Rio de Janeiro sedia Congresso Mundial de Hospitais com foco em inovação e sustentabilidade
O evento, que acontece de 10 a 12 de setembro no Rio de Janeiro, reunirá líderes globais para explorar temas como liderança moderna, práticas sustentáveis e avanços em saúde

(Imagem: IHF)

Durante os dias 10 a 12 de setembro acontecerá o 47º Congresso Mundial de Hospitais da IHF no Windsor Convention & Expo Center, no Rio de Janeiro. O evento que promete ser um marco na troca de conhecimentos e práticas inovadoras no setor de saúde é coorganizado pela International Hospital Federation (IHF) e pela Federação Brasileira de Hospitais (FBH).

O evento promete conectar líderes e tomadores de decisão de hospitais e serviços de saúde globalmente. Sua primeira edição aconteceu em Atlantic City em 1929 e, desde 2025, se tornou um evento anual, promovendo um ambiente de muita troca e networking.

Principais temas do Congresso 

Durante o WHC2024 (World Hospital Congress 2024), os participantes explorarão temas cruciais que estão moldando o futuro da gestão em saúde. Entre os tópicos abordados estão a adaptação da liderança contemporânea aos desafios do cenário moderno da saúde, novas estratégias para melhorar o bem-estar dos colaboradores e o desenvolvimento da próxima geração de líderes no setor.

O Congresso também será um espaço para discutir modelos clínicos que têm feito a diferença na melhoria dos resultados, segurança e experiência dos pacientes. A inovação em saúde será outro destaque, com foco nos avanços em inteligência artificial, tecnologia e operações hospitalares que estão transformando o setor. E, claro, a sustentabilidade será um tema central, com estratégias para alcançar emissões líquidas zero e promover práticas ambientalmente responsáveis.

Hospitalar no 47º Congresso Mundial de Hospitais

No primeiro dia de evento (10), às 11h10, Juliana Vicente, Head do Portfólio de Saúde da Informa Markets Latam, mediará o painel intitulado “Designing and demonstrating the impact of sustainable healthcare” (Projetando e demonstrando o impacto dos cuidados de saúde sustentáveis).

Nele, os participantes abordarão a importância da governança e cooperação técnica na integração de práticas sustentáveis.

Participarão da conversa: Steve Bellingham (Reino Unido), Diretor de Enfermagem do Hospital Bupa Cromwell; Mónica Castaño-Tovar (Colômbia), Coordenadora de Gestão Ambiental da Fundación Valle del Lili; Sohayla Eldeeb (EUA), Stanford Healthcare Sustainability Fellow; Andrew Garman (EUA), Consultor Sênior de Desenvolvimento de Liderança da Geneva Sustainability Centre e Professor na RUSH University; Fernando Lira (Brasil), Coordenadora de Sustentabilidade Ambiental da Santa Casa da Bahia e Miguel Ángel Martínez Sánchez (Espanha), Diretor de Meio Ambiente, Saúde e Segurança da Fundació Sanitària Mollet.

Além disso, a Hospitalar, principal feira de saúde da América Latina, é patrocinadora do coquetel de boas-vindas do WHC2024, que acontecerá no dia 09 de setembro. Durante a abertura, Juliana Vicente fará uma saudação aos congressistas.

Com o lema “Aprendizagem global, ação local”, o 47º Congresso Mundial de Hospitais será um ponto de encontro para transformar a liderança e a gestão no setor de saúde, preparando-o para os desafios do futuro. Acesse o site do evento para saber mais.

Impacto do piso de enfermagem pode representar até 16% do orçamento previsto para saúde em 2023
Estudo da Federação Brasileira de Hospitais aponta que peso será maior nos estados com menor PIB

A Federação Brasileira de Hospitais alerta que o piso salarial nacional de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem vai tornar insustentável a operação de centenas de estabelecimentos de pequeno e médio porte privados. São mais de 1,2 milhões de profissionais de enfermagem no país, sendo que 887,5 mil deles recebem abaixo do piso aprovado. Estudo solicitado pela FBH aponta que o impacto do piso no setor de saúde pode variar de R$ 16,3 bilhões a R$ 23,8 bilhões por ano, o que representa uma fatia de 11% até 16% do orçamento do Ministério da Saúde (R$ 146,4 bilhões) previsto para 2023.

