Fórum Inovação Saúde debate o futuro do setor no Brasil

O Fórum Inovação Saúde reuniu, nesta segunda-feira, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, profissionais da saúde para debater o futuro do setor no Brasil. Em sua terceira edição, a iniciativa, patrocinada pela Med-Rio Check-up,  visa fomentar ideias e experiências de alto impacto para o sistema nacional de Saúde, onde o público compartilha tendências, conceitos e conhecimentos para a transformação e modernização do setor.

Quando somados, os números das últimas edições do FIS , em 2017 e 2018, mostram o grande sucesso do evento: são mais de 860 participantes e mais de 53 palestrantes renomados, de diferentes áreas que abrangem os setores da economia.

Academias nacionais de medicina de Brasil e França debatem o desafio de envelhecer bem

Evento sobre envelhecimento
Richard Villet e Bernard Charpentier, respectivamente, secretário e vice-presidente da Fundação da Academia Nacional de Medicina da França e Gilberto Ururahy, diretor médico da Med-Rio Check-up

O aumento da expectativa de vida do homem é um fato que precisa ser celebrado. Estamos vivendo mais. Entretanto, a longevidade também traz para a sociedade desafios que foram discutidos ao longo da manhã desta quinta-feira no Intercâmbio Franco-Brasileiro sobre o Melhor Envelhecimento, promovido pelas Academias Nacionais de Medicina do Brasil e da França.

Os dados apresentados pelo vice-presidente da Fundação da Academia de Medicina da França, Bernard Charpentier, sobre o crescimento do número de idosos entre os europeus, nortearam um rico debate, que contou com a presença do presidente da ANM, Jorge Alberto Costa e Silva, do professor Alain Franco, do professor de geriatria da Universidade Sorbonne Joël Belmin, da geriatra e coordenadora do Núcleo de Atenção ao Idoso da UERJ, Luciana Motta, e do diretor médico da Med-Rio Check-up, Gilberto Ururahy. Bernard fez paralelos, a partir de um relatório da Science Advice for Policy by European Academie sobre envelhecimento no Velho Continente, entre o cenário da longevidade francesa e europeia.

Hoje, a média de expectativa de vida francesa supera a europeia. Enquanto que os franceses estão vivendo até os 83 anos, a longevidade do europeu fica em torno dos 78 anos. Até 2050, a previsão é de que o país do Louvre registre uma média de vida de 87 anos, enquanto que no continente será de 83 anos.

Para além da constatação inevitável de que as pessoas estão vivendo mais, Gilberto Ururahy relatou que o que vem chamando atenção em suas clínicas é o perfil dos idosos atuais. São pessoas que alcançam a terceira idade mantendo disposição e se preocupando com a saúde. “Eles se alimentam equilibradamente, viajam e praticam exercícios físicos com regularidade. São pessoas que não veem a velhice como um impedimento para aproveitar a vida”, comentou.

Nesse sentido, é fundamental investir em prevenção para garantir que as pessoas alcancem a terceira idade com autonomia. Não é apenas uma questão de viver mais, mas de viver bem, que passa pelo estilo de vida do indivíduo. “O caminho da longevidade com autonomia passa pela prevenção. Conhecer os fatores de risco para a saúde e combatê-los é a forma mais eficaz de se viver mais e melhor”, afirma Gilberto.

Entretanto, outra questão relevante nesse debate é a inserção do idoso na sociedade. Bernard observou que ainda há muita discriminação no mundo por causa da idade. Ele criticou a falta de políticas que estimulem a inclusão dessa parcela da população. Segundo ele, o envelhecimento traz diversas oportunidades que devem ser aproveitadas tanto por governos e empresas quanto pelo próprio indivíduo. São pessoas que acumularam sabedoria e conhecimento ao longo de décadas, que alcançaram uma satisfação pessoal e que podem buscar novas carreiras e experiências de vida.

