Painéis do CONALIFE vão debater a contribuição das mulheres para um mundo colaborativo

Evento promovido pela ABRH-SP (Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional São Paulo) em parceria com a ONU Mulheres, o CONALIFE – Congresso Nacional de Liderança Feminina terá sua terceira edição realizada em 24 de maio, no Hotel Unique (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 4700), na capital paulista. A partir do tema central “Liderança Feminina para um Mundo Colaborativo”, os conferencistas convidados vão debater, em três painéis, as formas de contribuição das mulheres, como profissionais, cientistas e empreendedoras, para o novo mundo que já começou a ser desenhado.

Além dos painéis, o 3º CONALIFE  também irá homenagear com o troféu Personalidade CONALIFE a socióloga Eva Blay, uma das pioneiras no estudo dos direitos das mulheres no Brasil. Professora titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, foi senadora da República e atualmente coordena o Escritório USP Mulheres, responsável pela proposição e implementação de iniciativas e projetos voltados para a igualdade de gêneros.

Nos anos anteriores foram homenageadas com o mesmo troféu a empresária Luiza Trajano, da rede Magazine Luiza, em 2016, e a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no ano passado.

Painéis

PAINEL 1 – O Futuro É Agora. Estamos Prontas? – Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Esse novo mundo que se desenha tem como traços mais velocidade, interdependência e complexidade. Nele, as relações são horizontais e os modelos hierárquicos perdem força, as decisões são tomadas mais por intuição e pelo coração, e as resoluções de longo prazo não funcionam. A mudança de perfil de mão de obra será drástica. A Inteligência Artificial vai substituir pelo menos 50% de nossas atividades, sendo que as tarefas operacionais e repetitivas tenderão a ser eliminadas mais rapidamente. Por trabalharem melhor em equipe e de forma mais colaborativa, por terem como característica a capacidade de comunicação e de liderar de forma inclusiva, entre outras, as mulheres têm um estilo de liderança que parece combinar mais com esse futuro. O painel vai discutir tais características e suas contribuições para um mundo cada vez mais colaborativo e tecnológico.

CONFERENCISTAS

–       André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos

–       Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil

–       Sandra Boccia, jornalista, diretora das marcas Época Negócios e Pequenas Empresas & Grandes Negócios (PEGN)

–       Moderador: Rodrigo Forte, empreendedor, consultor e sócio-fundador da EXEC – Executive Performance

PAINEL 2 – Mulheres nas Ciências – Ainda não atingimos, no Brasil, 50% de mulheres formadas nas carreiras expressas pelo acrônimo STEM (em inglês), usado para designar as quatro áreas do conhecimento: Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Além disso, as mulheres nessas áreas enfrentam a questão da invisibilidade. Quando um homem e uma mulher trabalham em um mesmo projeto, é ele quem normalmente tende a ganhar o reconhecimento. Inspirar mais mulheres a ambicionar carreiras nessas áreas e as que já estão a terem a voz reconhecida será fundamental para assegurar que elas usufruam os trabalhos a serem criados no futuro, já que somente um percentual pequeno das carreiras hoje existentes permanecerá. As conferencistas do painel vão debater como promover essa mudança e também o quanto a participação feminina nesse universo assegurará a criação de soluções que levem em conta as necessidades das mulheres.

CONFERENCISTAS

–       Miriam Harumi Koga, medalha de ouro na IX Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLLA), realizada no ano passado, no Chile

–       Sônia Guimarães, professora adjunta de Física no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)

–       Thaisa Storchi Bergmann, professora associada no Departamento de Astronomia do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

PAINEL 3 – Empreendedorismo e Colaboração – Vários estudos indicam que as mulheres são as mais interessadas em começar um negócio. Além disso, para muitas delas, ganhar dinheiro e melhorar o mundo podem andar juntos. Nesse contexto, empreender virou sinônimo de realizar, e colaborar corresponde a agir coletivamente em prol de um objetivo comum. Apresentar soluções que transformem o mundo demanda parcerias e colaboração, o que cria um mercado rentável, promissor e em crescimento (segundo estudo da PwC, a economia colaborativa movimentará mundialmente 335 bilhões de dólares até 2025). O painel apresentará histórias de empreendedoras que dividirão com o público suas trajetórias, sucessos e desafios no mundo colaborativo, e discutirá se as pessoas empreendem porque desejam, por necessidade ou pelos dois motivos, entre outras questões.

