SP confirma três mortes por febre maculosa em Campinas
Uma adolescente de 16 anos está internada e tem quadro investigado

Da Agência Brasil

O Instituto Adolfo Lutz, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, confirmou na noite desta terça-feira (13) três óbitos causados por febre maculosa em pessoas que contraíram a doença no município de Campinas, no interior paulista.

As mortes, de uma mulher de 28 anos, e de um casal de namorados – uma mulher de 36 anos e um homem de 42 – ocorreram na mesma data, no último dia 8. As três pessoas estiveram em um evento na Fazenda Santa Margarida, na região rural de Campinas, em 27 de maio, e apresentaram sintomas da doença. Até a tarde de hoje, a causa de apenas uma destas mortes havia sido confirmada.

Uma adolescente de 16 anos, que também esteve no mesmo local, está internada em Campinas e o serviço de saúde investiga se ela contraiu a bactéria.

Região endêmica

Em nota, a prefeitura de Campinas diz que o município é uma área endêmica para febre maculosa e que Secretaria de Saúde municipal tem cumprido sua responsabilidade de alerta da população sobre os riscos e a prevenção da doença, “inclusive realizando ações nas áreas dos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, que é a região onde está localizado o espaço de lazer”.

A prefeitura informou ainda que, imediatamente após ser notificado dos casos, o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) do município desencadeou uma série de ações de prevenção, informação e mobilização contra a febre maculosa na Fazenda Santa Margarida.

“Os responsáveis pela fazenda foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco da febre maculosa. Essa informação é imprescindível para que a pessoa adote comportamentos seguros ao frequentar estes espaços e também para que, após frequentar, se apresentar sinais e sintomas, informe o médico e facilite o diagnóstico”.

Segundo a prefeitura, nos próximos dias, técnicos do Devisa farão uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos no espaço. A administração municipal disse que, na semana passada, reforçou as ações contra a febre maculosa nos parques da cidade.

Em nota, a Fazenda Santa Margarita lamentou as mortes e disse que sempre agiu de acordo com as normas e exigências legais relacionadas à vigilância sanitária. Disse ainda que mantém um rigoroso processo de manutenção e cuidados em relação ao espaço e sua conservação.

“Toda a documentação da Fazenda está em conformidade e regularidade com os órgãos competentes e as exigências legais, incluindo a Prefeitura Municipal de Campinas. É importante destacar que, nos últimos anos, nunca houve qualquer caso semelhante a este [na fazenda]”.

O comunicado da fazenda ressalta ainda que a região rural de Campinas apresenta recorrentemente casos de febre maculosa e que a responsabilidade pelo controle e prevenção da doença é do município. “Essa enfermidade é considerada uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida entre animais e seres humanos. Cabe ressaltar que a responsabilidade pelo controle e prevenção da febre maculosa é atribuída ao município, conforme estabelecido pela legislação pertinente”.

Segundo o governo paulista, foram registrados, desde o início do ano, 12 casos de febre maculosa no estado e 6 óbitos, incluindo os três confirmados hoje. Em 2022, foram registrados 53 casos, com 37 óbitos confirmados. Já em 2021, foram 76 casos e 42 óbitos.

A prefeitura informou que todos os eventos na Fazenda Santa Margarida foram suspensos até que o empreendimento apresente um plano de contingência ambiental e de comunicação sobre a presença, no espaço, de carrapatos que transmitem a febre maculosa.

Sobre a doença

febre maculosa é uma doença infecciosa causada por uma bactéria transmitida pela picada de carrapato. A contaminação não ocorre diretamente de pessoa para pessoa pelo contato. A doença tem tratamento caso seja identificada precocemente.

“A Secretaria de Estado da Saúde reforça que as pessoas que moram ou se deslocam para áreas de transmissão estejam atentas ao menor sinal de febre, dor no corpo, desânimo, náuseas, vômito, diarreia e dor abdominal e que procurem um serviço médico informando que estiveram nessas regiões para fazer um tratamento precoce e evitar o agravamento da doença”.

País registra maior queda na média móvel de óbitos por covid-19
Dados são do Ministério da Saúde

 

Da Agência Brasil

O Brasil registrou na terça-feira (09) uma redução de 31,24% na média móvel de óbitos por covid-19 em relação aos 14 dias anteriores, o maior recuo desde o início da pandemia. Se a comparação for feita com o registrado no pico da pandemia, em 19 de abril, a diminuição da média móvel de óbitos é de 91,62%. Os dados são do Ministério da Saúde.

Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o cenário de diminuição das contaminações se deve à Campanha de Vacinação, que atingiu nesta terça-feira a marca de mais de 279 milhões de doses aplicadas e quase 88,8% da população-alvo vacinada com a primeira dose.

