O presidente da CSN, Tércio Egon Paulo Kasten, e o diretor da OIT, Peter Poschen
“A saúde pode alavancar a economia brasileira”, destacou o diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Peter Poschen, durante workshop da Confederação Nacional de Saúde (CSN), promovido no último dia 3. Ele destacou que, atualmente, o setor emprega mais de 40 milhões de profissionais no mundo inteiro, destacou. “E segundo a ONU, esses números vão duplicar até 2030”, relatou.
Segundo Peter a estimativa feita pela OIT constatou que o setor teve um crescimento econômico de 1,5 % entre 2000 e 2011. Ele ainda informou que para cada R$ 1,00 de investimento no setor o país obtém o retorno financeiro de R$ 9,00 reais.
Outro ponto destacado ao longo do evento foi a necessidade de intensificar o debate da Segurança e Saúde no Trabalho para que as instituições, tanto públicas como privadas, consigam aprimorar o acesso com segurança do cidadão brasileiro aos serviços de saúde.
O procurador federal da Advocacia Geral da União (AGU) e coordenador da equipe de trabalho em ações regressivas previdenciárias, Fernando Maciel, informou que as consequências econômicas dos acidentes do trabalho no Brasil estão provocando um déficit aos cofres públicos da Previdência Social (INSS). “A atual arrecadação não está suprindo as despesas acidentárias quanto à demanda de acidentes”, alertou.
De acordo com Maciel, dados atuais apresentados pelo INSS apontam que 8 pessoas morrem todos os dias no país, por acidentes no trabalho, o que ocasiona cerca de 250 mortes por mês no Brasil. Maciel ainda informou que um dos principais fatores que causam acidentes nos estabelecimentos de saúde são as constantes exposições do trabalhador aos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais.
Em contrapartida, o procurador enfatizou que a AGU está trabalhando de forma efetiva na identificação dos acidentes de trabalho e na propositura das ações regressivas, com o objetivo de ressarcir os cofres da Previdência quando a empresa é condenada e declarada culpada pelo acidente de trabalho ou doença ocupacional.
O número de médicos brasileiros participantes do Programa Mais Médicos aumentou 44% em menos de um ano. O dado foi divulgado, nesta terça-feira (03), pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante a recepção de 1.375 profissionais brasileiros formados no exterior que aderiram ao último edital. Com esse reforço, somando também aqueles com diplomas do país, já são 8.316 brasileiros no programa, o que representa 45,6% do total. A prioridade do Ministério da Saúde é ampliar a participação nacional, tornando a iniciativa mais independente e garantindo atendimento médico à população.
“Este momento é importante para o Brasil e para os brasileiros. Estamos avançando e tenho certeza que vamos oferecer mais qualidade na saúde e na atenção básica com a participação desses novos profissionais no programa Mais Médicos”, ressaltou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Esses novos profissionais iniciam as atividades em Unidades Básicas de Saúde a partir da próxima segunda-feira (09) em cerca de 800 municípios de 25 estados e Distrito Federal, além de 8 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Juntos, eles devem cobrir região com 4,8 milhões de pessoas. Ao todo, foram 1.985 inscritos, mais de um candidato por vaga. Entre as regiões, o Sudeste foi o que recebeu o maior número de profissionais, foram 565 médicos para reposição. O Sul e o Nordeste vêm logo em seguida, com 329 e 296 intercambistas, respectivamente.
“Com esses novos profissionais, vamos garantir o cuidado personalizado e humanizado perto de casa, por um médico e uma equipe que se vincula ao paciente e sua família resolvendo problemas de saúde e evitando que as pessoas precisem de atendimento nas emergências, hospitais e consultas com especialistas”, destacou o secretário de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, Rogério Abdalla.
Essa é a segunda fase do edital. A primeira foi voltada exclusivamente aos médicos brasileiros formados no país. Desde novembro de 2016, o Ministério da Saúde está abrindo oportunidades para a substituição de médicos da cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Foi feito um levantamento para ver quais cidades atendidas por profissionais cubanos poderiam atrair brasileiros. A expectativa é realizar quatro mil substituições em três anos, tornando a iniciativa mais autossuficiente. Até o momento, mais de 1.000 postos foram substituídos por brasileiros.
Durante o mês de setembro, os novos médicos passaram pelo módulo de acolhimento realizado em Brasília (DF). Os profissionais participaram de oficinas educacionais sobre temas diversos, como legislação referente ao Sistema Único de Saúde (SUS), protocolos clínicos de atendimento do SUS, língua portuguesa e código de ética médica. Por fim, os intercambistas realizaram uma avaliação de conhecimento, necessária para a aprovação do profissional participante.