O presidente da FBH, Adelvânio Francisco Morato, explica que a variação apontada pelo estudo ocorre por ainda não haver um entendimento sobre como o piso será aplicado em relação às horas trabalhadas em comparação com jornada tradicional da CLT de 44 horas. Não há uma definição, por exemplo, se o piso para um enfermeiro com carga de 36 horas semanais é de 82% do valor de R$ 4.750 por mês ou se receberia o valor integral, independentemente da quantidade de horas.

Seja qual for o entendimento, Morato afirma que uma coisa é certa: muitos hospitais vão fechar as portas, pois as unidades de menor porte não tem recursos para cobrir esse reajuste. Ainda segundo o estudo solicitado pela FBH, 62% dos profissionais de enfermagem estão no setor privado, com 27% deles nos estabelecimentos com fins lucrativos. “Há muito debate na Câmara sobre fontes de custeio para os hospitais públicos e filantrópicos, mas quase não se fala sobre a situação da rede privada”, ressalta.

Apesar de São Paulo, Minas e Rio responderem por 48% do total de vínculos em profissionais de enfermagem, será o Nordeste que mais será impactado. A região com mais estados no país terá que lidar com um aumento de 40% de custos, pois 84% dos profissionais da categoria recebem abaixo do piso estipulado. Estados como Maranhão e Pernambuco chegam a ter 90% dos vínculos abaixo do piso estipulado. O peso menor será no Sudeste, onde 37% dos profissionais recebem de acordo com os valores determinados pelo PL 2564/20. “O piso de enfermagem aprovado não considerou as discrepâncias regionais que há no Brasil. E o estudo mostra justamente que os estados com menor PIB per capita são os mais afetados pelo reajuste”, observa Morato.

O presidente da FBH ainda relata que a redução do quadro de funcionários é a alternativa para que os hospitais não fechem as portas. A estimativa é de que haja redução de 30% do quadro de enfermagem nos hospitais com até 100 leitos. “É preciso que o novo Governo apresente soluções para minimizar o impacto do piso, com sério risco de colocar em risco o acesso da população brasileira aos serviços de saúde, bem como a qualidade do atendimento”, ressalta Morato.

Federação Brasileira de Hospitais defende linha de crédito para a rede privada
Entidade vem pleiteando programa com o BNDES

Pandemia reduziu a demanda por cirurgias e exames nos hospitais

 

Da Redação

A Federação Brasileira de Hospitais (FBH) vem pleiteando que o BNDES ofereça linhas de crédito acessíveis ao setor hospitalar, principalmente para os de pequenos e médios porte. Na visão da FBH, são esses estabelecimentos os que mais precisam de apoio em um momento em que muitos registram queda, que chega em alguns casos a 80%, na demanda de procedimentos e cirurgias com a pandemia. Porém, o BNDES enfrenta um gargalo, que é a necessidade de apoio de instituições financeiras credenciadas para poder atender o grande volume de empresas. Sem capital de giro para manter os custos, a previsão é de que haja, nas próximas semanas, desligamentos de colaboradores, o que vai pesar na taxa de desemprego do país, além de afetar o atendimento público. Hoje, os hospitais filiados à FBH respondem por 62% dos atendimentos no SUS.

A FBH alerta que um consenso com o BNDES é fundamental, em vista da essencialidade da continuidade das operações dos serviços de saúde para o combate ao coronavírus, bem como para todos os outros atendimentos que dependem dos hospitais e das clínicas de diagnóstico. Pois se não houver alternativas para manter a sustentabilidade desses estabelecimentos, a situação se tornará irreversível e o prejuízo para o país será incalculável.

