Surto confirma expansão da febre amarela no país

Aedes aegypti no Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários

Por: Ana Lucia Azevedo, do Globo

No atual surto de febre amarela, especialistas veem sinais de mudança numa velha doença que nunca deixou de trazer desafios. A manifestação da forma silvestre em Minas Gerais confirma a hipótese de que o problema está em expansão. E especialistas propõem que a vacina seja incluída no Programa Nacional de Imunizações, distribuída a todas as crianças. Para pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, há ainda sinais de uma transformação de perfil em curso.

A febre amarela silvestre ataca principalmente macacos do gênero Alouatta, os bugios. Mas há cerca de um ano, o grupo do diretor técnico do Núcleo de Doenças de Transmissão Vetorial do Adolfo Lutz, Renato Pereira de Souza, encontra outras espécies de primatas mortas em surtos que não afetaram humanos. Os mais numerosos macacos-prego (Cebus) e micos do gênero Callithrix, como o mico-estrela, também têm sido mortos por febre amarela. O por quê ninguém sabe.

— Temos um grande problema com a febre amarela. Essas duas espécies de macacos eram resistentes, mas temos encontrado pregos e micos mortos. Não sabemos se o vírus mudou ou se algum tipo de desequilíbrio provocou esses episódios. Não é possível dizer que o perigo aumentou. Mas a incerteza está maior. Por isso, a vigilância de casos em humanos, em primatas silvestres e de infecção de mosquitos é tão fundamental. A febre amarela está associada ao desequilíbrio ambiental, e alguma coisa está acontecendo — destaca Souza.

O grupo dele analisou macacos mortos no estado de São Paulo desde maio de 2016, quando ocorreu também um caso humano letal, no município de São José do Rio Preto.

— De novembro para cá, os surtos em macacos, que chamamos de epizootias, parecem ter se intensificado. Além disso, em dezembro passado, foi registrado um caso de febre amarela silvestre num morador da região de Ribeirão Preto. Achamos que o surto em Minas é parte disso — observa Souza.

A diferença entre a febre amarela urbana e a silvestre é o mosquito transmissor. O vírus é o mesmo. Assim como a manifestação da doença. A forma silvestre é transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes e tem como hospedeiros os macacos. Já a forma urbana ocorre quando uma pessoa doente é picada pelo Aedes aegypti, que infecta depois outras pessoas e dá início a um ciclo de transmissão. A febre amarela é menos comum do que a dengue, mas tem a maior taxa de letalidade entre as arboviroses. Em uma semana, pode matar entre 15% e 45% das vítimas. A dengue mata 1%. E a zika e a chicungunha, menos que isso.

O virologista Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, um dos maiores especialistas em febre amarela do mundo, com mais de 50 artigos e capítulos e livro publicados, não vê perigo agora de uma epidemia da forma urbana. Mas afirma que o caso de Minas mostra estar na hora de incorporar a vacina contra a febre amarela ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).

— Um estudo do meu próprio grupo mostrou há muito tempo que a vacina pode em alguns casos causar efeitos indesejáveis. Mas hoje os benefícios da vacina superam os riscos, e ela deveria ser oferecida a crianças em todo o Brasil. Aí teríamos uma proteção muito maior da população — afirma Vasconcelos, especialista em arboviroses (transmitidas por artrópodes, como os mosquitos) e diretor do Instituto Evandro Chagas, um dos centros nacionais de referência de pesquisa de vírus, em Ananindeua, no Pará.

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Em ‘Corujão’ próprio, paciente dribla SUS em clínica particular mais barata

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Por: Angela Pinho, da Folha de S. Paulo

Para driblar as filas para exames e consultas médicas, pacientes do SUS têm promovido um “Corujão da Saúde” por conta própria em clínicas particulares de São Paulo.

Iniciado na semana passada, o programa do prefeito João Doria (PSDB) promove parcerias com hospitais privados para o atendimento de pessoas que esperam por exames na rede municipal.

Alheios à iniciativa, pacientes adotam cada vez mais a medida com recursos próprios, em clínicas privadas voltadas ao público de baixa renda, tanto para diagnósticos como para consultas.

Sem plano de saúde, o estudante Wesley Mantovani, 21, conta que decidiu pagar do seu bolso um exame na retina após levar mais de três meses para descobrir seu grau de miopia na rede pública.

Ao seu lado na sala de uma unidade da rede Dr. Consulta, e também sem plano, o funcionário público Tiago Araújo, 34, nem tentou marcar o exame pelo SUS. “Meu pai está esperando há cinco anos por uma horário com o pneumologista, achamos melhor não arriscar”, disse sua mulher, Mônica.

A rede procurada por eles é apenas uma das que cresceu durante a crise econômica. Nos últimos dois anos, 2 milhões de brasileiros perderam o plano de saúde.

Sem dinheiro, Estados e municípios não se prepararam para absorver a nova demanda, e parte desse novo público do SUS passou a buscar os chamados consultórios populares.

Criada em 1988, a Clínica Fares tinha duas unidades até 2014. Atualmente tem três e, até o final deste ano, deve chegar a seis. No total, cerca de 40% da clientela é do SUS, de acordo com o presidente Adiel Fares.