“Hoje, temos um grande número de brasileiros com a primeira dose e estamos prestes a ultrapassar mais de 70% da população-alvo completamente vacinada. Avançamos com quase 10 milhões nas doses de reforço. E o resultado é isso: vários estados e municípios sem nenhum registro de óbito”, disse o ministro.

De acordo com o ministério, a vacinação contra a covid-19 atinge 69,5% da população com as duas doses ou dose única do imunizante. Além disso, cerca de 10 milhões de pessoas acima de 60 anos, profissionais de saúde e imunossuprimidos receberam a dose adicional ou de reforço. A partir desta terça-feira, o Ministério da Saúde vai distribuir mais 1,2 milhão de vacinas para o reforço. Os imunizantes serão entregues aos estados e ao Distrito Federal nas próximas 48 horas.

A pasta destacou ainda que o país aplicou mais de 13 milhões de doses em crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos de idade. Nesse público, a recomendação é que o imunizante da Pfizer seja utilizado, pois é a única vacina autorizada pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa) para essa faixa etária.

Balanço

Até o momento, segundo o governo federal, foram distribuídas mais de 344 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. Dessas, mais de 279 milhões foram aplicadas.

Para a Campanha da Vacinação de 2022, o governo federal informou que garantiu mais de 354 milhões de doses: 100 milhões da Pfizer e 120 milhões da AstraZeneca e mais 134 milhões de vacinas, remanescentes da campanha de 2021, que serão utilizadas no próximo ano.

Fiocruz aponta alta de casos e óbitos por covid-19 em pacientes jovens
Dados são do Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19

 

Da Agência Brasil

O Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19 referente às semanas epidemiológicas 14 e 15, período de 4 a 17 de abril, constata que a doença tem infectado cada vez mais pessoas jovens, processo chamado pela Fiocruz de rejuvenescimento da pandemia.

A análise divulgada hoje (23) aponta que a faixa etária dos mais jovens, de 20 a 29 anos, foi a que registrou maior aumento no número de mortes por covid-19: 1.081,82%. Já nas idades de 40 a 49 anos, houve o maior crescimento do número de casos: 1.173,75%.

Nas semanas epidemiológicas 14 e 15, a quase totalidade dos estados apresentou estabilidade dos indicadores, com exceção de Roraima, onde foi verificada nova alta tanto no número de casos quanto de óbitos. No Amapá, houve pequena redução no número de casos.

Rio de Janeiro (8,3%), Paraná (6,2%), Distrito Federal (5,3%), Goiás (5,2%) e São Paulo (5,1%) apresentaram as maiores taxas de letalidade. De acordo com os pesquisadores, os valores elevados de letalidade revelam graves falhas no sistema de atenção e vigilância em saúde nesses estados, como a insuficiência de testes de diagnóstico, identificação de grupos vulneráveis e encaminhamento de doentes graves.

Taxas de mortalidade elevadas também foram verificadas nos estados de Rondônia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Esse padrão mantém essas regiões como críticas para as próximas semanas, o que pode ser agravado pela saturação do sistema de saúde nesses estados.

As maiores taxas de incidência de covid-19 foram observadas nos estados de Rondônia, Amapá, Tocantins, Ceará, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e no Distrito Federal.

UTI

Segundo a Fiocruz, as taxas de ocupação de leitos de unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no SUS por pacientes adultos com covid-19 em diversos estados se mantêm, em geral, em níveis muito elevados. Dados de 19 de abril, em comparação aos do último dia 12, indicam a saída do Amapá de zona de alerta crítico para zona de alerta intermediário, na qual já se encontravam Amazonas, Maranhão e Paraíba. Exceto por Roraima, fora de zona de alerta, os demais estados e o Distrito Federal permaneceram em zona de alerta crítico.

Catorze estados e o Distrito Federal encontram-se com taxas de ocupação superiores a 90%: Rondônia (94%), Acre (94%), Tocantins (93%), Piauí (94%), Ceará (98%), Rio Grande do Norte (93%), Pernambuco (97%), Sergipe (97%), Espírito Santo (91%), Paraná (94%), Santa Catarina (97%), Mato Grosso do Sul (100%), Mato Grosso (96%), Goiás (90%) e Distrito Federal (98%).

SRAG

A análise constata que as incidências de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), outro indicador estratégico, se encontram em níveis de estabilidade em muitos estados ou em redução. No entanto, ainda estão em níveis muito altos. Cerca de 90% dos casos de SRAG são devido a infecções por Sars-CoV-2. De acordo com o estudo, os estados com níveis altos e estáveis de SRAG são principalmente das regiões Sul e Nordeste.