Mercado em ascensão

O diretor médico da Med-Rio ainda observou que o aumento da longevidade provoca, inclusive, novas demandas no setor médico e citou como exemplo a busca por consultórios de geriatras. Ele relembrou que o cenário hoje é bem distinto do de 30, 40 anos atrás, quando  a procura era muito pequena. “Hoje, é normal ouvir um familiar falar que está indo se consultar com um geriatra. E como a expectativa de vida vai continuar aumentando nas próximas décadas, então a procura por essa especialidade vai ser ainda maior”, destacou.

Saúde dos executivos preocupa, alerta diretor medico da Med-Rio

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Gilberto Ururahy, diretor médico da Med-Rio, e Cyro Martins, coordenador científico do Centro de Estudos do Hospital Samaritano

Os executivos precisam rever os seus hábitos de vida. É a avaliação do diretor médico da Med-Rio Check-Up, Gilberto Ururahy, que há quase 30 anos realiza check-ups em gestores das principais empresas do país. Ao todo, já foram cerca de 150 mil exames realizados. Especialista em medicina preventiva, Gilberto fez o alerta em palestra realizada no último dia 31, no auditório do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Segundo ele, os executivos brasileiros estão longe de ter um estilo de vida saudável. É o que aponta o estudo da Med-Rio realizado a partir dos resultados dos check-ups.

Na pesquisa, observa-se que além dos altos níveis de estresse crônico vivenciados pelos executivos, 62% deles têm o peso acima do ideal, 60% não tem uma alimentação equilibrada , 50% têm colesterol elevado, 50% usam bebidas alcoólicas regularmente, 27% sofrem de insônia e 12% apresentam sinais de depressão. “E a presença cada vez maior do público feminino no mercado de trabalho fez com que aumentasse a incidência de doenças que antes eram predominantemente masculinas”, observa Gilberto, citando como exemplo as doenças gástricas que têm sido mais frequentes nas mulheres (18%) do que nos homens (12%). O crescimento na incidência de infartos no público feminino também reforça o alerta. “Hoje, para cada três infartos do miocárdio, um é em mulher. Há 29 anos, era um em cada nove”, observa o diretor médico da Med-Rio.

O que torna esse cenário mais grave é o fato de todos esses elementos serem fatores de risco para a incidência de doenças cardíacas, AVC e cânceres. Gilberto afirma que a solução passa, necessariamente, pela mudança da rotina de vida. Praticar uma atividade física aeróbica regular e se alimentar de forma equilibrada, suprimindo açucarados, farináceos, reduzindo o álcool em excesso e o sal em suas refeições e privilegiando grelhados, legumes, verduras e frutas, esses são hábitos que precisam ser adotados no dia a dia. Também é fundamental ter um sono de qualidade e dedicar tempo ao lazer e à família. Assim estará desenvolvendo um estilo de vida saudável, que é o melhor remédio contra as doenças crônicas.

Ele comprova isso com números. Outro levantamento da Med-Rio registra o ganho de saúde alcançado pelos executivos que seguem o programa de promoção à saúde desenvolvido pela clínica, no pós- check-up médico, para seus clientes. Enquanto que 62% do total dos clientes apresentam excesso de peso; entre aqueles que implementaram as orientações, o índice caiu para 35%. No item estresse, o resultado é ainda mais impressionante, assinalando uma queda de 78% para 39%. A redução foi registrada em todos os fatores de risco verificados, como colesterol baixo (HDL), excesso de peso, hipertensão arterial e diabetes.

Entretanto, Gilberto explica que mudar a rotina está longe de ser algo fácil. Segundo um estudo de Harvard, 85% das pessoas não conseguem alterar sozinhas seus hábitos, mesmo com a saúde ameaçada. “O dia a dia já é naturalmente estressante, o que tornar ainda mais imprescindível a adoção de um estilo de vida saudável. Ainda mais se almejamos  alcançar a longevidade com autonomia”, pondera.

