Pressão da concorrência provoca movimentação de bilhões no setor de saúde
Cinco aquisições envolvendo redes de hospitais, centros médicos e laboratórios ocorreram em junho

 

Do Estadão

Movimentando bilhões, as consolidações no segmento de saúde continuam aceleradas, com as maiores operadoras em busca de eficiência máxima e as prestadoras de saúde em assegurar complementariedade de serviços. Somente este mês, foram anunciadas cinco aquisições envolvendo redes de hospitais, centros médicos e laboratórios. São operações que, somadas, alcançaram perto de R$ 2,3 bilhões, parte delas financiada por captações feitas em bolsa da ordem de R$ 25,2 bilhões desde o fim do ano passado, quando a Rede D´Or levantou R$ 11,3 bilhões em seu IPO.

Mas negócios vêm sendo concretizados mesmo por grupos menores que não conseguiram captar recursos em bolsa para dar andamento à sua agenda de compras. Estes foram buscar empréstimos junto a investidores ou tiveram aporte de seus próprios acionistas, como a Kora Saúde e a Athena. A Viveo, que desistiu de seu IPO em abril, emitiu R$ 800 milhões em debêntures para reforçar o caixa.

A sócia da boutique de M&A Setter, Judith Varandas, afirma que algumas redes de hospitais não representam muita saída de caixa para o eventual comprador, já que são familiares e muitas vezes endividadas. “Os consolidadores começaram comprando os melhores e o que têm sobrado são ativos dilacerados”, afirma. Segundo ela, embora essa não seja uma verdade para 100% dos casos, é a tônica no momento.

A pressão da inflação sobre os custos das operadoras e das prestadoras de serviços, assim como o avanço das grandes redes em direção a novos mercados e regiões, também faz o mercado como um todo se movimentar. “As transações de M&A seguem ativas, mesmo sem o dinheiro da bolsa, financiadas por investidores privados como fundos de private equity capitalizados ou ainda, por meio de aquisições alavancadas com crédito de custo reduzido dada as atuais taxas de juros”, diz o sócio da boutique de M&A JK Capital, Marcell Portugal.

Segundo ele, a consolidação é inevitável para a busca de economias de escala. “Os prestadores de serviços na área da saúde têm sido espremidos pela inflação médica que está acima do IPCA pois, entre outros fatores, muitos insumos são dolarizados. Além disso, não há o repasse de preços equivalente por parte das fontes pagadoras”, acrescenta.

O sócio-líder de Life Sciences & Health Care da Deloitte, Luis Fernando Joaquim, nota que a verticalização, ou seja, a oferta completa de serviços que vão do plano de saúde, clínicas e hospitais tem se mostrado a estratégia mais eficiente para redução de custos e por isso é perseguida pelas grandes operadoras como NotreDame Intermédica e Hapvida. “Nos chamados “medicina de grupo”, a queda do índice de sinistralidade foi de 95% em 2016 para 89% em 2019, enquanto as seguradoras, que não têm rede própria de hospitais, o mesmo índice cedeu de 88% para 84% no mesmo intervalo”, observa.

De acordo com Joaquim, por isso a fusão entre Hapvida e Intermédica preocupa tanto o setor. Ambas, ainda sem a fusão, já carregam o menor ticket médio entre as concorrentes, por conta da verticalização. Diante disso, ele chama a atenção ao movimento que as duas estão fazendo em direção aos estados onde têm menor presença.

“A rede Unimed tem 36,4% de market share, mas sua administração é fragmentada, o que torna frágil para conter a entrada de concorrentes”, observa. A aquisição do Centro Clínico Gaúcho (CCG) por R$ 1,06 bilhão pelo NotreDame Intermédica no mês passado representa uma ameaça nesse sentido, na visão de Joaquim. No Rio Grande do Sul, a Unimed tem 61% de participação de mercado, enquanto o NotreDame tem 1% e a Hapvida não tem presença na região. “Com essa aquisição, o NotreDame passará a ter cerca de 13% de market share e deve seguir buscando outras aquisições na região”, prevê.

O sócio da Órama Investment Banking, Aleardo Veschi, acrescenta que a fusão entre a Hapvida e a NotreDame Intermédica tornará a empresa resultante capaz de enfrentar a Unimed mesmo em áreas em que a companhia domina, como Belo Horizonte (MG) e Campinas (SP).

