Saúde dos executivos preocupa, alerta diretor medico da Med-Rio

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Gilberto Ururahy, diretor médico da Med-Rio, e Cyro Martins, coordenador científico do Centro de Estudos do Hospital Samaritano

Os executivos precisam rever os seus hábitos de vida. É a avaliação do diretor médico da Med-Rio Check-Up, Gilberto Ururahy, que há quase 30 anos realiza check-ups em gestores das principais empresas do país. Ao todo, já foram cerca de 150 mil exames realizados. Especialista em medicina preventiva, Gilberto fez o alerta em palestra realizada no último dia 31, no auditório do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Segundo ele, os executivos brasileiros estão longe de ter um estilo de vida saudável. É o que aponta o estudo da Med-Rio realizado a partir dos resultados dos check-ups.

Na pesquisa, observa-se que além dos altos níveis de estresse crônico vivenciados pelos executivos, 62% deles têm o peso acima do ideal, 60% não tem uma alimentação equilibrada , 50% têm colesterol elevado, 50% usam bebidas alcoólicas regularmente, 27% sofrem de insônia e 12% apresentam sinais de depressão. “E a presença cada vez maior do público feminino no mercado de trabalho fez com que aumentasse a incidência de doenças que antes eram predominantemente masculinas”, observa Gilberto, citando como exemplo as doenças gástricas que têm sido mais frequentes nas mulheres (18%) do que nos homens (12%). O crescimento na incidência de infartos no público feminino também reforça o alerta. “Hoje, para cada três infartos do miocárdio, um é em mulher. Há 29 anos, era um em cada nove”, observa o diretor médico da Med-Rio.

O que torna esse cenário mais grave é o fato de todos esses elementos serem fatores de risco para a incidência de doenças cardíacas, AVC e cânceres. Gilberto afirma que a solução passa, necessariamente, pela mudança da rotina de vida. Praticar uma atividade física aeróbica regular e se alimentar de forma equilibrada, suprimindo açucarados, farináceos, reduzindo o álcool em excesso e o sal em suas refeições e privilegiando grelhados, legumes, verduras e frutas, esses são hábitos que precisam ser adotados no dia a dia. Também é fundamental ter um sono de qualidade e dedicar tempo ao lazer e à família. Assim estará desenvolvendo um estilo de vida saudável, que é o melhor remédio contra as doenças crônicas.

Ele comprova isso com números. Outro levantamento da Med-Rio registra o ganho de saúde alcançado pelos executivos que seguem o programa de promoção à saúde desenvolvido pela clínica, no pós- check-up médico, para seus clientes. Enquanto que 62% do total dos clientes apresentam excesso de peso; entre aqueles que implementaram as orientações, o índice caiu para 35%. No item estresse, o resultado é ainda mais impressionante, assinalando uma queda de 78% para 39%. A redução foi registrada em todos os fatores de risco verificados, como colesterol baixo (HDL), excesso de peso, hipertensão arterial e diabetes.

Entretanto, Gilberto explica que mudar a rotina está longe de ser algo fácil. Segundo um estudo de Harvard, 85% das pessoas não conseguem alterar sozinhas seus hábitos, mesmo com a saúde ameaçada. “O dia a dia já é naturalmente estressante, o que tornar ainda mais imprescindível a adoção de um estilo de vida saudável. Ainda mais se almejamos  alcançar a longevidade com autonomia”, pondera.

O impacto do estresse nas organizações

Gilberto Ururahy reduzida
Gilberto Ururahy é diretor-médico da Med-Rio Check-Up

O estresse crônico bateu à porta do ambiente profissional em companhias do mundo todo. Considerado o mal do início deste século, ele é hoje, a causa de uma grande variedade de doenças, como o acidente vascular cerebral e o infarto do miocárdio. Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e com carga horária crescente em todos os níveis hierárquicos – tida como excessiva por 60% dos executivos, segundo pesquisas −, atualmente, as empresas são consideradas verdadeiras fábricas de estresse. Nem mesmo a prática de atividade física tem compensado o peso do trabalho na vida das pessoas. Um levantamento da Med-Rio Check-up registrou que o sedentarismo entre os executivos diminuiu nos últimos 16 anos, mas isso não resultou, necessariamente, na melhora da qualidade de vida deles. Enquanto o sedentarismo caiu 5% entre homens e mulheres no período, o estresse subiu 13% entre os engravatados e 17% entre elas.

Pesquisas atestam que o custo do estresse profissional nos EUA passa de 300 bilhões de dólares ao ano. No Brasil, estima-se que chegue a quase 4% do PIB, ou mais de 80 bilhões de dólares, segundo a ISMA (International Stress Management Association). No caso das empresas, o estresse impacta diretamente nos custos médicos, ligados a tratamentos, internamentos e consultas. Mas, o maior efeito nem sempre é possível de ser mensurado, pois é o prejuízo relacionado à baixa produtividade, ao absenteísmo, ao turnover, ao burnout, além da necessidade de buscar profissionais no mercado devido à dificuldade de reter talentos.

Dados de um estudo elaborado pela ISMA-BR apontam que o estresse foi responsável por um aumento de 140% nos gastos trabalhistas das empresas brasileiras nas últimas décadas. De olho no prejuízo, muitas empresas já estão investindo em programas contra o estresse, campanhas de conscientização para a necessidade do lazer, além da realização de check-ups, que podem prevenir a evolução e proporcionar o controle de doenças como a hipertensão.