Óbitos fora de hospitais crescem no na cidade do Rio durante a pandemia
Levantamento da Fiocruz registrou que as mortes praticamente dobraram entre abril e maio

 

Os óbitos no município do Rio de Janeiro aumentaram em 64% nos meses de abril e maio de 2020, em relação à média dos três anos anteriores no mesmo período. Além disso, análise detalhada dos registros revela um dado preocupante: praticamente dobraram as mortes fora de hospitais – em unidades de saúde (como UPAs, clínicas e outros centros e unidades básicas) e em domicílios.  Isso pode ser um indicador de que, no início da epidemia, a rede de hospitais no município não teve capacidade para atender a todos os pacientes – não só de Covid-19, mas também com outras doenças graves.

A análise dos registros de óbitos trouxe outro dado inquietante: aumentaram em grande proporção os registros de mortes em unidades de saúde e a domicílio por neoplasias (tumores), doenças endócrinas nutricionais e metabólicas (diabetes, por exemplo), do sistema nervoso e dos aparelhos digestivo, circulatório e geniturinário (órgãos genitais e urinários), entre outras não diretamente relacionadas à Covid-19.

A soma dessas informações sugere que o colapso do sistema de saúde – e não só dos hospitais – poderia já estar acontecendo em abril e maio no município do Rio de Janeiro.  “Alguns desses óbitos poderiam ter sido evitados com uma atuação mais eficaz da chamada Atenção Básica de Saúde, o que envolve agentes de saúde no território, a testagem de casos suspeitos nos centros de saúde e a triagem de casos graves nas UPAs”, comenta Christovam Barcellos, vice-diretor do Instituto de Comunicação em Saúde (Icict), da Fiocruz, geógrafo e pesquisador de saúde pública.

As constatações fazem parte da Nota Técnica “Óbitos desassistidos no Rio de Janeiro. Análise do excesso de mortalidade e impacto da Covid-19”, produzida por pesquisadores do Icict/Fiocruz. Os dados analisados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).

O estudo contabilizou que, em abril e maio de 2020, o município do Rio teve cerca de 7.450 mortes acima da média histórica (2017-2019) do mesmo período de meses, representando um aumento de 64%. Desse total de mortes em excesso, cerca de 75% foram registradas como causadas pela Covid-19. Outras mortes podem ter ocorrido por falta de assistência a doentes crônicos, que encontraram a rede de saúde já sobrecarregada pela Covid-19.

As mortes fora de hospital apresentaram crescimentos acentuados: 110% nas unidades de saúde e 95% a domicílio.  E quando se cruzam as causas de óbitos com os locais em que ocorreram, alguns números aumentam muito. Por exemplo, as mortes por doenças infecciosas e parasitárias (que incluem a Covid-19) cresceram 785% em unidades de saúde (fora de hospitais) e 598% em domicílios (sem qualquer assistência de saúde). O total de pessoas que morreram em casa vítimas de doenças endócrinas nutricionais e metabólicas (incluindo diabetes) mais que dobrou em abril e maio deste ano: 109%. Nessa mesma proporção (109%), aumentaram os óbitos no período analisado em decorrência de doenças do aparelho respiratório registradas em unidades de saúde fora de hospitais.

Também chamou a atenção dos pesquisadores o grande volume de mortes sem diagnóstico. Nos meses de abril e maio de 2020, foi registrado um excesso de cerca de mil óbitos com causa mal definida (sem diagnóstico definitivo) em relação aos anos anteriores. Segundo o epidemiologista do Icict Diego Xavier, que participou do estudo, “isso evidencia falhas em procedimentos de vigilância epidemiológica e atenção oportuna a doentes crônicos e casos suspeitos de Covid-19”.

A Nota Técnica do Icict diz ainda: “Foi observada uma migração de óbitos que antes ocorriam em ambiente hospitalar e que, durante abril e maio de 2020, passaram a ser mais frequentes nos domicílios. Esse é o caso de cânceres, doenças metabólicas (entre as quais predominam as diabetes) doenças do sistema nervoso (com grande peso de Alzheimer) e doenças cardiovasculares e do aparelho geniturinário (com diversos casos de insuficiência renal), configurando um grave cenário de desassistência vivido naqueles dois meses e que pode permanecer ao longo da epidemia. A maior parte dessas doenças é crônica e o óbito pode ser considerado evitável por ações de prevenção e atenção básica de saúde”.

De acordo com Christovam Barcellos, para descobrir as causas desses números atípicos seria preciso uma investigação epidemiológica mais aprofundada.

“Estamos claramente diante de dados que indicam que houve desassistência à saúde pública no início da epidemia no município do Rio, talvez até mesmo um colapso do sistema hospitalar. Acredito que muitas dessas pessoas que morreram fora em casa ou em UPAs podem ter tido dificuldade de conseguir atendimento nos hospitais. Vale destacar que vem sendo amplamente noticiado que nos últimos três anos a rede municipal de saúde sofreu cortes de pessoal e de unidades, o que, se for verdade, pode ter contribuído para comprometer o atendimento hospitalar no pico da Covid-19”, avalia Barcellos.