“A meta do Ministério da Saúde é fazer mais com o mesmo, mas melhor. E o melhor está nas mãos desses novos profissionais para termos melhores indicadores de saúde, diminuirmos a mortalidade materna e infantil, melhor pré-natal e acompanhamento do parto, melhor acompanhamento nas doenças transmissíveis, entre outros indicadores. Assim vamos mostrar que os profissionais estão aptos a fazerem da atenção básica a porta de entrada do SUS e de fazer a atenção básica brasileira ter a resolutividade de até 80% dos problemas”, afirmou o secretário Executivo do Ministério da Saúde, Antônio Nardi.
Marie Bendelac, Margareth Moore e Gilberto Ururahy destacaram como é difícil mudar hábitos de vida
Quando o assunto é conquistar qualidade de vida, além de alcançar realização pessoal e no trabalho, estabelecer metas e promover transformações internas são posturas que estão na ordem do dia – e o apoio profissional para vencer esse desafio é algo que um número cada vez maior de pessoas procura, em todo o mundo. Dentro de empresas e instituições, as lideranças também têm papel fundamental, que é disseminar informação sobre a importância do bem-estar e do equilíbrio, oferecendo aos colaboradores meios para que possam obter atendimento e se desenvolver.
Essa foi a tônica do debate ‘Por que é tão difícil mudar o estilo de vida, e como fazer?’, que ocorreu no Primeiro Fórum de Saúde da ABRH-RJ (Associação Brasileira de Recursos Humanos), neste mês, na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). O encontro reuniu duas especialistas em Coaching de Saúde e Bem-Estar – a norte-americana Margareth Moore, fundadora da Wellcoaches Corporation e professora da Universidade de Harvard (EUA), e a francesa radicada no Brasil Marie Bendelac Ururahy, sócia-diretora e co-fundadora da Be Coaching Brasil.
“Muitas pessoas que não conseguem promover mudanças em suas vidas, em geral, adiam esse passo, dizem que já sabem o que fazer, prometem que o farão, e nada acontece. O que elas precisam entender é que não é necessário andar sozinhas. Há hoje profissionais qualificados para auxiliar nisso, com uso de metodologias reconhecidas ”, disse Marie, durante sua palestra, ao citar o coaching – conhecimento estudando e desenvolvido em grandes instituições acadêmicas do mundo, como a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
O coaching, explicou Marie, não é algo impositivo. O processo permite que as pessoas retomem o autocontrole, ganhem produtividade, saúde e bem-estar. Assim, completou a especialista, tornam-se protagonistas da própria integridade. Para uma plateia de aproximadamente 100 pessoas, Marie chamou a atenção dos líderes, que devem se ater aos exemplos que estão dando. Lideranças saudáveis têm mais sucesso em ter equipes saudáveis. Segundo ela, há estudos apontando que, para cada 1 mil dólares investidos pelas empresas em bem-estar, o retorno é de 4 mil dólares.
“O processo de coaching atua para que as mudanças sejam mais fáceis e rápidas. As transformações estão se acelerando no mundo, e as pessoas precisam se adaptar. Nos EUA, dois-terços das pessoas são obesas, 90% não gostam do seu trabalho e 80% dos adultos não estão prosperando. Temos que transformar nosso pensamento. É onde esse conhecimento é aplicado, ajudando os indivíduos a fazer as pequenas e progressivas mudanças. O coache profissional foca na facilitação, ajuda as pessoas em seu crescimento, faz com que saiam da baixa confiança”, destacou Margaret Moore.
De acordo com a especialista de Harvard, o mundo passa por uma fase de aceleração em que todos precisam aprender a mudar e prosperar ao mesmo tempo. “Isso nos leva à Medicina do estilo de Vida. Outro benefício é equilibrar as emoções, temos isso como um objetivo coletivo”, observou Moore.
O debate foi mediado pelo médico Gilberto Ururahy, diretor-médico da Med-Rio Check-up, que recentemente trouxe ao Brasil outro especialista de Harvard, Edward Philips, para o evento A Medicina Preventiva Aplicada ao Estilo de Vida, na PUC-Rio. Gilberto Ururahy será coordenador de um curso na área de Medicina Preventiva que será oferecido pela universidade a partir de 2018.
No Distrito Federal, 50,4% das pessoas praticam atividade física. É o melhor índice no Brasil
Levantamento inédito feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) revela que apenas três em cada dez brasileiros na idade adulta praticam atividades físicas e esportivas com regularidade. O levantamento mostra ainda que os homens praticam atividade física 28% a mais do que as mulheres e as pessoas com maior renda têm mais acesso à prática esportiva.
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional 2017 – Movimento é Vida: Atividades Físicas e Esportivas para Todas as Pessoas, em 2015, 37,9% dos brasileiros entrevistados disseram praticar esporte. Entre os homens, o índice ficou em 42,7% e entre as mulheres, em 33,4%. O Distrito Federal (50,4%) é a unidade da Federação em que as pessoas mais praticam atividade física, enquanto Alagoas (29,4%) tem o menor percentual.
