Como a guerra na Ucrânia afeta companhias aéreas e a Embraer
Para a fabricante brasileira de aeronaves, as sanções da comunidade internacional aos russos podem afetar o acesso ao titânio

 

Por Stella Fontes, do Valor Econômico

Embora a guerra na Ucrânia não tenha afetado os voos das companhias aéreas brasileiras até o momento, Embraer, Latam, Gol e Azul monitoram de perto seus desdobramentos, que podem ter impacto relevante nos custos e operações do setor. Para a fabricante brasileira de aeronaves, as sanções da comunidade internacional aos russos podem afetar o acesso ao titânio, metal leve usado na fabricação de aeronaves e seus motores.

A VSMPO-Avisma, controlada pela estatal Rostec, tem o monopólio da produção de titânio e peças forjadas com o metal na Rússia. E é importante fornecedora da indústria aeronáutica mundial. Assim como Embraer, Boeing e Airus dependem em boa parte do titânio russo. Um embargo à Rússia, portanto, poderia atingir diretamente as maiores fabricantes de aeronaves no mundo.

Segundo a agência Reuters, a VSMPO-Avisma responde por 25% da oferta global de titânio. Especificamente no mercado aeronáutico, essa participação subiria a 50%, segundo consultorias internacionais. Procurada, a Embraer informou que avalia a cadeia de suprimentos de titânio de forma constante, como faz com outros materiais. “Neste momento, o fornecimento de titânio não preocupa a Embraer, já que a empresa mantém alto nível de estoque deste material”, disse em nota.

Em postagem no LinkedIn há dois dias, o presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, enumerou potenciais impactos da guerra para as companhias aéreas e destacou que a pressão sobre os custos é “inegável”, citando também o titânio. “Infelizmente na situação em que está o setor, estes aumentos vão impactar os preços das passagens. É uma pena, especialmente em um momento no qual o que mais queremos é voltar a voar”, escreveu.

Na avaliação do executivo, a guerra na Ucrânia pode afetar o mercado de capitais e a disponibilidade de crédito e preço e oferta de commodities relevantes para a indústria, incluindo o metal. “Além disto, precisamos utilizar a #flexibilidade para replanejar o que adquirimos durante a crise. Comentei isto com vocês: aquele horizonte de longo prazo não existe mais. Temos de reagir rápido no curto prazo e ajustar a oferta em função destes custos. Muito trabalho pela frente! Que o bom senso, #respeito à vida e às fronteiras impere neste momento!”, acrescentou.

Em nota, a Latam informou que não voa para a Ucrânia e, até o momento, seus voos não foram afetados pelo fechamento do espaço aéreo em diferentes países.

A Gol, por sua vez, informou que não opera voos para a Ucrânia e reforçou posicionamento recente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que já alertava para potenciais impactos do câmbio e do petróleo nos custos do setor aéreo.

“Sobre este triste momento, informamos que nossas associadas não operam voos que tenham como destino final da região do conflito e acompanhamos com atenção os impactos nas cotações do dólar e do petróleo, que podem aumentar ainda mais os custos”, informou a associação.

Procurada, a Azul informou em nota que “suas operações seguem dentro da normalidade e sem nenhum impacto”. “Um eventual efeito no valor das passagens vai depender do impacto da guerra sobre custos como dólar ou petróleo, que são monitorados constantemente pela companhia”, acrescentou.

Na sexta-feira, as ações PN da Azul recuaram 2,95% na B3, para R$ 25,29. Os papéis da Gol encerraram o dia a R$ 17,28 cada, baixa de 0,97%. As ações ON da Embraer subiram 0,9%, para R$ 17,60. Já as ações da Latam recuaram 4% na bolsa chilena, para 269,88 pesos chilenos.

Corte Arbitral do Esporte mantém Rússia fora da Olimpíada de Tóquio
Apesar da manutenção, prazo da exclusão foi reduzido de 4 para 2 anos

Da Agência Brasil

No início da tarde desta quinta-feira (17), no horário de Brasília, a Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça, confirmou a manutenção da exclusão da Rússia de competições internacionais pelos próximos dois anos. Assim, atletas e equipes russas só poderão participar da Olimpíada de 2021, da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, entre outras competições, se confirmarem que não estão envolvidos em casos de doping. Nas Olimpíadas, esses atletas estarão sob uma bandeira do Comitê Olímpico Internacional (COI). E, no caso da conquista de alguma medalha, o hino russo não será executado.

Inicialmente, o país tinha sido banido do esporte por quatro anos pela Agência Mundial Antidoping (WADA, sigla em inglês) por causa de um sistema de doping que teve envolvimento de altas autoridades russas. Para a Corte, entre outras irregularidades constatadas desde 2014, houve adulteração de um banco de dados do laboratório da capital russa antes da entrega oficial do material à WADA.

Na decisão divulgada nesta quinta-feira, porém, houve a redução do prazo de quatro para dois anos. Também ficou decidido que os atletas até poderão usar o nome Rússia nos uniformes, se apresentarem a expressão Atleta Neutro no mesmo tamanho e com o mesmo destaque. A pena divulgada nesta quinta-feira é válida até 16 de dezembro de 2022.

Rússia envia seu primeiro robô humanoide ao espaço

A espaçonave Soyuz que carregava o robô FEDOR foi lançada do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, na quinta-feira (22). A nave espacial Soyuz também estava carregada de suprimentos alimentares e equipamentos experimentais para a Estação Espacial Internacional.

O robô FEDOR, também chamado Skybot F-850, tem 180 centímetros de altura e pesa 160 quilos. O governo russo começou a desenvolvê-lo há cinco anos para uso no espaço sideral e em locais afetados por desastres.

Após chegar à Estação Espacial Internacional, o robô passará por testes por cerca de duas semanas para confirmar sua funcionalidade em gravidade zero.

A Rússia costumava liderar o número de lançamento de satélites mundialmente, mas tem ficado atrás dos Estados Unidos e da China depois de uma série de falhas ocorridas nos anos mais recentes.
Os Estados Unidos enviaram um robô humanoide ao espaço em 2011.

Trump e Putin se reúnem na Finlândia

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, têm uma reunião nesta segunda-feira (16), em Helsinki, na Finlândia.

O encontro ocorre a portas fechadas. Putin chegou ao Palácio Presidencial por volta das 7h35, em Brasília, e subiu as escadas acompanhado do presidente finlandês, Sauli Niinistö.

Trump, que atrasou seu trajeto até o palácio aparentemente para não chegar antes de Putin, apareceu mais de meia hora (7h57, em Brasília) depois do horário estipulado para o começo da cúpula

O presidente norte-americano enviou mensagens a Putin, elogiando a organização da Copa do Mundo da Rússia, encerrada ontem (16), em Moscou. “Um dos melhores mundiais de futebol”, afirmou o norte-americano.

Segundo a imprensa finlandesa, apesar de aspectos negativos, a partir de críticas de Trump à Rússia, é possível sair um resultado positivo do encontro. A expectativa é que, durante a reunião, os presidentes conversem sobre Síria, Ucrânia (de acordo com a visão Rússia) e acordos bilaterais.

Há informações de que Trump insistirá na questão da suposta interferência russa nos assuntos internos dos Estados Unidos, incluindo uma controvertida acusação contra 12 militares russos. A denúncia é que os russos teriam interceptado comunicação e páginas na internet nos Estados Unidos para manipular informações dos comícios de 2016, quando Trump disputou as eleições com a democrata, Hillary Clinton.

Durante a reunião também deverão ser tratadas violações de direitos humanos e de convenções diplomáticas.