Projeto de lei estabelece piso nacional de enfermagem muito acima da média praticada no país
As diferenças são ainda maiores no que diz respeito aos técnicos de enfermagem

 

Projeto de lei que estabelece o piso vai impor um aumento de custos que coloca em risco a sustentabilidade de hospitais

 

Uma das críticas que têm sido feitas ao projeto de lei 2564, que propõe o estabelecimento de piso salarial para os enfermeiros no valor de R$ 4.750,00 válido em todo o território nacional, é o fato de que ele desconsidera as realidades regionais do mercado de trabalho. O valor proposto está 10% acima da média de salários da categoria praticada no Estado de São Paulo; 17% acima da do Rio de Janeiro. No caso da Paraíba, porém, o piso supera em 131% a média. A seguir vêm Acre (126%) e Pernambuco (114%). Na faixa intermediária estão Amazonas (62%), Minas Gerais (60%), Santa Catarina (57%).

As diferenças em relação às médias salariais são ainda maiores no que diz respeito aos técnicos de enfermagem, para os quais o projeto prevê um piso nacional de R$ 3.325,00. A discrepância então vai de 40% acima da média em São Paulo a186% na Paraíba. A unificação do piso nesse patamar vai ter um impacto enorme nos custos dos estabelecimentos e pode comprometer o funcionamento dos hospitais públicos e privados, em especial os beneficentes e os estabelecimentos de pequeno e médio porte.

Na semana passada, o Senado aprovou o projeto de lei que institui o piso salarial nacional do Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteira. De acordo com o texto,  fica estabelecido o piso de R$ 4.750,00 para os enfermeiros, de R $3.325,00 para técnicos e de R$ 2.375,00 os demais. O projeto ainda precisa ser votado pela Câmara dos Deputados.

Câmara aprova regulamentação de serviços de transporte com aplicativo

transporte aplicativo
Regulamentação do transporte com aplicativo aguarda a sanção do presidente Temer

Após mais de três horas de debates, a Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (28) o Projeto de Lei (PL) 5587/16, que regulamenta os serviços de transporte com aplicativos como Uber, Cabify e 99 POP. O PL segue para sanção do presidente Michel Temer. Na única alteração ao texto vindo do Senado, o plenário rejeitou, por 283 votos a 29, a mudança que retirava dos municípios a competência de regulamentar os serviços de transporte por meio de aplicativos.

Os deputados mantiveram duas alterações ao texto feitas pelo Senado e, dessa forma, o texto final excluiu a necessidade de autorização prévia emitida pelo poder público municipal para o motorista de aplicativo nos municípios em que houver regulamentação. Além disso, também prevaleceu a mudança do Senado que retirou a obrigatoriedade de o motorista do aplicativo ser o proprietário, fiduciante ou arrendatário do veículo, assim como a de usar placa vermelha.

Os deputados analisaram o projeto que havia sido aprovado pelo Senado no início de novembro do ano passado. Originário da Câmara, o projeto de lei precisou ser analisado novamente para encerar o processo legislativo e ser sancionado para virar lei. Isso porque os senadores alteraram trechos do texto aprovado pelos deputados.

Entre as regras de fiscalização previstas no PL aprovado estão a exigência de contratação de seguro de Acidentes Pessoais a Passageiros (APP) e do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), além da necessidade de inscrição do motorista como contribuinte individual do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O PL também estabelece que o motorista deve ser portador de Carteira Nacional de Habilitação na categoria B ou superior que tenha a informação de que ele exerce atividade remunerada. Aquele que descumprir as regras terá seu trabalho caracterizado como transporte ilegal de passageiros.

Divergência

Pressionados por taxistas e motoristas de aplicativos, que tinham posições divergentes sobre a regulamentação, deputados travaram debates acalorados durante a sessão que discutiu o tema. Favorável ao estabelecimento de regras mais rígidas para os serviços de transporte por aplicativo, o deputado Major Olímpio (SD-SP) defendeu que a regulamentação permitiria a igualdade de tratamento entre os trabalhadores de transporte privado e taxistas.

“Se for vender pipoca, precisa de autorização do município. Se tem a remuneração de um serviço de transporte remunerado, não há o que discutir. Ninguém está acabando com aplicativo nenhum, está se concedendo exatamente regulamentação, igualdade para a disputa do mercado”, argumentou.

Já o relator da matéria na Casa, deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), defendeu que os aplicativos são responsáveis pela renda de mais de 500 mil trabalhadores brasileiros e foi responsável, em 2017, pelo pagamento de R$ 1 bilhão em impostos. “Não cabe a esse plenário hoje tomar a decisão de proibir aplicativos”, disse.