Dia do Pediatra: Sociedade Brasileira de Pediatria lança campanha de valorização ao profissional da área
Pediatra e clínica de adolescentes, diretora do CEIIAS, Evelyn Eisenstein, e diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira abordam a importância do reconhecimento do especialista e da saúde infantil como prioridade

Em 27 de julho, comemora-se o Dia do Pediatra, data escolhida em função da fundação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), e também para reforçar a importância do acompanhamento do especialista para o desenvolvimento da criança. Para celebrar o Dia do Pediatra, a SBP lança a campanha de valorização ao profissional da área, com o objetivo de ampliar o reconhecimento e a visibilidade do pediatra com mensagens que esclareçam as famílias sobre o direito da criança e do adolescente de serem acompanhados por médicos da área. O e-book “Por que seu filho deve ser acompanhado por um pediatra?” e vídeos com o tema “Amor pela Pediatria” estão disponibilizados no hotsite.

De acordo com a pediatra e clínica de adolescentes, diretora do Centro de Estudos Integrados, Infância, Adolescência e Saúde (CEIIAS), Evelyn Eisenstein, é essencial que se reconheça o papel desse profissional. “O pediatra acompanha o crescimento e a evolução das crianças, além de atuar na prevenção de doenças e no tratamento de problemas que são específicos da infância e da adolescência”, afirma.

Dados da Demografia Médica no Brasil 2020, levantados pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), relatam que há 43.699 pediatras no Brasil, sendo a segunda especialidade médica mais popular (10,1%). Apesar do número expressivo, a distribuição de profissionais pelos estados apresenta discrepâncias, um exemplo é a região Norte, que possui apenas 4,1% de profissionais nesta área. “Embora o estudo aponte a pediatria como a segunda especialidade médica com mais profissionais, a verdade é que faltam pediatras para atendimentos, principalmente na atenção básica. Em muitos municípios, médicos de família,  clínicos e até de outras especialidades acabam realizando esse atendimento. Na sala de parto, o primeiro contato com os bebês, muitas vezes, não é feito por pediatras”, avalia Evelyn.

Mudanças como a valorização do pediatra como especialidade médica e dentro do âmbito familiar são pontos que precisam de maior atenção e envolvem um esforço conjunto de governos, instituições de saúde, sociedade civil e profissionais da área. “Precisamos resgatar a cultura de investimento na infância e na adolescência brasileira, passando pelas questões de saúde, desde o atendimento até a acessibilidade, além dos serviços de saúde em geral”, reforça Evelyn.

Saúde infantil como prioridade nas políticas públicas

Para a diretora-presidente do Instituto Opy, Heloisa Oliveira, “é necessário priorizar o cuidado com a saúde das crianças, principalmente na atenção básica, desde o atendimento por pediatras nas salas de parto e o acompanhamento do seu desenvolvimento durante toda a infância. A promoção da saúde das gestantes e crianças deve levar em conta os inúmeros desafios do nosso país e suas desigualdades sociais. Incentivar o aumento da presença de pediatras na atenção primária é um eixo importante de investimento para garantir o cuidado com a saúde dessa população”, salienta.

A pediatra e clínica de adolescentes reforça que “a falta de investimentos em infraestrutura para atendimento na rede pública ainda é uma realidade nos serviços de atenção primária, que fazem os atendimentos de puericultura, com o acompanhamento do desenvolvimento das crianças, através das Cadernetas da Criança. Além de investimentos na assistência a saúde das crianças e adolescentes inclusive nas escolas, que necessitam ter enfermeiros e médicos, além dos serviços ambulatoriais”, avalia.

Dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2022, apontam que a taxa de vacinação infantil no Brasil vem sofrendo uma queda brusca, caindo de 93,1% para 71,49%. A diretora do CEIIAS ressalta que “convivemos com um cenário de baixa cobertura vacinal, decorrente da ausência, nos últimos anos, de investimentos em campanhas de vacinação e educação em saúde, e sugere a execução de ações como dias especiais para vacinação nos postos de saúde, preferencialmente aos sábados e domingos, quando os pais podem levar as crianças para vacinar, e a supervisão nas creches com relação ao cumprimento do calendário vacinal. Quando falamos de campanhas de educação em saúde falamos também em medidas preventivas, como o uso de telas nas janelas para se evitar a contaminação por dengue”.

É importante a valorização do papel do pediatra na saúde publica e da Sociedade Brasileira de Pediatria no apoio à formulação de políticas publicas de saúde. Esses especialistas têm papel fundamental para a promoção da saúde infantil, com cuidados e orientações aos pais e cuidadores nas questões relacionadas ao desenvolvimento das crianças”, finaliza Heloisa.

Aumento da atividade física na infância pouparia R$ 70 bilhões

Um aumento de 32% para 50% no número de crianças do ensino fundamental que fazem 25 minutos de atividade física três vezes por semana evitaria o equivalente a R$ 70 bilhões em custos médicos e salários perdidos ao longo de suas vidas. Os cálculos são de um estudo da Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins e estima que nos EUA a economia seria de US$ 21,9 bilhões.

Publicada ontem no periódico científico “Health Affairs”, a pesquisa também sugere que apenas esse pequeno aumento na frequência de exercício entre crianças de 8 e 11 anos de idade resultaria em menos 340 mil jovens obesos ou com sobrepeso, uma redução de mais de quatro pontos percentuais no índice atual.

— A atividade física não só faz com que as crianças se sintam melhor e as ajuda a desenvolver hábitos saudáveis, mas também é boa para a economia do país — destaca o líder do estudo, Bruce Y. Lee, diretor executivo do Centro Global de Prevenção à Obesidade da Escola Bloomberg de Saúde Pública. — Nossas descobertas mostram que investir em atividades físicas e ligas esportivas paga grandes dividendos à medida que esses jovens crescem.

Nos últimos anos, estudos têm demonstrado que um alto índice de massa corporal (IMC, calculado a partir do peso do indivíduo dividido por sua altura ao quadrado) aos 18 anos está associado a um IMC também elevado ao longo de toda a idade adulta. E isso aumenta o risco subsequente de desenvolver doenças como diabetes e problemas cardíacos associados ao excesso de peso — o que pode levar a substanciais custos médicos e perda de produtividade.

O assunto também preocupa no Brasil, onde o índice de obesos aumentou 60% na última década, alcançando 18,9% da população em idade adulta. E mais da metade dos brasileiros está acima do peso, segundo o Ministério de Saúde.

Para realizar a pesquisa na Johns Hopkins, Lee e sua equipe desenvolveram modelos de simulação computacional em um software. Os modelos se basearam em dados colhidos entre 2005 e 2013 pelo Serviço Nacional de Saúde. E, embora o valor dos gastos evitados pareça bem alto, Lee afirma que ele provavelmente está subestimado, já que a atividade física gera outros benefícios não relacionados com a perda de peso, como a melhora da densidade óssea, da formação de músculos e o aumento do bom humor.

INCENTIVO À ATIVIDADE

 Segundo o pesquisador, os gastos evitados pela maior frequência de exercícios entre crianças supera, em muito, os gastos necessários para investir em mais programas de educação física.

— À medida que a prevalência da obesidade infantil cresce, precisamos criar mais programas de educação física e não cortá-los. Temos que incentivar as crianças a serem ativas, a reduzirem o tempo em frente a telas de computador e TV e fazê-las correr novamente. É importante para a saúde física delas e para a saúde financeira do país — avalia ele. — Mesmo aumentos modestos de atividade física poderiam render biliões de dólares na economia.

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