Já na Dr. Consulta, essa proporção é de 20%. Inaugurada em 2011, a rede abriu duas novas unidades por mês no ano passado, chegando a 27, e pretende seguir o ritmo neste ano, segundo Marcos Fumio, vice-presidente médico da rede.

Com uma clínica aberta no ano passado, a Meu Doutor afirma que chegará a cinco até dezembro.

A Dr. Agora, de consulta sem agendamento, tem planos ainda mais ambiciosos. Pretende pular de quatro para ao menos 15 filiais até o fim deste ano. “Na nossa concepção original, esperávamos atender principalmente as classes C e D, mas passamos a receber muito da B que perdeu o plano de saúde”, afirma o diretor-executivo da Dr. Agora Guilherme Berardo.

SOLUÇÃO TEMPORÁRIA

Mas, ainda que consigam obter atendimento mais ágil nas clínicas desse segmento, é ao SUS que os pacientes delas têm que recorrer quando necessitam de procedimentos mais complexos.

A aposentada Apolonia Neves, 65, é um exemplo. Usa as duas redes. Fez cirurgia na coluna pelo sistema público, mas paga exames e consultas à parte. Neste mês, gastou R$ 600 com mamografia, ultrassom, cardiologista, gastro e outros.

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Senado norte-americano aprova primeiro passo para revogação do ‘Obamacare’

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Programa idealizado pela governo Obama está em vigor desde 2010

Por: Uol

O Senado norte-americano aprovou no início desta quinta-feira (12), após debate de sete horas, projeto de orçamento apelidado de “resolução de revogação”, considerado o primeiro passo rumo à revogação do programa de saúde conhecido como ‘Obamacare’ – um dos principais objetivos dos republicanos do Congresso e do presidente eleito Donald Trump.

Foram 51 votos (contra 48) a favor da proposta, que os líderes da Câmara planejam levar para apreciação da Casa já nesta sexta-feira (13).

“Esta resolução preparará o terreno para o verdadeiro alívio legislativo do ‘Obamacare’ que os americanos têm exigido há muito tempo, garantindo uma transição estável”, afirmou Mike Enzi, senador do Partido Republicado pelo Estado de Wyoming, à CNN.

Segundo os republicanos, a lei de saúde de 2010 está quebrada e deve ser revogada e substituída.

Republicanos disseram que o processo de derrubar o Obamacare pode levar meses, e o desenvolvimento de um plano substituto pode levar mais tempo. Mas eles estão sob pressão de Trump para agir rapidamente.

Na quarta-feira (11), o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou em entrevista coletiva sua intenção de derrubar o programa de Obama e anunciou que o substituirá “quase simultaneamente” por um novo plano.

“‘O ‘Obamacare’ é um completo desastre”, disse Trump em Nova York. “Vamos ter um sistema de saúde que é muito menos caro e muito melhor.” Ele não deu detalhes, porém, de como a iniciativa funcionará.
criada pelo governo Obama. A cobertura foi estendida com a expansão de um outro programa, chamado Medicaid, e através de consultas online onde consumidores podem receber subsídios baseados em sua renda.

No passado, republicanos lançaram sucessivos esforços legais e legislativos para derrubar a lei, criticando-a como um excesso do governo. Eles dizem que querem substituí-la ao dar aos Estados, e não ao governo federal, mais controle.

Mas, recentemente, alguns republicanos expressaram preocupações sobre a atual estratégia do partido de votar por uma revogação sem ter um plano substituto pronto.

O presidente da Casa, Paul Ryan, disse nesta semana querer colocar o máximo de provisões possíveis de substituição na legislação de revogação do Obamacare. Mas o presidente do Comitê de Finanças do Senado, Orrin Hatch, um republicano, disse que isso pode ser difícil sob as regras do Senado.

A resolução aprovada nesta quinta-feira instrui comitês da Câmara e do Senado a traçarem uma legislação de revogação, com prazo estimado de 27 de janeiro. Ambas as Casas precisão, então, aprovar a legislação resultante antes de qualquer revogação entrar em efeito.

Sobe para 48 número de casos suspeitos de febre amarela em Minas Gerais em 2017

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Por Agência Brasil

Subiu de 23 para 48 o número de pessoas com suspeita de febre amarela em Minas Gerais nos primeiros dias de 2017. Do total de registros, 16 são casos prováveis da doença, cujos pacientes apresentaram quadro clínico suspeito e o resultado de um primeiro exame deu positivo para o vírus. O boletim foi divulgado nesta quarta (11) pela Secretaria de Saúde do estado.

Entre os caso suspeitos de febre amarela, foram notificados 14 óbitos suspeitos, sendo que oito também tiveram um primeiro exame positivo para o vírus.

O governo mineiro, em parcerIa com o Ministério da Saúde, anunciou medidas adotadas em surtos da doença, como vacinação domiciliar e e mudança da idade mínima para a imunização de nove meses de idade para seis. A orientação é que todos que moram no estado se imunizem contra a doença.

No Brasil, o vírus da febre amarela é transmitido por mosquitos silvestres. Os sintomas iniciais da doença são calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. O índice de mortalidade, em estágio grave, alcança de 20% a 50% dos doentes.