“Os dados analisados reforçam a compreensão de que realizar atividade física e esportiva não se restringe somente a uma decisão individual, mas é também produto de como a sociedade pauta a vida coletiva. Isso significa que aconselhar os indivíduos a praticar mais exercícios, sem criar oportunidades efetivas para as pessoas se engajarem com as práticas, nem enfrentar os condicionantes sociais que limitam o envolvimento, dificilmente mudará o cenário”, diz o relatório.
O levantamento, que traz dados sobre o perfil da prática esportiva no Brasil, faz recomendações aos governos nas áreas de saúde, educação, esporte e desenvolvimento humano. De acordo com o Pnud, a intenção do estudo é “contribuir para o aumento das práticas esportivas de modo a oportunizar patamares mais elevados de desenvolvimento humano para todas e todos”.
Segundo o estudo, ser homem, jovem, branco, sem deficiência e de alto nível socioeconômico e educativo significa praticar muito mais atividades físicas e esportivas do que o restante da população. Em contrapartida, as mulheres de baixo nível socioeconômico e educativo, as pessoas idosas, as pessoas negras e as pessoas com deficiência são a maioria entre os não praticantes.
Conforme o levantamento, pessoas com rendimento mensal domiciliar per capita de cinco salários mínimos ou mais praticam até 71% a mais do que a média das pessoas adultas no Brasil. Já o grupo de pessoas sem nenhum nível de instrução pratica até 54% a menos que a média das pessoas adultas.
“Esse não é um problema exclusivamente do Brasil, em que as pessoas estão cada vez mais sedentárias”, argumentou o professor de educação física, especializado em treinamento de alto rendimento, Marcio Atalla. Segundo ele, a própria história da humanidade explica um pouco a dificuldade de o ser humano sentir-se motivado a praticar esportes.
“A origem do problema é o ser humano, que é poupador. Se buscarmos a história, o ser humano sempre se movimentou porque o meio ambiente exigia. Até o fim da década de 1980, as pessoas tinham uma quantidade maior de movimento por viver sem celular, computador, com poucas escadas rolantes, muito pouco controle remoto. Com muita tecnologia, as pessoas passam a não se movimentar. No automático, por ser poupador, o ser humano não vai se movimentar. Daí a importância de trabalhos como esse do Pnud, que tentam mapear a situação para encontrar uma solução”, disse Atalla.
Escola
De acordo com o levantamento, somente 0,58% das escolas brasileiras é considerada Escola Ativa (classificação pleno e avançado), enquanto 38,56% estão ainda no patamar insuficiente. Metade das escolas está no nível elementar.
O relatório define Escola Ativa como aquela em que a distribuição do tempo, da arquitetura e do mobiliário dos espaços, das regras de conduta é mais apropriada para o estímulo e a prática das atividades físicas. “A proposição da Escola Ativa, defendida na perspectiva do desenvolvimento humano, trata de fazer da escola um local em que o mover-se seja compreendido como uma capacidade valorosa na vida das pessoas”, afirma o relatório.
Entre as escolas públicas, mostra o estudo, quase metade (46,1%) está no nível elementar, enquanto 42% estão no nível insuficiente. Entre as particulares, 61% estão no nível elementar e 24% no nível insuficiente. No Brasil, 39% das escolas oferecem atividades físicas extracurriculares e 20% abrem nos fins de semana para a prática esportiva.
Conforme o relatório do Pnud, entre os estudantes de 13 a 17 anos, 29,2% fariam atividades físicas e esportivas na maioria dos dias da semana se pudessem e apenas 5,9 não fariam, mesmo que fosse possível.
Como sugestão para melhorar os índices de práticas esportivas no país, o relatório afirma que os governos, o setor privado e as organizações da sociedade civil devem adotar políticas públicas e iniciativas condizentes com a importância das atividades. “As políticas de promoção de atividades físicas e esportivas não podem estar focadas somente na responsabilização individual e na mudança de comportamento. Diversas condições estruturais causam impacto nessa prática. Assim, as políticas devem corrigir desigualdades, bem como pensar em soluções sistêmicas, com ênfase na participação e no controle social”, diz o texto.
Para o Pnud, há uma alta “alta concentração do investimento privado”, feito especialmente pela famílias. Segundo o relatório, em 2013 as famílias investiram R$ 51 bilhões em esporte. No mesmo ano, os clubes investiram R$ 4 bilhões e as empresas investiram R$ 2,13 bilhões. Já o financiamento público ficou em R$ 590 milhões, por parte do governo federal, R$ 2,37 milhões das secretarias estaduais e R$ 1,39 milhões das secretarias municipais.
“A ausência do Estado no fomento ao esporte de participação obriga as pessoas interessadas a recorrer ao mercado e pagar para ter acesso a essas práticas”, diz ainda o estudo.