recursos nativos da fauna, flora e microrganismos do bioma amazônico, é preciso, acima de tudo, conservar a floresta e levar em consideração as populações locais.

Os autores propõem quatro princípios: conservação da biodiversidade; ciência e tecnologia voltadas ao uso sustentável da sociobiodiversidade; diminuição das desigualdades sociais e territoriais e expansão das áreas florestadas biodiversas e sustentáveis.

“Cada processo inovador necessita considerar as questões culturais, as salvaguardas socioambientais, os diversos territórios e o impacto a ser gerado para que essas tecnologias possam ser transformadoras do mundo, em um processo que fortaleça as populações locais e mantenha a floresta em pé”, diz a professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Tatiana Schor, em um dos artigos da publicação.

Metade dos pacientes com covid têm sequelas que podem passar de um ano
Fadiga está entre as principais queixas, diz estudo da Fiocruz Minas

 

Da Agência Brasil

Metade das pessoas diagnosticadas com covid-19 apresentam sequelas que podem perdurar por mais de um ano, revela estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Minas. Pesquisadores da instituição identificaram 23 sintomas após o término da infecção aguda. Cansaço extremo, insônia e dificuldade em realizar atividades rotineiras estão entre as queixas relatadas pacientes.

Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Transactions of The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. O estudo acompanhou durante 14 meses, 646 pacientes que tiveram a infecção em 2020 e 2021 e verificou que 324 deles (50,2%) tiveram sintomas pós-infecção, caracterizando o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica de covid longa.

A fadiga, que é caracterizada por cansaço extremo e dificuldade para realizar atividades rotineiras, foi relatada por 115 pessoas, ou seja, 35,6% dos pacientes acompanhados. Outras sequelas relatadas foram tosse persistente (34%), dificuldade para respirar (26,5%), perda do olfato ou paladar (20,1%), dores de cabeça frequentes (17,3%) e trombose (6,2%). Foram constatados ainda transtornos como insônia, relatada por 8% dos pacientes acompanhados, ansiedade (7,1%) e tontura (5,6%).

De acordo com a pesquisadora Rafaella Fortini, que coordena o estudo, todos os sintomas relatados começaram após a infecção aguda. Muitos dos sintomas persistiram durante os 14 meses, com algumas exceções, como a trombose, da qual os pacientes se recuperaram em um período de cinco meses, por terem sido devidamente tratados por meio intervenções médicas adequadas.

A pesquisa constatou que a presença de sete comorbidades, como hipertensão arterial crônica, diabetes, cardiopatias, câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica e tabagismo ou alcoolismo, levou à infecção aguda mais grave e aumentou a chance de ocorrência de sequelas.

As sequelas foram constatadas em pacientes que tiveram desde a forma mais leve ou assintomática até a mais grave de covid-19. Na forma grave, de um total de 260 pacientes, 86, ou seja, 33,1%, tiveram sintomas duradouros. Entre os 57 diagnosticados com a forma moderada da doença, 43, isto é, 75,4%, manifestaram sequelas e, dos 329 pacientes com a forma leve, 198 (59,3%) apresentaram sintomas meses após o término da infecção aguda.

Rafaella Fortini ressalta que é importante buscar os serviços de saúde para o tratamento da covid longa, até mesmo no caso de sequelas mais leves, que também podem interferir na qualidade de vida.

A pesquisa acompanhou pacientes atendidos no pronto-socorro do Hospital da Baleia e Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, ambos referência para covid-19 em Belo Horizonte. Os pacientes procuraram atendimento entre abril de 2020 e março de 2021.

Todos foram testados e tiveram diagnóstico positivo para a doença. Dos 646 pacientes acompanhados, apenas cinco haviam sido vacinados e, destes, três tiveram a covid longa. A idade dos participantes variou entre 18 e 91 anos; sendo que 53,9% eram do sexo feminino.

O monitoramento dos sintomas e sequelas remanescentes foi feito por meio de entrevistas realizadas uma vez por mês, presencialmente, ou por meio de uma plataforma virtual, no decorrer de 14 meses após diagnóstico confirmatório, no período compreendido entre março de 2020 a novembro de 2021.