Trocar excelência em liderança deixará hospitais prontos para o futuro
47ª edição do Congresso Mundial de Hospitais se encerrou ontem

Muna Tahlak, presidente da Federação Internacional de Hospitais.

O 47º Congresso Mundial de Hospitais chegou ao fim ontem, no Rio de Janeiro, com uma mensagem motivacional sobre o potencial dos líderes do setor de saúde para melhorar os resultados para suas comunidades locais por meio do conhecimento trocado durante o evento.

O principal evento para líderes globais e tomadores de decisão na comunidade de saúde retornou ao Rio de Janeiro 15 anos sua última edição na Cidade Maravilhosa. Coorganizado pela Federação Internacional de Hospitais (IHF) e pela Federação Brasileira de Hospitais, o tema do encontro foi “aprendizado global, ação local”.

Ao longo de três dias, cerca de 1.300 delegados de mais de 65 países e territórios se reuniram no Windsor Convention & Expo Center para mais de 40 sessões plenárias e paralelas, com mais de 250 palestrantes renomados e 200 apresentações de pôsteres; uma vitrine de 27 inovações em saúde; expositores da indústria;Cerimônia e Jantar de Gala do IHF Awards 2024; e visitas guiadas a hospitais no Rio de Janeiro e São Paulo.

O copresidente do Comitê Científico do Congresso, Graccho Alvim Neto, vice-presidente da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro, se dirigiu aos delegados ao lado de Gilvane Lolato, Gerente Operacional da Organização Nacional de Acreditação (ONA):

“A diversidade de experiência e conhecimento aqui representada ilustrou uma verdade inegável: nenhuma nação, nenhuma instituição pode lidar sozinha com as complexidades da assistência médica moderna. É por meio de nossos esforços coletivos — por meio de parcerias, compartilhamento de conhecimento e apoio mútuo — que podemos realmente impulsionar mudanças significativas. Não se esqueçam de que somos agentes de mudança”, afirmou.

Graccho Alvim Neto e Gilvane Lolato durante a cerimônia de encerramento.

Em um discurso em vídeo aos delegados do Congresso, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, afirmou que discutiu a evolução do papel dos hospitais na prestação de cobertura universal de saúde:

“Com planejamento integrado, os hospitais podem reforçar o papel vital da atenção primária, na prevenção ou no adiamento da necessidade de as pessoas usarem hospitais. Claro, quando as pessoas precisam de hospitais, eles devem ser capazes de fornecer cuidados de alta qualidade, seguros e centrados na pessoa”, destacou.

Carlos Amilcar Salgado, diretor do Departamento de Regulação e Controle de Cuidados, da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, falou sobre a contribuição do Brasil para o futuro do setor de saúde e também as maneiras pelas quais ele se beneficiará:

“Em nome do ministro, agradeço o convite para participar de um evento tão importante para falar sobre acesso e equidade no Brasil e em todos os outros. Ficamos honrados em participar do debate na busca pela solução de enormes problemas. Nossas desigualdades regionais podem ser abordadas por meio das iniciativas discutidas aqui. Precisamos buscar soluções que aliviem os problemas da nossa população em termos de serviços públicos e privados. Precisamos encontrar soluções sustentáveis ​​para o setor”, destacou Carlos na cerimônia de encerramento.

Muna Tahlak, presidente da IHF e presidente e CEO do Hospital Latifa em Dubai, fez um discurso inspirador sobre a força transformadora gerada pela troca de ideias, inovações e boas práticas com outros países e regiões:

“As lições que ficam com cada um de nós serão diferentes. E elas podem ter vindo de qualquer tipo de hospital ou sistema de saúde, e de qualquer lugar do mundo. Este diálogo global tem tanto poder para impulsionar mudanças significativas quando cada um de nós retorna para casa. Estamos vivendo o significado de ‘aprendizado global, ação local’ para nossos pacientes, nossa força de trabalho e nossas comunidades – e para o futuro sustentável dos sistemas de saúde do mundo. Eu me encorajo muito com o pensamento de que todos nós temos algo a aprender, e todos nós também temos algo a ensinar”.

Adelvânio Francisco Morato, Presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), ecoou o sentimento de Tahlak e compartilhou seu orgulho pela entrega bem-sucedida do Congresso:

“Encerramos este congresso com a certeza de que os laços criados aqui, as ideias discutidas e as soluções compartilhadas reverberarão por muito tempo, impactando positivamente o atendimento hospitalar em todos os cantos do mundo. Saímos daqui mais fortes, mais unidos e mais determinados a transformar a assistência médica, oferecendo atendimento de excelência a todos que precisam”.

Morato, então, entregou cerimonialmente as tarefas de anfitrião do 48º Congresso Mundial de Hospitais para Genebra (Suíça), que será realizado de 10 a 13 de novembro. A IHF organizará o Congresso de 2025 em colaboração com o Hospital Universitário de Genebra e o Cantão de Genebra.

