Anahp promove seminário sobre futuro dos hospitais no Rio de Janeiro

Abrindo os debates para a edição 2017 do Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), que acontece em novembro deste ano, a Anahp vai realizar no dia 27 de abril, no Rio de Janeiro (RJ), o primeiro seminário do ano. Este ano, assim como o Conahp, o tema dos seminários será “O Hospital do Futuro: o Futuro dos Hospitais”, o evento vai acontecer no Prodigy Hotel Santos Dumont. Tanto o Conahp quanto os seminários deste ano serão pautados por três tópicos: do paciente ao indivíduo: a redefinição da entrega de valor; sistemas de saúde: as rupturas emergentes e o papel dos hospitais; inovação e futurismo: a tecnologia a nosso favor.

“Estamos preocupados com questões de mercado, mas a grande preocupação deve ser a assistencial. Os grandes hospitais do futuro investirão fortemente em mostrar o seu poderio assistencial”, disse Alceu Alves da Silva, Presidente do Comitê Científico do 5º Congresso Nacional de Hospitais Privados e Superintendente do Sistema de Saúde Mãe de Deus (RS).

Os Seminários Anahp, realizados duas vezes ao ano em diferentes regiões do Brasil, buscam ampliar a discussão de temas fundamentais para o sistema de saúde brasileiro. Os encontros representam uma ótima oportunidade para conhecer preocupações e necessidades de hospitais e entidades do setor.

“O Conahp é um evento que aborda temas estratégicos e providenciais à sustentabilidade do sistema de saúde. Temos o compromisso de levar essas discussões Brasil afora para que o debate seja cada vez mais colaborativo e abranja também os desafios e realidades regionais”, analisa Francisco Balestrin, Presidente do Conselho da Anahp.

Para esta edição no Rio de Janeiro, são esperadas mais de 500 pessoas, entre representantes da indústria, gestores de hospitais, operadoras, laboratórios e home cares, que debaterão formas de se preparar para os pacientes e as demandas de saúde do futuro, que exigirão mais eficiência e novas tecnologias.

A Anahp tem grande representatividade no estado do Rio de Janeiro com seus membros associados e afiliados, são eles: Casa de Saúde São José; Complexo Hospitalar de Niterói; Hospital Barra D’Or, Copa D’Or, Quinta D’Or e Rios D’Or; Hospital Pró- Cardíaco; Hospital São Vicente de Paulo; Hospital Vita Volta Redonda; Laranjeiras Clínica Perinatal e Pronep Lar.

Para se inscrever gratuitamente, basta clicar no link:  http://bit.ly/2nOFtiT  ­

 

Serviço

Seminário Anahp Rio de Janeiro
Dia 27 de abril de 2017 – das 8h00 às 16h30
Prodigy Hotel Aeroporto Santos Dumont
Av. Almirante Silvio de Noronha, 365 – Centro, Rio de Janeiro (RJ)

Hospitais universitários recebem R$ 65 milhões do MEC

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Por: Portal Brasil

Na última terça-feira (17) o Ministério da Educação liberou R$ 65,3 milhões para 37 hospitais universitários federais. Os recursos serão destinados para custeio de materiais de consumo diário das unidades (R$ 61,1 milhões) e também para investimentos em reformas e aquisição de equipamentos (R$ 4,2 milhões).

A verba tem como base o Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf) e corresponde a descentralizações orçamentária realizada em 2016.  A iniciativa inclui tanto instituições filiadas quanto não filiadas à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“O Rehuf tem sido essencial para nós, tanto na compra de medicamentos quanto para financiar algumas ações de infraestrutura. Com as verbas anteriores, fechamos 2016 abastecidos e agora podemos começar o ano com uma tranquilidade maior no planejamento”, destacou o superintendente do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Frederico Jorge Ribeiro.

Dos R$ 65,3 milhões liberados esta semana, R$ 3,4 milhões foram destinados para essa unidade de saúde, vinculada a Ebserh.

Critérios

Os valores repassados para cada hospital são definidos de acordo com indicadores e metas de desempenho como porte das unidades, número de leitos, taxa de ocupação hospitalar, número de funcionários por leito e complexidade dos serviços.

Também é levado em consideração o desenvolvimento de pesquisa e ensino, além da inserção dos hospitais nas redes temáticas do Ministério da Saúde como Rede Cegonha, Rede Psicossocial e ações de humanização.

Rehuf

Os recursos do Rehuf, programa administrado pela Ebserh, são destinados à reestruturação e revitalização dos hospitais das universidades federais, integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A ação visa criar condições materiais e institucionais para que essas unidades de saúde possam oferecer atendimento de qualidade à população, bem como possam proporcionar formação qualificada aos profissionais da área de saúde e incentivar o ensino e a pesquisa.

Bomba tributária pode arrasar hospitais

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Francisco Balstrin

Não é fácil destruir um hospital. O ponto imediatamente abaixo da explosão da bomba atômica jogada sobre Hiroshima era um hospital – o Hospital Shima, que foi vaporizado instantaneamente, junto com 80 funcionários e pacientes. Três anos depois, em 1948, o hospital reabriu no mesmo local. Hospitais são instituições incrivelmente resilientes. Grandes catástrofes – naturais e humanas – apenas tornam o hospital ainda mais necessário. Em Londres, o Hospital de São Bartolomeu, datado de 1123, continua em funcionamento, tendo sobrevivido a várias guerras – duas mundiais.