Nos Estados Unidos, cerca de 80% das empresas desenvolvem programas de promoção à saúde de seus colaboradores, com o considerável retorno de US$ 4 para cada dólar investido. A lógica docheck-up é simples: Se uma doença é detectada em estágio inicial, maiores são as chances de ela ser curada. O serviço inclui a realização de exames preventivos que ajudam a reduzir os fatores de risco entre os profissionais e a aumentar a produtividade. O objetivo é atender à demanda de empresas que se preocupam em diminuir os índices de afastamento de funcionários por motivo de doenças. Os sintomas do estresse podem aparecer de diversas formas.

O indivíduo estressado fica vulnerável à ocorrência de doenças degenerativas e infecciosas, apresenta distúrbios alimentares e de sono, falhas de memória e de concentração e maior irritabilidade. Isso sem contar as dificuldades no relacionamento interpessoal, desestruturação da vida familiar, queda na performance e na eficiência − fatores que, somados, podem levar ao desemprego e à depressão. É importante lembrar que, além de investir no bem-estar de seus funcionários, paralelamente, o executivo deve estar atento à sua própria saúde. Vícios como o tabagismo, álcool, maus hábitos alimentares e sedentarismo devem ser evitados. Ter uma condição física saudável, dormir um sono repousante, praticar atividades físicas regularmente e cultivar a espiritualidade são táticas fundamentais para gerenciar o estresse.

Debate sobre o futuro do setor e dos profissionais da saúde abre o 1º dia do Conahp

Henrique Salvador, Sidney Klajne, Charles Souleyman e Jorge Moll no talk show de abertura do Conahp

 

talk show “O Médico Executivo de Saúde do Futuro: O Futuro do Médico Executivo de Saúde” abriu, na manhã desta quarta-feira (22), a 5ª edição do Congresso de Hospitais Privados (Conahp). A mesa reuniu o presidente do Conselho de Administração da Rede D’Or São Luiz, Jorge Moll, o presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Sidney Klajner, e o presidente do Hospital Mater Dei, Henrique Salvador. Sob a moderação do CMO do Americas Medical City, Charles Souleyman, eles discutiram como deverá ser o perfil dos executivos de saúde. “Temos que formar médicos com currículos também especializados em gestão”, avalia Souleyman.

Para Jorge Moll quase todo bom médico se torna um excelente gestor. Ele citou como exemplo o próprio CMO do Americas Medical City. Moll acredita que se médicos e administradores trabalharem em sinergia melhor serão enfrentados os desafios do setor.

Promovido pela Associação Nacional de Hospitais Privados e com o tema “O Hospital do Futuro: O Futuro dos Hospitais”, o Conahp acontece de hoje até sexta-feira (24), no Centro de Convenções do Hotel Sheraton WTC, em São Paulo.

Para o presidente da Anahp, Francisco Balestrin, o hospital do futuro será marcado ambientes com muita tecnologia, equipamentos cada vez mais modernos e eficientes. Também promete redução das filas de espera, prontuários únicos e uso intensivo de inteligência artificial para organizar os sistemas de saúde. “O hospital precisará mudar sua forma de agir, mantendo-se flexível, respondendo rapidamente às demandas, buscando inovação e sempre trabalhando para equalizar qualidade, eficiência, segurança, custos e entrega de valor para o paciente”, avalia.

Estresse é motivo para executivos trocarem de emprego

Entre os executivos brasileiros que consideram sofrer com o estresse decorrente do trabalho, a maioria vê o problema interferir na capacidade de produção e o considera motivo para trocar de emprego. A maior arma para mitigar esses efeitos negativos – intensificados pela crise econômica nos últimos anos – é a prática de atividades físicas.

Os dados fazem parte de um levantamento realizado pela empresa de recrutamento executivo Talenses, que contou com a participação de mais de mil gestores, a maior parte em cargos de gerência e diretoria. Quarenta por cento dos respondentes se consideram estressados. Dentre eles, a maioria afirma que o estresse interfere na sua capacidade de produção (71%) e considera buscar um novo emprego no mercado por consequência disso (80%). Em 66% dos casos, eles não se enxergam com a mesma rotina de trabalho nos próximos cinco anos.

Luiz Valente, diretor da Talenses, percebeu um aumento, nos últimos dois anos, de altos executivos em busca de novas oportunidades por se encontrarem em uma “situação limite” de estresse e insatisfação. “Eles têm o bom senso de entender que um momento de crise não é o melhor para tentar uma mudança de empresa, mas mesmo assim muitos nos procuram dizendo que estão abertos até a uma remuneração um pouco menor”, diz.

Um terço dos executivos que sofrem com o estresse buscaram acompanhamento médico por conta do problema. Entre eles, 19% incluíram as atividades físicas na rotina e cerca de 14% iniciaram tratamento com medicamentos para ansiedade, insônia ou depressão. Quase 30% não buscaram médicos mas recorreram às atividades físicas como forma de mitigar os efeitos do estresse. Para 12%, a terapia foi uma saída encontrada e 22% dizem ainda não terem tomado uma providência.

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