CONFERENCISTAS

– Adriana Barbosa, empreendedora e presidente do Instituto Feira Preta

– Iana Chan, jornalista, fundadora da PrograMaria

– Moderador: Hamilton da Silva, empreendedor social, fundador do Saladorama

O congresso terá ainda  as participações, na abertura, do presidente da ABRH-SP, Theunis Marinho, da representante do Escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, e do presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum.

Para saber mais sobre o CONALIFE, acesse www.conalife.org.br

A nova batalha de Nikaia

*Ana Paula Alfredo é membro do Grupo Nikaia

A história da luta feminina para conquistar mais espaço na sociedade atual está diariamente estampada nas páginas dos jornais. As mudanças trazidas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman na Arábia Saudita são apenas uma demonstração de extremismo nos limites impostos às mulheres ao longo da sua história e que apenas agora poderão dirigir e frequentar arenas esportivas naquele país. Contudo, a trajetória feminina e sua busca por maiores realizações vai além do mundo árabe, da violência doméstica e da privação dos direitos básicos. Mesmo nas sociedades mais modernas e abertas, a mulher enfrenta a realidade de oportunidades reduzidas.

E uma das formas mais claras de vermos isso expresso em números é analisando o mercado de trabalho. De acordo com a Pnad 2015, as mulheres representam 44% da força de trabalho no Brasil, mas apenas 37% dos cargos de liderança. Por sua vez, o número de lares brasileiros chefiados por mulheres saltou de 23% para 40% entre 1995 e 2015, segundo informações da pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero. Hoje, as empresárias brasileiras já são quase 8 milhões, porém, segundo levantamento do Sebrae, a maioria delas atua em empresas informais ou com menor estrutura, como os MEIs.

Infelizmente, a realidade brasileira não é única. Mesmo em locais que são sinônimos de avanço tecnológico e inovação, como o Vale do Silício, a situação da mulher é similar. Para se ter ideia, no Vale, apenas 2% das startups são chefiadas por mulheres. Um estudo de uma professora da Universidade de Toronto mostrou que um mesmo pitch (proposta “vendedora” de um projeto para financiamento) tinha duas vezes mais chances de obter recursos simplesmente por ser lido por uma voz masculina ao invés de uma feminina.

Nos surpreendemos com os indicadores, mas a verdadeira questão é por que isso acontece. Racionalmente, todos consideramos esses dados absurdos. Mas, esses conceitos nos acompanham em pleno século XXI e continuam entranhados em nossa cultura, principalmente, na forma que tomamos decisões. E veja que não falta luta.

Ao longo do tempo tem se buscado alternativas para provar a importância da presença feminina nas organizações, para mostrar que seus resultados são efetivos, que suas características de gestão e liderança são uma força para as empresas. Mas, a professora e especialista em diversidade nas organizações, Sarah Kaplan, da Rotman School of Management, trouxe à tona uma questão fundamental. Por que temos que provar que a mulher é necessária nas organizações? Por que temos que criar casos para justificar a sua performance? Alguém já pediu essas informações a algum homem? A verdade é que até nossas perguntas são permeadas por essa visão.

A história da mulher é marcada sempre pela busca de uma justificativa para ser valorizada, de correr atrás de prejuízos e de buscar equilibrar milhares de pratos sem deixar nenhum cair. No entanto, na prática a história que temos que escrever é a da deusa grega Nikaia ou Nice.

A representação mais comum da deusa é a de uma mulher com asas. Sua imagem é hoje obrigatória nas medalhas olímpicas de verão e a mais famosa está exposta no museu do Louvre em Paris, a Samotrácia. Nikaia ou Nice, na mitologia grega, estava sempre próxima à Atena, a deusa da estratégia e das batalhas, garantindo-lhe o bom resultado em cada investida. E o melhor: Atena nunca perdeu uma batalha.

E foi justamente para mostrar a importância desse lado vitorioso da mulher, que eu, juntamente com nove outras executivas dos mais variados segmentos, criamos o Grupo Nikaia. O objetivo é, através de um curso de desenvolvimento, empoderar as mulheres e fazer que entendam o contexto no qual estão inseridas dentro das organizações, além de fazer com que acreditem na sua capacidade de voar e chegar aonde desejam, assim como a deusa grega.

Essa batalha é longa e árdua. Que Nikaia nos garanta mais uma vitória!