O setor privado de saúde pede ajuda
Adelvânio Francisco Morato*

Adelvânio Francisco Morato é presidente da Federação Brasileira de Hospitais

A crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19 exigiu que o Governo desenvolvesse ações para reduzir a perda empregos, transferir renda para a parcela mais carente da população, bem como socorrer os diversos setores da economia. Ações fundamentais devido à gravidade da situação em que o país se encontra. Porém, justamente uma relevante parte da rede hospitalar privada, que tem se mobilizado para apoiar o poder público no atendimento dos pacientes do SUS, se vê até o momento desamparada.

O que talvez a sociedade não saiba é que a crise também atingiu os hospitais. Em um primeiro momento, o setor viu os custos dispararem com o aumento dos preços de diversos insumos. Itens básicos como máscaras e luvas registram aumentos absurdos de até 400%.

Concomitantemente, a quantidade de atendimentos despencou em muitos estabelecimentos, a partir da orientação do ministério da Saúde de adiar cirurgias e exames que não tivessem relação com o coronavírus. Porém isso provocou uma queda absurda no número de atendimentos, o que resultou na perda de receitas. E essa equação de aumento de custos e queda da receita gera um cenário preocupante para os hospitais de menor porte. Em outras palavras, muitos deles, caso não haja medidas de proteção a esses estabelecimentos, fecharão as portas nos próximos meses.

Uma solução seria o programa de Apoio Emergencial ao Combate da Pandemia do Coronavírus promovido pelo BNDES. É uma iniciativa que gera linhas de crédito para atender empresas de saúde nesse momento delicado. Entretanto, ele justamente desconsidera os hospitais que tenham menos de 100 leitos, além de exigir que o financiamento mínimo seja de R$ 10 milhões. Na prática, isso significa excluir boa parte da rede hospitalar privada, que é, em sua maioria, composta por unidades de pequeno e médio porte. E são esses os que não têm escala para negociar valores menores com os fornecedores e, muito menos, capital de giro para se manter em período de queda abrupta de recursos. Em outras palavras, o socorro não veio para os estabelecimentos que mais dificuldades enfrentam.

Um outro alerta que a FBH faz é de que o programa também não inclui os prestadores de serviços de medicina diagnóstica, que são imprescindíveis no adequado funcionamento do sistema de saúde, ainda mais por serem os responsáveis pelas atividades de diagnosticar se um paciente está ou não contaminado pelo coronavírus. São estabelecimentos que também estão na linha de frente do combate a essa pandemia. Mesmo aqueles que se encaixam nas regras para receber a linha de crédito, enfrentam a limitação da forma como aplicar esses recursos. Atualmente a iniciativa do BNDES é destinado ao aumento da oferta de leitos emergenciais, bem como de equipamentos, materiais, insumos, peças, componentes e produtos. Impedindo, por exemplo, o uso do crédito com a folha de pagamento, que representa 50% dos custos de um hospital.

Por isso, é necessário que o BNDES reveja as regras e reduza o valor mínimo a ser financiado, bem como a liberação da quantidade mínima de leitos, para que todos os serviços de saúde do país que atuam no combate à pandemia possam ter acesso ao financiamento. Abranger o acesso à linha de crédito aos estabelecimentos de menor porte e aos serviços de diagnóstico é de interesse nacional, seja do ponto de vista da saúde e da economia. Se a crise no setor privado de saúde se aprofundar neste momento, significa mais desempregos e menos leitos para atender. Quem vai mais sofrer será justamente a população, principalmente no interior do país, onde o SUS realiza parcerias com estabelecimentos privados para atender a demanda ali existente.

É fundamental a atenção do Governo ao pleito que a Federação vem defendendo e que se estabeleça um consenso com o BNDES, em vista da essencialidade da continuidade das operações dos serviços de saúde para o combate ao coronavírus, bem como para todos os outros atendimentos que dependem dos hospitais e das clínicas de diagnóstico. Pois se não houver alternativas para manter a sustentabilidade desses estabelecimentos, a situação se tornará irreversível e o prejuízo para o país será incalculável.