Segundo ele, a Unimed BH é, provavelmente, o modelo mais forte da marca no Brasil, tanto por qualidade de equipe médica quanto de hospitais. “Por outro lado, em cerca de dois anos, vários nomes entraram na região: NotreDame Intermédica e Hapvida compraram operadoras e hospitais, a Rede D’Or comprou um hospital de alto padrão, e o Mater Dei abriu capital. Eles terão de compor forças para operar de forma não predatória e manter a rentabilidade do setor”, afirma.

As praças mais visadas para M&A no momento são capitais de estados desenvolvidos economicamente, mas sem serviços considerados de ponta na saúde, como é o caso do Sul, Centro-Oeste e algumas cidades do Nordeste.

“São regiões que cresceram, têm renda e demandam por serviços de saúde. BH era uma praça fechada, e todo mundo entrou. Centro-Oeste, que tem o vetor do agro muito forte em cidades como Cuiabá e Campo Grande. A Região Sul, que era bastante hermética, com forte atuação das Unimeds, já teve movimentos interessantes, como da Intermédica, no Rio Grande do Sul e em Florianópolis”, afirma Veschi.

Joaquim, da Deloitte, acrescenta que as prestadoras de serviços também seguem o caminho da consolidação com o objetivo de reter clientes finais ao oferecer uma gama mais completa e sofisticada de serviços. Isso se reflete num grande número de operações envolvendo empresas de tecnologia, que representam 14% delas este ano. “Muitas empresas precisam se transformar e para isso compram startups”, diz.

Varejo aposta em recuperação e crescimento nas vendas de espumantes no fim de ano
A Cooperativa Vinícola Garibaldi estima aumento de 30% nos negócios com a bebida borbulhante

 

Mercado de espumantes está otimista quanto ao aumento no consumo até o fim do ano

 

Da Redação

O ano de 2020 não foi fácil para os espumantes brasileiros. Com a ocorrência da pandemia, e consequente mudanças por ela acarretadas – festas como casamentos, formaturas e outras celebrações, além de eventos corporativos, grandes fomentadores do consumo, deixaram de existir – as vendas despencaram.

No período entre março e agosto, a Cooperativa Vinícola Garibaldi viu a comercialização de espumantes cair notórios 25%, no comparativo com o mesmo período do ano passado. “O espumante é festivo, ligado a celebrações, tendo suas vendas centralizadas em canais como o varejo tradicional, casas especializadas e pelo setor de eventos. Com o cancelamento dessa programação e a “falta” de motivos para brindar, a bebida sofreu muito durante a primeira fase da pandemia”, explica Maiquel Vignatti, Gerente de Marketing da Garibaldi, que se tornou a marca mais lembrada e a preferida pelos Gaúchos em 2020.

Mas o cenário começou a mudar – para melhor, e de forma surpreendente – no último mês. Em setembro, a Cooperativa Vinícola Garibaldi teve vendas 55% maiores de espumantes no comparativo com setembro de 2019. Esse desempenho, somado ao retrospecto do setor nas vendas de vinhos no primeiro semestre, que cresceram na casa dos 32%, puxam a onda de otimismo que impera na vinícola para a comercialização da bebida no último quadrimestre do ano – período que concentra 60% dos negócios envolvendo essa variedade. No caso da Garibaldi, a projeção de crescimento é de 30% no volume de vendas de espumantes para o último quadrimestre do ano, em comparação ao mesmo período de 2019.

Mudança de comportamento deve impactar hábitos de consumo

Existe, de fato, grande expectativa quanto à recuperação do mercado de espumantes não só por parte da indústria vinícola – mas também do varejo. Ela vem embasada por uma evidente mudança de comportamento da sociedade com impacto direto sobre os hábitos de consumo.  “Neste fim de ano, não teremos a realização de grandes eventos coletivos. As festividades ocorrerão de outra forma, provavelmente em grupos menores, e associadas à gastronomia, uma tendência que vem cada vez mais se concretizando e popularizando. Nesse contexto, a previsão é que os espumantes deverão estar mais presentes na mesa dos brasileiros, compondo as ceias de Natal e Ano Novo. Os supermercados gaúchos estarão preparados para esse movimento”, antecipa o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo.

Essa é a janela de oportunidade que o setor vinícola estava aguardando para virar o jogo em 2020: 80% das vendas de vinhos e espumantes no Brasil ocorrem no varejo, um mercado de cifras gigantescas. A venda de bebidas vinícolas (entre rótulos nacionais e importados) movimentou R$ 16 bilhões em 2019. Os espumantes, especificamente, respondem por 10% desse total. Nesse segmento está a grande oportunidade de expansão para os produtos locais: os espumantes brasileiros são responsáveis por 75% do consumo nacional.

