Apesar de pandemia, rede social mostra aumento na prática esportiva
Relatório anual da Strava destaca público feminino e treinos em casa

Da Agência Brasil

O Strava, rede social voltada ao esporte, divulgou nesta quarta-feira (16) um balanço sobre a prática de exercícios físicos no mundo ao longo de 2020. O relatório compilou dados dos cerca de 73 milhões de usuários da plataforma no mundo e concluiu que, apesar da pandemia do novo coronavírus (covid-19), houve aumento de 13,3% na frequência de treinamento e de 14,7% no tempo médio voltado às atividades, na comparação com o ano passado.

Gerente do Strava no Brasil, Rosana Fortes avalia que o treino indoor (dentro em casa), saída encontrada pelos esportistas para manter a rotina em meio às restrições da quarentena, é uma das explicações. O relatório indica que as atividades caseiras foram realizadas 2,2 vezes mais que em 2019, atrás somente das caminhadas ao ar livre (que cresceram três vezes). Outros exercícios indoor, como pedaladas (1,7 vez mais) e corridas (1,3 vez mais) também se destacaram.

“É muito diferente pedalar e correr ao ar livre e dentro de casa, em uma esteira ou rolo [de bicicleta]. Mas vimos vários atletas se desafiando. Houve um tempo, entre maio e junho, trazendo para a realidade do Brasil, em que eles ainda achavam que as primeiras competições adiadas voltariam em dois ou três meses. Por exemplo: antes de passar para 2021, o Ironman Florianópolis [prova de triatlo] tinha sido postergado em alguns meses para frente. Então, eles precisariam se manter ativos até lá. Como se adaptar? Por isso, acho que vimos esse ganho de carga e minutos de treino”, comenta.

Ainda segundo o balanço, em países onde o confinamento foi mais rigoroso no ápice da pandemia (entre março e maio), o crescimento dos treinos indoor variou de 2,5 a quase quatro vezes mais que no ano passado. O triatleta mineiro Thiago Vinhal vivenciou o lockdown na Espanha, onde estava com seu técnico e sua esposa, que é campeã mundial da modalidade e especialista em nutrição esportiva. Sob os olhares da dupla, teve que se adaptar à nova rotina.

“Fui para lá [Espanha] para um camp [de treinos] e caí em um internato [risos]. Na conversa com o técnico, decidimos controlar o que desse para controlar. Sempre fui muito ruim no treino indoor, mas tive que realmente começar a fazê-lo. Não posso reclamar. Foi o olhar da mudança que me deu paz. Quando acabou o lockdown e os atletas profissionais puderam sair para treinar, tive a montanha inteira para aproveitar. Bati minhas marcas pessoais, recordes de potência na subida, de natação, de corrida”, conta Vinhal.

“Outra coisa que observamos é que alguns hábitos adquiridos na pandemia, de treino indoor, creio que serão mantidos. Muitos atletas profissionais tinham pavor de fazer bicicleta indoor, mas vimos que vários deles adotaram isso como um treino complementar, para um dia de trânsito ruim ou de chuva. O Pippo Garnero [ciclista campeão brasileiro] é um que pedalava pouco em casa, por morar perto de uma estrada, e adotou. O treino indoor, as aulas por meio de lives, chegaram para ficar. São novidades”, emenda Rosana.

Mulheres em destaque

O relatório identificou que o crescimento foi impulsionado pelas mulheres. Entre as atletas de 18 a 29 anos, o avanço no número médio de atividades foi de 45,2%. Ainda no universo feminino, o índice de aumento nas demais faixas etárias (30 a 39, 40 a 49, 50 a 59 e mais de 60) esteve sempre acima de 20%. O público masculino teve crescimento mais discreto, com destaque também à camada mais jovem (18 a 29 anos), que subiu 27,3%.

No recorte do Brasil, os dados são parecidos, com mulheres de 18 a 29 anos apresentando o maior aumento na média de atividades (43,8%). Entre os homens, a faixa etária também foi a de maior crescimento (30%) na comparação com 2019. Há de se considerar que, do ano passado para cá, cerca de três milhões de brasileiros aderiram à plataforma. O país tem cerca de 9,6 milhões de atletas na rede social, apenas superado pelos Estados Unidos (11 milhões) em número de usuários.

“Vemos isso de maneira bem bacana e positiva. [A quarentena da pandemia] foi um momento difícil, com mulheres exercendo diversas funções em casa, muita exaustão, mas que não deixaram a peteca cair. Elas conseguiram tiraram o momento do dia para elas, por meio do esporte, para fazer uma bicicleta ou um funcional. Esse movimento aconteceu no mundo todo”, conclui a gerente do Strava.

