Governo libera R$ 13,8 milhões para vacinação contra febre amarela

Vacinas vão prevenir novos casos da doença

O Ministério da Saúde liberou hoje (17) R$ 13,8 milhões para intensificar a vacinação contra febre amarela na população de cinco estados. Os estados contemplados são: Bahia, com R$ 394.206,95; Espírito Santo, R$ 1.679.188,70; Minas Gerais, R$ 8.905.638,32; Rio de Janeiro, R$ 921.970,26; e São Paulo, R$ 1.929.081,68.

Os recursos foram definidos a partir da estimativa da população a ser vacinada em cada localidade e serão transferidos para os fundos de saúde dos estados e municípios, em parcela única.

Segundo o Ministério da Saúde, a verba liberada hoje faz parte dos R$ 40 milhões que serão destinados às cidades mais afetadas pela febre amarela no país. A pasta também adiantará mais R$ 26,3 milhões que representam 40% dos recursos de vigilância em saúde. Os valores deverão ser aplicados em ações de prevenção na área de vigilância para a febre amarela.

Até ontem (16), foram confirmados 253 casos da doença. Ao todo, foram notificados 1.246 casos suspeitos, sendo que 885 permanecem em investigação e 108 foram descartados.

Das 199 mortes notificadas, 88 foram confirmados para febre amarela, 108 ainda são investigados e três foram descartados. Os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo confirmaram casos da doença. Bahia, Tocantins e Rio Grande do Norte continuam com casos em investigação.

Desde o início deste ano, o Ministério da Saúde enviou 12,7 milhões de doses extras da vacina contra febre amarela aos estados que estão registrando casos suspeitos da doença e àqueles que fazem divisa com áreas que tenham notificado casos.

SP tem seis mortes por febre amarela no estado confirmadas, diz secretaria da Saúde

Aedes_aegypti
17 casos de febre amarela estão sob investigação

O número de mortes por febre amarela subiu de três para seis casos no estado de São Paulo este ano, informou a Secretaria da Saúde nesta segunda-feira (30). Duas pessoas foram infectadas no interior do estado e quatro adoeceram em viagem a Minas Gerais, segundo a secretaria.

Foram duas mortes no interior, nas cidades de Batatais e Américo Brasiliense, e outras quatro na Grande São Paulo de pessoas que visitaram o estado de Minas Gerais quando foram contaminadas. Há ainda 17 casos em investigação – 13 pessoas estiveram em Minas Gerais quando ficaram doentes e os outros quatro casos suspeitos foram identificados em Assis, Bauru, Botucatu e São José do Rio Preto.

Autoridades de saúde do estado e de todas as cidades paulistas discutiram em reunião nesta manhã como enfrentar doenças transmitidas por mosquitos.

A maior preocupação é com a febre amarela, mas o alerta até o momento é para as áreas de risco do interior. Até esta segunda, 31 macacos apareceram mortos nas regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Franca e Barretos, especialistas confirmaram que os animais estavam com o vírus da febre amarela e agora fazem buscas para identificar o mosquito transmissor.

O Secretário da Saúde, David Uip, disse que o aparecimento dos macacos doentes serve como sinal de alerta e que todos os esforços estão sendo feitos pelas secretarias da Saúde e do Meio Ambiente para conter a proliferação da doença.

“Estamos muito vigilantes para tentar diminuir os riscos, inclusive através de uma busca ativa. Os nossos serviços de investigação estão entrando nas matas, vigiando as regiões para termos o diagnóstico de uma eventual participação do mosquito Aedes Aegypti, este sim, um mosquito de ação urbana”, disse Uip

A vacina contra a febre amarela é indicada apenas aos moradores de áreas de risco definidas pelo Ministério da Saúde e para aqueles que vão viajar a esses locais.

Dengue
A Secretaria da Saúde informou ainda que o número de casos de dengue no estado de São Paulo caiu 76,3% em 2016, em comparação com o ano anterior. No ano passado, foram confirmados 162.053 casos da doença no Estado. Em 2015, o número total de casos foi de 684.360.

Comparado ao número de óbitos, a diminuição foi ainda maior, passando de 488, em 2015, para 97 óbitos no ano passado, o que representa uma queda de 80%. Na primeira quinzena de janeiro de 2017, foram confirmados 23 casos e não houve óbito.

Em relação à chikungunya, há apenas 1 caso autóctone confirmado neste ano; em 2016, foram 1.084, entre autóctones e importados. Não há nenhum caso de zika registrado, em 2017; no último, foram confirmados 4.086 casos da doença.

Febre amarela gera corrida a postos em São Paulo

A vacina está em falta unidades públicas e particulares

O surto de febre amarela em Minas Gerais e a confirmação de três mortes causadas pela doença no Estado de São Paulo provocaram corrida aos postos de saúde da capital em busca de vacinas, que se esgotaram em unidades das zonas central, oeste e leste.

Unidades básicas administradas pela prefeitura que são referência para a vacinação em regiões como Lapa, Pinheiros (oeste), Mooca (leste) e República (centro) não dispunham das doses nesta terça-feira (24), conforme constatou a Folha.