“O melhor de tudo é que temos um mercado em franca expansão. A média mundial de consumo obedece à seguinte proporção: 96% para os vinhos tranquilos e 4% para os espumantes. No Brasil, o índice dos espumantes é de 7%, o que comprova maior afinidade do brasileiro com as borbulhas”. No entanto, o consumo per capto de espumantes no Brasil foi de apenas 150 ml por ano, em 2019. Em 2010, esse número era bem menor: cerca de 80 ml. “Em uma década, o consumo cresceu cerca de 85% – e, mesmo assim, ainda é muito baixo. Nossos esforços, enquanto setor, estão voltados para popularizar o consumo de espumantes, desmistificando a ideia de que a bebida é apenas indicada para situações de celebração, e mostrando como ela pode ser facilmente inserida na rotina. Com isso, fortaleceremos uma cadeia produtiva responsável por grande geração de renda e empregos no país”, reforça Oscar Ló, presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi.

ENS promove seminário gratuito no dia 5 sobre tendências para o setor de seguros e a gestão de negócios em 2020

Com o objetivo de apresentar as principais tendências e novidades para o próximo ano, a ENS realizará, no dia 5 de dezembro, em sua matriz, no Rio de Janeiro, o seminário “2020, o que esperar para os negócios e o mercado de seguros? ”.

Com transmissão ao vivo pela internet, o encontro terá nove painéis, nos quais serão debatidos os desafios e as oportunidades que deverão surgir na economia nacional. Na parte da manhã, estarão em pauta temas relacionados à Liderança, Gestão de Negócios, Experiências com Clientes e Colaboradores, e Gestão & Investimento.

Dentre os palestrantes estarão a pesquisadora do Coppead/UFRJ, Camila Braga Soares Pinto; a jornalista Renata Domingues Barros; a gerente de Marketing dos Shoppings Rio Design Barra e Leblon, Fabiana Pereira Leite e Souza Mello; a sócia-diretora da BZ Duzer Soluções Estratégicas, Bianca Leite Dramali; a consultora e assessora de empresas, Anna Cherubina Scofano; e o especialista em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria, Luis Vivanco.

À tarde, a partir das 14h, o foco será o mercado de seguros, com abordagens sobre Gestão Jurídica e capacitação para Inovação; desafios para profissionais de Riscos e Seguros; Gestão de Organizações e Sistemas de Saúde em contexto de mudança; Transformação Digital no setor de seguros; e visão geral e tendências da indústria de seguros.

Estarão presentes nas discussões a superintendente Jurídica da Generali e coordenadora do MBA Gestão Jurídica do Seguro e Resseguro da ENS, Liliana Caldeira; o coordenador do MBA em Gestão de Riscos e Seguros, Sergio Hoeflich; o médico e doutor em Engenharia de Produção, Leonardo Justin Carâp; o doutorando em Administração de Empresas pelo Coppead-UFRJ, Fábio Medeiros; e o especialista em Seguros, Resseguro, Subscrição de Riscos e Gerenciamento de Riscos, Luiz Macoto Sakamoto.

A participação é gratuita e o evento terá início às 8h30. As inscrições devem ser realizadas no site ens.edu.br, onde está disponível a programação completa. As vagas são limitadas.

Mercado financeiro espera menos inflação para este ano

O mercado financeiro reduziu a projeção para o crescimento da economia e a estimativa de inflação para este ano. Segundo o boletim Focus, pesquisa divulgada todas as semanas pelo Banco Central (BC), a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – foi ajustada de 0,83% para 0,80% em 2019.

Segundo a pesquisa, a previsão para 2020 também caiu, ao passar de 2,20% para 2,10%. Para 2021 e 2022 não houve alteração nas estimativas: 2,50%.

Inflação

A estimativa de inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu de 3,71% para 3,65%, este ano. Para 2020, a estimativa caiu de 3,90% para 3,85%. Não houve alteração nas estimativas para os anos seguintes: 3,75%, em 2021, e 3,50%, em 2022.

A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é 4,25% em 2019, 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,5% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 6%. Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Para o mercado financeiro, ao final de 2019 a Selic estará em 5% ao ano. Para o final de 2020, a estimativa passou de 5,50% para 5,25% ao ano. No fim de 2021 e 2022, a previsão segue em 7% ao ano.

Dólar

A previsão para a cotação do dólar ao fim deste ano subiu de R$ 3,78 para R$ 3,80 e, para 2020, permanece em R$ 3,81.