No Brasil não é diferente. A Santa Casa de Misericórdia de Santos, de 1543, continua a prestar serviços à população. Em todo o País, são dezenas as instituições centenárias que resistiram, ao longo de sua história, a ditaduras e populismos, hiperinflações e planos econômicos.

Os motivos da resistência dos hospitais podem ser vários: o apoio das comunidades, que coalescem em torno das instituições ameaçadas, a filantropia de indivíduos que doam o fruto de seu trabalho para cuidar da saúde do próximo, o espírito missionário de gestores e funcionários e, também, a persistência heroica de empreendedores que, apesar de todas as evidências em contrário, continuam a acreditar que prestar assistência à saúde é uma atividade que merece investimento.

Nos últimos tempos, o Estado brasileiro tem apresentado cada vez mais essas evidências em contrário. Há um emaranhado regulatório quase infinito – entre autorizações, permissões, licenças, alvarás, comissões obrigatórias e outras burocracias do gênero, um hospital, para poder funcionar, chega a precisar de aproximadamente 50 documentos, de mais de 20 órgãos públicos diferentes. A rigidez da legislação trabalhista continua a afetar fortemente a atividade hospitalar, que é altamente dependente de mão de obra e, por sua natureza, demanda regimes diferenciados de contratação.

Gerir uma instituição de saúde, portanto, pode ser um grande desafio. A governança hospitalar está entre as mais complexas, em comparação com as demais atividades econômicas, exigindo um esforço intelectual, financeiro e tecnológico acima do padrão para atender a uma realidade cada vez mais demandante.

Para completar o quadro, existe também a questão tributária. Impostos municipais, estaduais e federais chegam a responder por um terço do valor pago por um serviço médico, o que impede que se tenha preços mais acessíveis. Como pode o impacto dos impostos nos insumos de saúde no Brasil ser maior do que nas principais potências, como os Estados Unidos e os países europeus? Mesmo assim, é o setor privado que responde pela maior parcela de investimentos feitos na área. Atualmente essa conta gira em torno de 53% (privado) e 47% (público). Na verdade, os recursos aplicados pela iniciativa privada poderiam ser ainda maiores se o governo se sensibilizasse para os desafios que o setor enfrenta.

Está em discussão uma forte majoração – chamada eufemisticamente de “unificação” – do PIS e da Cofins. Estes dois tributos federais incidem sobre o faturamento dos hospitais, na já elevada alíquota de 3,65% (0,65% de PIS + 3% de Cofins), sem direito a qualquer crédito tributário. E incidem em cascata, pois os hospitais já pagam PIS-Cofins nos insumos que adquirem para prestar o serviço hospitalar.

As discussões sobre a unificação têm girado em torno do fim desse sistema cumulativo, no qual os impostos incidem em cascata, para passar todas as empresas para o sistema não cumulativo, com uma alíquota mais alta, mas no qual as compras gerariam créditos tributários que poderiam ser descontados do valor a pagar. Reduzir essa incidência em cascata de tributos é um objetivo louvável. O País não precisa apenas de menos impostos, mas também de impostos melhores – que provoquem menos distorções às atividades econômicas e estimulem a criação de empregos e o investimento.

No setor hospitalar, o principal insumo é a mão de obra. Algo como 45% dos gastos dos hospitais são com salários, que não gerariam créditos tributários. Com o índice de desemprego na casa dos 12%, o governo brasileiro vê-se na bizarra situação de discutir uma proposta que pune as empresas por serem grandes empregadoras.

Em simulação elaborada pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), constatou-se que, se os hospitais passassem a pagar pelo regime não cumulativo a atual alíquota em vigor, de 9,25% (1,65% de PIS + 7,6% de Cofins), isso poderia representar um acréscimo de até 146% em seus gastos com PIS e Cofins. Esse acréscimo teria reflexos imediatos nos preços dos serviços, que seriam inevitavelmente repassados aos consumidores de um modo geral, que têm visto seus planos de saúde serem reajustados consistentemente acima da inflação nos últimos anos.

Os impactos disso são claros: nos últimos dois anos, quase 2 milhões de pessoas perderam os seus planos privados de assistência à saúde, voltando a ser atendidos pelo SUS. Isso significa gastos maiores para o Estado – situação que só tende a se agravar caso haja um aumento de preços. Qualquer eventual acréscimo de arrecadação com o setor de saúde privado tende a ser diluído na maior necessidade de investimentos públicos.

Poucos setores da economia brasileira enfrentam um cenário tão desafiador quanto o atual da rede hospitalar privada. O crescimento da expectativa de vida do brasileiro indica que continuaremos a ter um aumento da demanda por serviços de saúde. Mas como investir na infraestrutura necessária, se os recursos estão minguando?

Não é fácil acabar com um hospital. No entanto, de 2010 a 2015 o Brasil perdeu 536 hospitais privados, mesmo num contexto em que os serviços hospitalares são cada vez mais necessários. Um aumento do PIS-Cofins pode, nesse sentido, ser muito mais eficaz que guerras, catástrofes e ditaduras para acabar com os que restaram.

Francisco Balestrin é presidente do Conselho da Administração da Anahp