Bill Gates diz que os próximos 4 a 6 meses podem ser “o pior da pandemia”
Fundador da Microsoft já investiu US$ 1,75 bilhão no desenvolvimento de uma vacina

Da Forbes

O otimismo com o possível fim da pandemia aumentou nos EUA já que as primeiras remessas da vacina da Pfizer foram despachadas ontem (13). No entanto, durante uma entrevista na TV, Bill Gates alertou que não é momento de baixar a guarda, e que o país deve enfrentar, provavelmente, o período mais mortal da pandemia. “Infelizmente, os próximos quatro a seis meses podem ser a pior parte da pandemia”, disse Gates, copresidente da Fundação Bill e Melinda Gates, à CNN. Gates alocou recursos significativos para o desenvolvimento de uma vacina, cerca de US$ 1,75 bilhão, de acordo com a Forbes.

Os caminhões com as vacinas saíram da fábrica da Pfizer no estado de Michigan no domingo, carregando uma primeira rodada de distribuição, com cerca de 3 milhões de doses. Stephen Hahn, do FDA, a agência de alimentos e medicamentos norte-americana, afirma que espera que vacinas comecem a ser administradas já hoje (14). A previsão é que os profissionais de saúde e os residentes de lares de idosos receberão a vacina primeiro. E só no meio de 2021 as vacinas estarão amplamente disponíveis no país.

Por esse motivo, as autoridades de saúde dizem que o vírus não estará sob controle nos Estados Unidos até a “segunda metade de 2021” –como o Anthony Fauci disse recentemente– quando a maior parte da população, cerca de 75%, estará vacinada, gerando um “guarda-chuva de imunidade coletiva”.

“No curto prazo, são más notícias”, continuou Gates, citando a pesquisa do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde, que mostra que os EUA podem sofrer mais cerca de 200 mil mortes até 1º de abril de 2021 por causa do vírus. A vacina da Pfizer chegará a 145 postos de distribuição hoje, em todos os 50 estados do país, 425 postos amanhã (15) e 66 na quarta-feira (16), de acordo com a Associated Press. Levará até três semanas para que a primeira rodada de doses seja enviada a todos os locais de vacinação identificados pelo governo.

A vacina da Pfizer deve ser armazenada a -70ºC, o que representa problemas logísticos para o país. Hahn disse ontem que não acredita que as reações alérgicas à vacina da Pfizer serão um problema altamente frequente. “Não achamos que vá ser um problema muito frequente, mas queremos ter cuidado porque a segurança das vacinas e a segurança de produtos médicos é a nossa prioridade”, disse o chefe do FDA.

Questionado sobre a ordem executiva do presidente Donald Trump, que prioriza os cidadãos americanos na distribuição de vacinas, Bill Gates disse: “Bem, a ideia extrema de que todos deveriam morrer até que tenhamos o último americano ser vacinado, essa dificilmente é uma resposta apropriada.”

Emissões mundiais de dióxido de carbono caem 7% devido à pandemia
Informação é do Projeto Carbono Global, integrado por cientistas

A pandemia confinou populações, reduziu viagens e quase paralisou a economia, levando o planeta a diminuir emissões de dióxido de carbono (CO²) em 7%, a maior queda já registrada, segundo dados preliminares de um grupo de cientistas. O Projeto Carbono Global, formado por dezenas de cientistas internacionais, calculou que o mundo terá lançado 34 bilhões de toneladas de CO² na atmosfera em 2020, contra 36,4 bilhões em 2019, segundo estudo publicado nesta quinta-feira (11) na revista Earth System Science Data.

De acordo com os pesquisadores, a histórica redução deve-se sobretudo ao fato de as pessoas terem ficado em casa, viajando menos de carro e de avião. O transporte terrestre representa cerca de um quinto das emissões de dióxido de carbono, provenientes da combustão de combustíveis fósseis, principais responsáveis pelo aquecimento global que dá origem a alterações climáticas.

Os cientistas alertaram, no entanto, que as emissões de gases poluentes voltarão a aumentar após o fim da pandemia.

“Claro que o confinamento não é de maneira nenhuma a forma de combater as alterações climáticas”, disse Corinne LeQuere, cientista climática da Universidade de East Anglia e coautora do estudo.

O grupo de cientistas tinha previsto quedas nas emissões de 4% a 7% este ano, dependendo da progressão da pandemia de covid-19. O surgimento de novos casos da doença e as reduções contínuas nas viagens levaram a diminuição a atingir os 7%, explicou LeQuere.