Prevenção é o caminho para empresas reduzirem custos com saúde

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Claudia Marchi e Gilberto Ururahy apontaram os desafios na gestão de saúde nas empresas       Felipe Gelani / ACRJ

Se por um lado, o plano de saúde está entre os três maiores desejos do brasileiro, por outro, é o segundo maior custo de uma empresa, respondendo, em média, de 12 a 15% da folha de pagamento. Foi para debater esse cenário e apresentar soluções às organizações, que aconteceu na manhã desta terça-feira, na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio), o Fórum “Quando o RH Solicita Saúde”. O diretor médico da Med-Rio Check-up, Gilberto Ururahy, e a CHRO & Partner da Degoothi Consulting, Claudia Marchi, destacaram ações necessárias para que as organizações melhorem a gestão de saúde.

Para ambos, é fundamental que as empresas invistam continuamente em prevenção. Segundo Claudia, há organizações que criam ações esporádicas ou que participam de campanhas, mas sem desenvolver uma cultura voltada para saúde. Para ela, isso é reflexo da forma como os gestores compreendem a saúde. “Ela não pode ser percebida como custo, porém é essa a visão que ainda persiste em muitas empresas”, observa a CHRO & Partner da Degoothi Consulting.

Para mudar isso, é preciso que as empresas tangibilizem em números o retorno que a gestão da saúde traz, inclusive no aspecto financeiro. Gilberto observou que colaboradores saudáveis reduzem o uso do plano de saúde com consultas, exames e internações. O resultado é o controle da sinistralidade do benefício, o que permite a empresa negociar melhores valores com a operadora na hora de renovar o contrato.

Diabetes, obesidade, hipertensão arterial são algumas das doenças crônicas citadas pelo diretor médico da Med-Rio que atingem boa parte da população e poderiam ser prevenidas com mudanças nos hábitos de vida. Em muitos casos, são elas as responsáveis pelo afastamento médico do colaborador. Além disso, a falta de uma rotina saudável aumenta o risco de sofrer um infarto, um AVC e até mesmo do desenvolvimento de vários tipos de câncer. Todas representam altos custos para o sistema de saúde. “Atualmente, 73% das mortes no mundo estão relacionadas ao estilo de vida”, alertou Gilberto, ao citar pesquisa da Universidade de Stanford.

Ele observa que é preciso que o indivíduo tome as rédeas do seu próprio cuidado. Porém, não é fácil promover mudanças sem apoio. A maior parte costuma alegar falta de tempo para realizar os exames preventivos. Por isso, é importante que a saúde seja um item primordial dentro da estratégia da empresa. “Tenho visto um relevante aumento no número de casos de depressão e de burnout no mundo corporativo. Isso reforça a necessidade das empresas olharem com mais atenção para a saúde dos seus funcionários”, afirma Gilberto.

Alerta aos RHs

Os palestrantes alertaram que é preciso que as empresas tenham cuidados na hora de contratar fornecedores e prestadores de serviço. Eles criticaram o fato de que muitos gestores olham apenas para o valor do serviço na hora da tomada de decisão. “Isso não pode ser o principal critério. Competência técnica inquestionável, serviços singulares e integridade no relacionamento são fatores essenciais”, ponderou Claudia.

Para Gilberto, as empresas também enfrentam um desafio por não terem pessoas especializadas em saúde. Ele explicou que são as áreas de RH e de Suprimentos que respondem, na maioria das vezes, pela contratação de um fornecedor, porém são formadas por profissionais que não costumam conhecer as singularidades do setor de saúde. “Tomar uma decisão sem conhecer os prestadores in loco, utilizando-se de e-mails e propostas, sem realizar uma visita técnica, é uma decisão extremamente frágil e arriscada. O resultado é a contratação de serviços que não atendem a necessidade da empresa. Isso significa aumento de custos e desperdício de recursos”, explica Gilberto, que contou a sua própria experiência. “São 30 anos trabalhando com check-up e durante todo esse período nunca recebi um pedido de um profissional de RH ou Suprimentos para conhecer nossas instalações e avaliar o nosso serviço”.