Ministro da Saúde diz que não há risco de sarampo se espalhar pelo país

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse hoje (8), após participar de reunião do Comitê Cadeia Produtiva da Saúde (ComSaude), na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que, apesar dos 30 casos suspeitos de sarampo em Roraima, seis em investigação e uma morte confirmada, a doença está sob controle no país desde 2016, e não há risco de que a doença, que já está erradicada no país, volte a se espalhar.

Ele reforçou que o Ministério da Saúde determinou a vacinação de 400 mil pessoas para bloquear a possibilidade do sarampo retornar. “Há dois anos declaramos a eliminação do sarampo no Brasil e agora estamos com esses casos importados da Venezuela. A situação não é preocupante porque está sob controle e as medidas estão tomadas. Todos os casos identificados são importados da Venezuela e não há nenhum autóctone do Brasil”.

Com relação ao não alcance da meta de vacinação contra a febre amarela, Barros avaliou que como todos os anos as pessoas correm para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para a vacinação assim que começam as primeiras notícias e depois percebem que o risco é relativo e deixam de fazer a vacinação. “Nós vamos manter a vacinação, os estados estão prorrogando as campanhas e vamos buscar alcançar os 95% de cobertura nas áreas que foram recomendadas pelos estados e nos municípios que estão em campanha. Vamos estender a campanha para alcançar o objetivo”.

Roraima tem 29 casos suspeitos de sarampo; 6 são confirmados

A Secretaria de Saúde de Roraima já notificou 29 casos suspeitos de sarampo, sendo 25 em Boa Vista e quatro no município de Pacaraima. Até o momento, seis casos foram confirmados – cinco com o mesmo genótipo identificado na Venezuela no ano passado.

Dentre os casos suspeitos, 15 são do sexo masculino e 14 do sexo feminino, com faixa etária de 4 meses a 39 anos;  19 casos são procedentes da Venezuela e 10 são brasileiros.

Segundo órgão, todos os pacientes apresentaram febre e exantema (manchas avermelhadas), acompanhados de tosse, coriza e/ou conjuntivite. A coleta de material biológico foi realizada para todos os casos e o material encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima.

Ainda de acordo com a secretaria, nove pacientes foram hospitalizados – a maioria devido a condições sociais (moradores de abrigo e rua) e dois deles por conta do agravamento do quadro clínico.

Uma criança de 3 anos, procedente da cidade de Tucupita, no estado de Delta Amacuro, Venezuela, morreu sob suspeita de ter contraído a doença. A mãe relatou que, ainda na Venezuela, a criança teve os primeiros sintomas por volta do dia 17 de fevereiro.

A família veio para o Brasil em busca de assistência médica, chegando a um abrigo indígena em Pacaraima em 24 de fevereiro. A criança foi atendida na Unidade de Saúde da Família do município, transferida para o Hospital Délio Oliveira Tupinambá e posteriormente, para o Hospital da Criança Santo Antônio, já em Boa Vista, onde foi admitida na madrugada de 1º de março.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, no Brasil, os últimos registros da doença ocorreram entre 2013 e 2015, quando foram confirmados 1.310 casos em todo país. Nesse período, Roraima confirmou um caso, importado do Ceará. Em setembro de 2016, a circulação do vírus do sarampo nas Américas havia sido declarada eliminada.

Vacinação

A secretaria informou que foram aplicadas mais de duas mil doses da vacina contra o sarampo como ação de bloqueio em abrigos instalados nos ginásios dos bairros Tancredo Neves e Pintolândia, além de praças como Capitão Clóvis e Simon Bolívar, em Boa Vista.

“Atendendo a um pleito feito pelo governo do estado desde 2016, foi montado um posto de vacinação em Pacaraima, fronteira com a Venezuela. Foram feitas a intensificação vacinal no abrigo indígena de Pacaraima, e a busca de contatos de casos suspeitos nas unidades de saúde onde os casos suspeitos permaneceram.”

Ainda segundo o órgão, o Ministério da Saúde encaminhou a Roraima 100 mil doses extras contra o sarampo. Uma campanha de intensificação vacinal será realizada em todos os 15 municípios do estado, na população de 6 meses a 49 anos.

“Representantes do Ministério da Saúde, da Sesau [Secretaria de Saúde] e dos municípios estão finalizando o plano estratégico para a execução desta campanha”, concluiu o órgão.

Cresce em 400% os casos de sarampo na Europa

Ministros da Saúde de 11 países europeus reuniram-se esta semana na República de Montenegro, nos Bálcãs, para debater soluções para o enfrentamento do surto de sarampo no continente e a importância da imunização. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Europa teve um aumento de 400% nos casos da doença no ano passado, na comparação com 2016. A informação é da ONU News

O sarampo afetou mais de 21,3 mil pessoas na Europa em 2017, sendo que 35 pacientes morreram, informou a OMS. A diretora regional da organização na Europa, Zsuzsanna Jakab, declarou que “cada pessoa com sarampo é um lembrete de que crianças e adultos sem vacinação têm risco de contrair a doença, que é contagiosa”.

Segundo ela, o total de casos e de mortes no ano passado “é uma tragédia que simplesmente não se pode aceitar”. Zsuzsanna destaca que eliminar sarampo e rubéola é uma meta prioritária para todos os países do continente.

A OMS disse que, dos 53 países europeus, 15 tiveram surtos de sarampo, principalmente a Itália, a Romênia e a Ucrânia. Nessas nações, houve declínio da cobertura de vacinação de rotina, o que gerou cerca de 5 mil casos ou mais em cada país. Alemanha, Bélgica, Bulgária, França, Espanha, Reino Unido e Rússia também tiveram centenas de casos de sarampo no ano passado.

A OMS disse que já estão em prática ações para evitar novos surtos, incluindo melhoria no planejamento e na logística dos estoques de vacinas, conscientização do público sobre a doença e imunização de pessoas com mais risco de contrair sarampo.