As vacinas –gratuitas na rede pública– também se esgotaram em clínicas particulares da cidade após o aumento da procura, segundo atendentes de duas delas, nas regiões dos Jardins e Perdizes (zona oeste). Nelas, o preço chega a R$ 247.

A busca pelos postos ocorre mesmo após orientações do Ministério da Saúde para evitar alarmismos.

A recomendação do ministério e da Secretaria Estadual de Saúde diz que deve tomar a vacina quem for viajar para as áreas consideradas de risco –aquelas em que já houve casos da doença ao longo dos anos.

No caso de crianças até cinco anos que residam em áreas de risco ou viajarão para essas regiões, a recomendação é uma dose da vacina aos nove meses de idade e outra dose de reforço aos quatro anos.

Para adultos que vão viajar, a recomendação é tomar vacina pelo menos dez dias antes da viagem, caso seja a primeira vez. Também deve tomar quem for viajar para o exterior, já que há países que exigem. Em 9 de 13 postos contatados pela Folha, atendentes disseram que a vacina tem acabado muito rapidamente por causa da intensa procura. Em seis deles, não havia mais estoque nesta terça.

A procura aumentou também no Instituto de Infectologia Emilio Ribas, referência na América Latina.

Com viagem marcada para a África do Sul em maio, a comerciante Jana Pirani, 44, e o marido dela, o administrador André Monteiro, 47, decidiram ir ao instituto para se vacinar.

“Diante do pânico das pessoas por causa das notícias, a gente já quis tomar a vacina antes, pois eu fiquei com medo de faltar”, disse Jana.

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Surto confirma expansão da febre amarela no país

Aedes aegypti no Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários

Por: Ana Lucia Azevedo, do Globo

No atual surto de febre amarela, especialistas veem sinais de mudança numa velha doença que nunca deixou de trazer desafios. A manifestação da forma silvestre em Minas Gerais confirma a hipótese de que o problema está em expansão. E especialistas propõem que a vacina seja incluída no Programa Nacional de Imunizações, distribuída a todas as crianças. Para pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, há ainda sinais de uma transformação de perfil em curso.

A febre amarela silvestre ataca principalmente macacos do gênero Alouatta, os bugios. Mas há cerca de um ano, o grupo do diretor técnico do Núcleo de Doenças de Transmissão Vetorial do Adolfo Lutz, Renato Pereira de Souza, encontra outras espécies de primatas mortas em surtos que não afetaram humanos. Os mais numerosos macacos-prego (Cebus) e micos do gênero Callithrix, como o mico-estrela, também têm sido mortos por febre amarela. O por quê ninguém sabe.

— Temos um grande problema com a febre amarela. Essas duas espécies de macacos eram resistentes, mas temos encontrado pregos e micos mortos. Não sabemos se o vírus mudou ou se algum tipo de desequilíbrio provocou esses episódios. Não é possível dizer que o perigo aumentou. Mas a incerteza está maior. Por isso, a vigilância de casos em humanos, em primatas silvestres e de infecção de mosquitos é tão fundamental. A febre amarela está associada ao desequilíbrio ambiental, e alguma coisa está acontecendo — destaca Souza.

O grupo dele analisou macacos mortos no estado de São Paulo desde maio de 2016, quando ocorreu também um caso humano letal, no município de São José do Rio Preto.

— De novembro para cá, os surtos em macacos, que chamamos de epizootias, parecem ter se intensificado. Além disso, em dezembro passado, foi registrado um caso de febre amarela silvestre num morador da região de Ribeirão Preto. Achamos que o surto em Minas é parte disso — observa Souza.

A diferença entre a febre amarela urbana e a silvestre é o mosquito transmissor. O vírus é o mesmo. Assim como a manifestação da doença. A forma silvestre é transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes e tem como hospedeiros os macacos. Já a forma urbana ocorre quando uma pessoa doente é picada pelo Aedes aegypti, que infecta depois outras pessoas e dá início a um ciclo de transmissão. A febre amarela é menos comum do que a dengue, mas tem a maior taxa de letalidade entre as arboviroses. Em uma semana, pode matar entre 15% e 45% das vítimas. A dengue mata 1%. E a zika e a chicungunha, menos que isso.

O virologista Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, um dos maiores especialistas em febre amarela do mundo, com mais de 50 artigos e capítulos e livro publicados, não vê perigo agora de uma epidemia da forma urbana. Mas afirma que o caso de Minas mostra estar na hora de incorporar a vacina contra a febre amarela ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).

— Um estudo do meu próprio grupo mostrou há muito tempo que a vacina pode em alguns casos causar efeitos indesejáveis. Mas hoje os benefícios da vacina superam os riscos, e ela deveria ser oferecida a crianças em todo o Brasil. Aí teríamos uma proteção muito maior da população — afirma Vasconcelos, especialista em arboviroses (transmitidas por artrópodes, como os mosquitos) e diretor do Instituto Evandro Chagas, um dos centros nacionais de referência de pesquisa de vírus, em Ananindeua, no Pará.

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