Ao aceitar as funções, Anne-Geneviève Bütikofer, Diretora da H+ Swiss Hospital Association; Alain Kolly, Diretor-Geral Interino dos Hospitais Universitários de Genebra; e Ronald Lavater, CEO da IHF, sediada em Genebra, receberam um símbolo de Morato em uma entrega cerimonial. Kolly deu uma prévia da visão de Genebra para a próxima edição:

“No ano que vem, pela primeira vez, o IHF World Hospital Congress será realizado em Genebra, e a HUG terá o privilégio de sediar este prestigioso evento. Aguardamos ansiosamente a oportunidade de compartilhar nossa expertise com todos vocês e estamos animados para organizar visitas às nossas instalações durante o congresso. Este evento proporcionará inúmeras oportunidades de conexão com hospitais na Suíça e na Europa, bem como com líderes no setor de saúde. Genebra abriga 40 organizações internacionais, cerca de 750 460 ONGs e as representações permanentes de 181 estados, incluindo a Suíça. Este ecossistema único faz de Genebra um local excepcional no cenário global”, destacou Kolly.

Além do programa científico do Congresso, houveram vários eventos de destaque.

* Anúncio dos vencedores em cada uma das sete categorias de prestígio do IHF Awards 2024 em uma cerimônia de premiação e jantar de gala: https://ihf-fih.org/press-and-media/international-hospital-federation-announces-winners-of-ihf-awards-2024/

* Premiação das melhores apresentações de pôster, conforme julgado pelo comitê, bem como os prêmios de pôster favorito do público, conforme votado pelos delegados do Congresso: https://ihf-fih.org/news-insights/winners-of-best-poster-awards-at-the-world-hospital-congress-2024-announced/

* O Geneva Sustainability Centre do IHF lançou seu programa de Certificação de Sustentabilidade em Saúde, desenvolvido em conjunto com a Joint Commission International. https://ihf-fih.org/press-and-media/geneva-sustainability-centre-in-collaboration-with-joint-commission-international-launches-new-healthcare-sustainability-certification/

Prejuízo de operadoras de saúde e baixo crescimento no número de beneficiários colocam em risco a saúde suplementar
Desafios do setor serão debatidos em evento virtual do InLags

Da Redação

Paulo Marcos avalia que sustentabilidade da saúde suplementar está em risco

Na próxima quarta-feira (15) será realizada mais uma edição do Diálogos InLags, dessa vez para debater o futuro da saúde suplementar no Brasil, expondo os desafios frequentes da área e as necessidades crescentes, como a modernização e a volta da confiança de investidores. Conselheiro do Instituto Latino Americano de Gestão de Saúde (InLags) e moderador do evento, Paulo Marcos Senra, aponta que o cenário atual, marcado pelo prejuízo declarado das operadoras de saúde no último ano; a falta de crescimento de clientes em relação ao crescimento populacional e o aumento de empregados terceirizados e microempreendedores individuais nas empresas, colocam em risco a sustentabilidade do setor.

Paulo Marcos relata que os planos têm registrado um crescimento discreto do número de beneficiários perto da expansão populacional e tampouco consegue alcançar o pico de 53 milhões em 2014. Além disso, o aumento dos microempreendedores individuais, MEI’s, e de empregados terceirizados, também faz com que menos empregados possuam acesso aos planos de saúde diretamente pela empresa, algo que gerava uma constância na área.

Outro fator preocupante, segundo o executivo, é a falta de mudanças no setor, que não está acompanhando a evolução tecnológica e social que a sociedade vem passando nos últimos anos: “As seguradoras de plano de saúde praticam ações do século passado, assinar documentos físicos, passar por filas no laboratório, esperar por consultas. Em um mundo que existe PIX, que transfere dinheiro imediato, sem papel, sem cópia, na saúde você depende de tanto trâmite e burocracia. O Brasil e o mundo mudaram tanto, as questões sociais mudaram, então por que a saúde suplementar seria a única a não mudar?”, questiona.

Clemente Nobrega será o palestrante do webinar

Estas questões vão estar no cerne da discussão do webinar, que também vai debater quais os caminhos que a saúde suplementar poderá seguir para sua continuidade. Entretanto, para Paulo, a não-evolução junto à medicina pode custar caro: “Tudo na vida tem um ciclo, e a saúde suplementar já cumpriu os 50 anos do ciclo. Existe uma teoria que diz que todo segmento ou produto que não cresce para atender ao crescimento da população, tende a desaparecer com o tempo”, afirma. Além do próprio Paulo Marcos, também irá participar da webinar o físico e pesquisador de inovação Clemente Nobrega. O evento começará às 18h e será transmitido pelo Youtube. As inscrições são gratuitas através do link https://www.sympla.com.br/evento-online/dialogos-inlags-a-saude-suplementar-tem-futuro/1909922.