As emissões diminuíram 12% nos Estados Unidos e 11% na Europa, mas apenas 1,7% na China, que iniciou mais cedo o confinamento e não registrou aumento de casos, com a indústria também menos afetada que em outros países.

Apesar da redução sem precedentes das emissões de CO² em 2020, o mundo colocou em média 1.075 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera a cada segundo.

Os cientistas esperam que o mundo tenha aprendido algumas lições com a pandemia.

“À medida que as pessoas se habituam a fazer teletrabalho um par de dias por semana ou se apercebem de que não precisam de fazer tantas viagens de negócios, poderemos ver diminuir as emissões futuras relacionadas com o comportamento”, afirmou o diretor do Stanford Woods Institute for the Environment, Chris Field, citado pela agência de notícias Associated Press (AP).

Com vacina de Oxford, Reino Unido prevê começar ‘volta ao normal’ na Páscoa; e o Brasil?
O país europeu encomendou até agora 100 milhões de doses dessa vacina

Da BBC Brasil

“Depois da aprovação das vacinas pelos rigorosos órgãos reguladores, nós esperamos começar a vacinar em dezembro. O grosso do programa de vacinação seria em janeiro, fevereiro e março. E esperamos que em algum momento logo após a Páscoa, as coisas começarão a voltar ao normal.”

A previsão acima foi feita pelo ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, no mesmo dia que foram divulgados os resultados da eficácia da vacina Oxford/AstraZeneca (de até 90%).

O país europeu de 68 milhões de habitantes encomendou até agora 100 milhões de doses dessa vacina. Essa, aliás, é a mesma quantidade prevista para o primeiro semestre de 2021 pelo Brasil, país de 212 milhões de habitantes.

Mas por que a Páscoa se tornou uma luz no fim do túnel e o que isso aponta para o Brasil?

Há dois pontos centrais aqui. Primeiro, a Páscoa (4 de abril) ocorre após o inverno britânico, período em que doenças respiratórias disparam. Segundo, estariam protegidos dois dos grupos mais atingidos pela covid-19: os idosos e os profissionais de saúde.

Vacinar 12 milhões de pessoas no país com mais de 65 anos teria um impacto enorme na mortalidade. Afinal, mais de 90% das mortes no país atingiram essa faixa etária.

“Com o vento favorável, nós devemos conseguir imunizar até a Páscoa a grande maioria das pessoas que mais precisam de proteção”, afirmou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Mas o médico-chefe do Departamento de Saúde do Reino Unido, Chris Whitty, lembrou que a vida não voltará ao normal de uma hora para outra. “O vírus não vai desaparecer. Ele se tornará menos e menos perigoso para a população em etapas.”

Especialistas ressaltam também que pandemia está longe de estar sob controle e que as perspectivas de vacinas eficazes contra covid-19 não significam que as pessoas devem abandonar os cuidados adotados, como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.

Vacinar 12 milhões de pessoas no país com mais de 65 anos teria um impacto enorme na mortalidade. Afinal, mais de 90% das mortes no país atingiram essa faixa etária.

“Com o vento favorável, nós devemos conseguir imunizar até a Páscoa a grande maioria das pessoas que mais precisam de proteção”, afirmou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Mas o médico-chefe do Departamento de Saúde do Reino Unido, Chris Whitty, lembrou que a vida não voltará ao normal de uma hora para outra. “O vírus não vai desaparecer. Ele se tornará menos e menos perigoso para a população em etapas.”

Especialistas ressaltam também que pandemia está longe de estar sob controle e que as perspectivas de vacinas eficazes contra covid-19 não significam que as pessoas devem abandonar os cuidados adotados, como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.

O público-alvo detalhado só será apresentado após a aprovação das vacinas, mas certamente estarão na frente da fila os grupos mais vulneráveis (idosos e pessoas com comorbidades) e os mais expostos (profissionais de saúde).

Segundo dados do governo brasileiro, 76% das mortes por covid-19 até setembro no país atingiram pessoas com mais de 60 anos. Essa faixa etária reúne 28 milhões de brasileiros, ou 13% da população total.

Outro eixo dos 10 apresentados pelo Ministério da Saúde diz respeito a identificar as pessoas que integram os grupos de risco da covid-19, entre elas, pessoas com comorbidades como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas/cerebrovasculares, doenças pulmonares e renais, obesidade, câncer e anemia falciforme, além de quem recebeu transplante.

Um levantamento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou que 86 milhões de pessoas no Brasil têm pelo menos uma dessas doenças que podem agravar seriamente uma infecção por covid-19. Ou seja, 47% dos brasileiros com idade entre 18 e 65 anos estão nesse grupo de risco.